fundo de previdência

Aposentados dos Correios protestam contra prejuízos em Santa Maria

Eduardo Tesch


Foto: Rosane da Silva (Divulgação)
Cerca de 50 aposentados participaram do protesto na sede dos Correios em Santa Maria

Cerca de 50 funcionários aposentados dos Correios realizaram, na tarde de hoje, um protesto em frente à sede da empresa em Santa Maria, na Rua Venâncio Aires, no Centro. A manifestação fez parte de uma mobilização nacional dos contribuintes do Postalis - modelo de previdência privada dos funcionários dos Correios. A categoria protesta contra recentes prejuízos, orçados em R$ 6 bilhões, que o plano acumulou ao longo dos últimos anos. Com isso, aposentados e funcionários na ativa pagam uma contribuição extra para cobrir o rombo nas contas.

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Para o presidente do núcleo estadual da Associação dos Profissionais dos Correios, Edson Tocchetto, os contribuintes não podem pagar os prejuízos causados por supostos desvios de recurso.

- É um absurdo que o funcionário na ativa e o aposentado paguem por isso. Para se ter uma ideia, o aposentado paga 26% do que recebe com o Postalis só para cobrir essa dívida. Ou seja, passamos a vida inteira pagando, somos roubados, e ainda temos que arcar com os prejuízos - reclama.

Presente no protesto realizado em Santa Maria, a diretora de eventos do interior dos Correios, Rosane da Silva, também se queixa da situação.

- Não podemos arcar com isso de forma alguma. Fomos roubados, tem várias investigações que apontam isso - afirma.

O Postalis foi criado em 1981, como um fundo de previdência complementar. Todos os funcionários que entram na empresa são obrigados a participar do fundo e a contribuir com uma porcentagem mensal, que varia de acordo com o salário e cargo de cada colaborador. Com isso, o Postalis é hoje o maior fundo de pensão do Brasil, com mais de 410 mil beneficiários.

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Para um maior rendimento aos seus colaboradores, o Postalis, desde a sua criação, opera com diversas formas de rendimento - como ações na bolsa de valores, participações preferenciais em empresas, investimentos de renda fixa, entre outros. Todas essas aplicações são gerenciadas pelo banco norte-americano, quem tem uma filial no Brasil, BNY Mellon.

INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL
Como um fundo de previdência privado, o Postalis, como qualquer outro, pode acumular dívidas em virtude da má administração dos investimentos e aplicações feitas pelo operador do fundo. Porém, segundo investigações da Polícia Federal, o prejuízo acumulado no Postalis não é oriundo de uma gerência ineficente, mas, sim, de desvio de dinheiro. O caso veio à tona em 2014, quando o Postalis foi alvo de uma fraude de R$ 250 milhões relacionada à compra de títulos de dívidas da Argentina e Venezuela. O caso inclusive virou CPI no Congresso e levou a uma condenação de mais de R$ 110 milhões da Comissão de Valores Mobiliários - que regula o mercado de ações - contra o ex-gestor do Postalis.

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Em junho de 2017, o então presidente do Fundo, André Motta, foi acusado em uma delação premiada de um ex-executivo da Andrade Gutierrez de ter recebido propina. Com isso, Motta acabou renunciando à presidência do Postalis. Em meio a instabilidade, em outubro do ano passado, o fundo sofreu uma intervenção da Superintendência Nacional da Previdência Complementar. O órgão afastou a diretoria por supostos descumprimentos de normas de contabilização em aplicações de recurso e administra o Postalis desde então.

COMO FUNCIONAM AS CONTRIBUIÇÕES
Desde 2015, para cobrir o rombo do fundo, funcionários aposentados e da ativa pagam uma taxa extra, além da contribuição obrigatória para o Postalis.

  •  Aposentados contribuem com 26% sobre o que recebem mensalmente do Postalis
  •  Funcionários da ativa contribuem com 17% sobre o que irão receber mensalmente do Postalis

O POSTALIS

  • Foi criado em 1981 para ser um plano de previdência complementar
  • Depois de aposentado, o funcionário dos Correios passa a receber a aposentadoria do INSS, mais o valor do Postalis
  • Desde 2014, o fundo é alvo de investigações da Polícia Federal.  
  • Com um prejuízo orçado em R$ 6 bilhões, aposentados e funcionários da ativa são obrigados a pagar uma contribuição extra para cobrir o rombo

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