escola de sargentos

Hoje é dia decisivo para cravar a bandeira da ESA em Santa Maria

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Anselmo Cunha, Diário
Em dois pontos da cidade, foram colocados outdoors em apoio à vinda da ESA para Santa Maria

Poucas vezes, um município é elevado à condição de representante de todo um Estado. E Santa Maria está nessa posição - de vanguarda e, igualmente, de muita responsabilidade -, uma vez que a maior cidade da Região Central é o Rio Grande do Sul entre os 497 municípios gaúchos. Isso porque Santa Maria está no páreo pela Escola de Sargentos das Armas, que está de saída de Três Corações após mais de 70 anos sediada no interior mineiro. Hoje, a comitiva técnica de militares estará em Santa Maria.

Confira uma retrospectiva com as reportagens produzidas pelo jornal e que apoiam a vinda da ESA para o município

Após uma disputa iniciada, ainda no ano passado, a cidade gaúcha foi deixando para trás um a um os quase 20 municípios de norte a sul do país nesta "peleia". Além de Santa Maria, restaram também Ponta Grossa (PR) e Recife (PE), que receberão a visita técnica do Exército no próximo mês.

Quando estiver encerrada a análise das três finalistas, é aguardado para maio o anúncio da escolhida. Porém, dada a complexidade, esse prazo pode ser estendido até o fim do primeiro semestre. Ainda que a análise seja, para além de criteriosa, técnica, a mobilização política faz parte de um outro front onde também é importante mostrar as armas: o político. E isso é o que foi feito, ontem, na capital gaúcha, bem como será novamente colocado em prática hoje, aqui, em Santa Maria.

As forças políticas e da sociedade civil organizada estão entrincheiradas para ganhar essa batalha, que é travada dentro de gabinetes e em meio a visitas técnicas. No Piratini, o governador Eduardo Leite (PSDB) esteve reunido com a cúpula da política gaúcha.

Marcelo Martins: seja bem-vinda a Santa Maria, Escola de Sargento das Armas

Além do prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), os deputados Beto Fantinel (MDB), Giuseppe Riesgo (Novo), Tenente Coronel Zucco (PSL), Valdeci Oliveira (PT, por videochamada) acompanharam a vinda do general de Divisão do Exército, Joarez Alves Pereira Júnior, que é o coordenador executivo do projeto da "nova ESA", e também do comandante da 3ª Divisão do Exército (3ª DE), general Hertz Pires do Nascimento, e, ainda, o general gaúcho Valério Stumpf Trindade, chefe do Comando Militar do Sul (CMS).

O Comando Militar do Sul, que abrange os Exércitos dos três Estados da região sul do país, é comandado por Stumpf, que é natural de São Gabriel. Aqui, no Rio Grande do Sul, esteve à frente da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Santiago. Também foi o "número 1" do 3º Regimento de Cavalaria de Guardas, em Porto Alegre, e da 3ª Região Militar (Porto Alegre), além de ter sido comandante adjunto no Comando Militar do Sul.

RELATOS
Com gaúchos em postos-chave do Exército e em posição privilegiada, na capital federal, onde os militares foram alçados ao protagonismo com cargos dentro da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Santa Maria entrou no núcleo-base das Forças Armadas.Mesmo que avessos a qualquer lobby, militares falam em voz corrente de que a cidade gaúcha é disparada a melhor escolha.

Mesmo com diversas idas de políticos a Brasília, a maioria delas do prefeito Pozzobom, prevalece o entendimento de que há uma conjugação de fatores que leva ao nome do município que se fez histórica, cultural e socialmente pela presença da defesa.  

A mobilização de toda uma cidade
Ainda que o contexto pandêmico tenha imprimido uma nova relação nas relações pessoais e profissionais, Santa Maria soube, desde o primeiro momento, manter-se mobilizada e vigilante para que a pauta ESA não passasse incólume às pretensões do Executivo municipal de dar uma guinada na economia local frente à perda de receita causada pela Covid-19. Desta forma, com a articulação capitaneada pelo prefeito Pozzobom, outros setores foram se somando à iniciativa que tem o apoio de todos os setores produtivos de Santa Maria. A partir das reuniões, no sétimo andar do centro administrativo da prefeitura, o movimento foi ganhando capilaridade e avançando para que outros se somassem à empreitada. Foi assim que, por exemplo, duas instituições representativas foram, com Pozzobom, até a capital federal para um encontro com representantes do Exército e também com o próprio vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB).

A escolha de Santa Maria foi uma só: trilhar um caminho próprio dispondo de todas as armas (políticas e da sociedade) que estejam à disposição. A exemplo do que se chama no Exército de uma manobra de flanco, a cidade gaúcha tem, desde as primeiras disputas (fase a fase), "contornado" os flancos (lados) dos adversários para que possa avançar em direção à conquista da ESA.

O que dizem as lideranças envolvidas na busca pela ESA

- Essa é uma bandeira que não é só de Santa Maria, é de toda a região. É claro que queremos que a nossa cidade seja a escolhida e, ao observar tudo que o município apresenta dentro dos critérios técnicos pedidos pelo Exército, Santa Maria está na frente - avaliou o presidente da Cacism, Luiz Fernando Pacheco, quando esteve em Brasília ao lado do prefeito.

Setor que deve ser diretamente impactado, o da construção civil, que é considerada a maior indústria da cidade, também acompanha de perto as tratativas para que Santa Maria seja a escolhida. O presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), Samir Samara, também, à época, quando esteve em Brasília, comentou que o sindicato estará dando todo apoio para dar agilidade às demandas da ESA.

- Tudo que estiver ao nosso alcance, será feito. O sindicato está engajado. Estamos prontos para receber a Escola de Sargentos - pontua Samara.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Ariéli Ziegler, Prefeitura Municipal de Santa Maria
Comitiva do Exército esteve ontem em Porto Alegre reunida com o autoridades políticas

Prefeitura aposta em incentivos ao Exército
Na tentativa de fechar o cerco ao Exército, para que Santa Maria seja escolhida, a prefeitura aposta em dois projetos - um de lei (PL) e, outro, complementar (PLC) - para convencer que a instituição escolha o município para receber a nova ESA. No fim da semana passada, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) entregou as duas matérias à presidência do Legislativo. Os dois projetos tramitam em caráter emergencial na Casa. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações tomadas pela administração municipal para que as Forças Armadas optem por Santa Maria.

O primeiro projeto diz respeito à intenção de isentar o Exército de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) para a construção civil do complexo, que deve ter mais de 40 prédios. A isenção teria prazo de até seis anos, uma vez que a obra está projetada para ser concluída em até cinco anos. A renúncia fiscal, defendida pela prefeitura no PL, observa um ganho a maior prazo: a instalação da ESA no município, que deve render, apenas no período das obras, um investimento de R$ 1,2 bilhão.

- O investimento no município pode significar em torno de R$ 1,2 bilhão na construção do complexo, sem contar com a possibilidade de consumo representada por 6 mil pessoas que gravitariam em torno da unidade - justifica o chefe do Executivo.

Além do incremento financeiro bilionário, a prefeitura trabalha com uma outra cifra: a de R$ 250 milhões anuais com a folha de pagamento dos mais de 2 mil alunos.

VILA MILITAR
A outra prioridade posta pela prefeitura, por meio de projeto, é em relação à implantação da Vila Militar, lar do novo efetivo do Exército, no caso de a cidade vencer a disputa. O terreno, no Bairro Caturrita, já é área pertencente ao Exército, onde hoje funciona o Círculo Militar, e tem, aproximadamente, 40,35 hectares. Porém, para a demanda que o Exército busca, o Plano Diretor do município não contempla o que a instituição busca. Para a construção da vila, que abrigará sargentos e oficiais, a prefeitura aposta na criação de um plano setorial para o conjunto residencial.

Ainda que não esteja definido, o número de prédios, as torres residenciais devem ser de até 8 pavimentos (com 22 metros de altura). Atualmente, a Lei de Uso e Ocupação do Solo tem um teto de limite: construção de até cinco pavimentos (com até 14m).

Vizinha Itaara doará área para campo de instrução
Prefeito em primeiro mandato, mas com relações nos mais variados segmentos da sociedade gaúcha, Silvio Weber (PSB), que se elegeu para o Executivo municipal de Itaara, mostra-se um entusiasta da vinda da ESA para Santa Maria.

O político, que trocou a batina pelo terno, tem dito que o município vizinho fará todo o necessário para ajudar Santa Maria. Desta forma, Silvio Weber falou da intenção da prefeitura em viabilizar a doação de uma área para que seja utilizado como campo de instrução para os militares. A área seria maior, inclusive, do que a do campo de Instrução de Santa Maria (Cism), na Avenida do Exército, Bairro Boi Morto.

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Recentemente, Weber e o vice-prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo (PSL), e estiveram reunidos para tratar de possibilidades de medidas que efetivem a vinda da nova ESA para o Rio Grande do Sul.

- Entendemos que essa é uma pauta que extrapola Santa Maria. Por ser o maior município do centro do Estado, temos de estar na torcida e fazendo todo o necessário para que a cidade seja a escolhida pelo Exército. Acreditamos que, se a ESA vier para Santa Maria, há toda uma cadeia produtiva que irá ser criada e tantas outras que serão alimentadas pelo Exército - pontuou Weber.

ROBUSTEZ DE PROJETOS
Veja, abaixo, as principais iniciativas do poder público (prefeitura de Santa Maria e governo do Estado):

  • Governo do Estado sinaliza com apoio, e liberação de recursos (se for necessário), para obras de infraestrutura bem como incentivos para receber a Nova Escola de Sargentos
  • Poder público garante que já há projeto, por parte da Corsan, que assegure ampliação das redes de água e esgoto
  • Da mesma forma, o Executivo municipal diz já ter a garantia da RGE quanto à ampliação da capacidade elétrica com as novas demandas (tanto da escola quanto da nova vila militar)
  • Conclusão da perimetral Dom Ivo Lorscheiter, que deve dar um ganho na mobilidade urbana em direção à nova ESA, que será erguida no Bairro Boi Morto
  • A prefeitura recuperou mais de R$ 30 milhões, do PAC, para a conclusão da obra de três trechos que, juntos, somam 3,5 km
  • Também há garantia de construção de uma nova ponte de acesso ao Colégio Militar
  • Para dar maior mobilidade, também está no plano da prefeitura um projeto de ligação da Rua Irmã Dulce com a Avenida do Exército (Bairro Boi Morto). A ideia é que a obra seja uma ligação entre os bairros Renascença e Patronato e dê maior vazão no trânsito naquela região
  • Projeto de ampliação do Aeroporto Municipal de Santa Maria. Processo licitatório para isso deve ser aberto até o final de abril, o que deve prever linha entre Santa Maria e São Paulo
  • Projetos (de Lei e Complementar), ambos de autoria da prefeitura, a isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS) e, ainda, alteração do Plano Diretor para a construção de uma nova Vila Militar
  • Desta forma, no primeiro, a meta é que a construção dos mais de 40 prédios da nova ESA tenham custo menor (em comparação com Ponta Grossa e Recife)
  • Já o outro projeto visa modificar a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Santa Maria para permitir que, em um terreno no Bairro Caturrita, sejam construídas torres residenciais de até oito pavimentos, onde seria instalada uma nova Vila Militar
  • Há, ainda, a intenção da prefeitura de Itaara em viabilizar um novo campo de instrução no município vizinho

Expectativa para a vinda de militares hoje

Para hoje, haverá a última rodada de encontros técnicos e da visita do Exército em Santa Maria. A mesma delegação de oficiais graduados, que esteve ontem na capital gaúcha, percorrerá as áreas já previamente definidas pelos militares. Esse é considerado o último lobby em que Jorge Pozzobom e o empresariado local, que está engajado na vinda da "nova ESA" poderá tentar pontuar com o alto comando do Exército Brasileiro.

Equipe da ESA estará em Santa Maria na quarta-feira

Com toda uma rede de prestação de serviços e de comércio prontas - nos mais variados setores (imobiliário, automobilístico, comércio, rede hoteleira e gastronômica, entre outros) -, é que Santa Maria quer mostrar, de forma cabal, assertiva e certeira, que o município está cacifado para receber o mega investimento bilionário, a ser executado com recurso da União. Até o possível anúncio, previsto para maio (mês do aniversário de Santa Maria), o prefeito Pozzobom destaca que quer ficar "com o dever cumprido de ter feito e tentado tudo que era possível para garantir a Escola de Sargentos das Armas":

- Foi, até aqui, uma construção e movimentos que mostram que, de forma técnica, Santa Maria é disparado a melhor opção.

*Colaborou Gabriele Bordin

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