De olho nas eleições de 2024

Após ficar oito anos inelegível, Farret afirma: "Vou participar das eleições municipais"

Após ficar oito anos inelegível, Farret afirma:

Foto: Luis Gustavo Santos

Com uma vasta carreira na Medicina e na política santa-mariense, José Farret ficou inelegível por oito anos, consequência de uma condenação pela Justiça Federal relacionada à profissão dele, como médico, envolvendo a família de um paciente com Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Além da inegebilidade, pagou multa de R$8.800 e prestou serviço comunitário por um ano no Lar Vila Itagiba.

Na manhã desta quinta (11), Farret esteve presente nos estúdios da Rádio CDN 93,5FM e falou no programa F5, apresentado por Jaqueline Silveira e Mauricio Araújo. Bem à vontade para responder às perguntas, ele falou sobre o período que ficou inelegível, analisou o cenário político da cidade e, claro, respondeu se vai concorrer às eleições municipais de 2024. Confira agora como foi a entrevista:


Diário: Como foi esse tempo afastado da política? Mesmo afastado, o senhor não deixou de visitar eleitores, apoiou candidatos..

Farret: Isso aí. Assistia tudo, lia tudo…recortava o que tinha que recortar. E vi todas as mudanças acontecerem. Hoje estou aí, graças a Deus, e quero dizer que nunca me aposentei da política, é bom citar. Alguns ouvintes me perguntam se já estou aposentado, deve ser sobre o salário (risos). Mas sou aposentado como professor do curso de Medicina da UFSM, médico do Ministério da Saúde, ambos por concurso público. Como médico particular, sigo atendendo, mas ganho uma mixaria. Deputado Federal e Senador só ganha quem era constituinte em 88, mas eu não era; entrei como Deputado Estadual em 1998 a 2002 e depois em 2002 a 2006. E também não sou emérito. Enquanto Deus me der força e saúde, estou aí para servir a minha cidade.


Diário: Durante esse período, o senhor não deixou de receber políticos e visitar apoiadores... é isso?

Farret: Sim, inclusive visito meus eleitores, porque eles efetivamente tem acompanhado a minha vida politica. Eles comentam sobre o assunto quando encontram comigo. Eu sempre ouço, sei onde eles moram, conheço a família..porque a minha função é essa.


Diário: O senhor falou que não se aposentou da política. Quando fala que não se aposentou, nos últimos oito anos, o senhor atuou apoiando… mas a expectativa para agora? Como está essa situação?

Farret: De fato, apoiei nas últimas eleições, o candidato Valdeci, o candidato Pimenta, acompanhei na presidência, o presidente Lula e eu quero dizer o seguinte: votei por convicção. O Valdeci, por exemplo, pelo o que ele fez por Santa Maria, pois ele fez bastante, porque ele está sempre cuidando dos problemas daqui e da região. Tem um currículo enorme; a mesma coisa vale para o candidato Pimenta. Isso me lembra o tempo do Marquezan, que fez bastante. O resultado está aí: a Travessia Urbana.  Pimenta foi presença marcante, como o Valdeci. Por tudo isso, com 81 anos de idade, sei efetivamente o que as pessoas fazem e deverão fazer. Hoje, se vocês me perguntarem "qual o seu futuro político?" eu sempre digo o seguinte: o passado é sacrificado, pois já foi feito; o presente significa a realidade do que está sendo feito e o futuro significa promessa. O que pode ser mudado? A realidade a nível de futuro. Ainda tenho até março do ano que vem para decidir qual partido eu vou. Não posso pensar em ideologias, pois tem mais de 30 partidos nesse país, mas não tem 30 ideologias; são fusões momentâneas que existem, visando oportunidades. Tem que olhar para aqueles que apresentam um plano de bem estar, de melhor qualidade vida para a população, do município, do estado ou da nação. Esse é o meu ponto de vista.


Diário: Sobre ideologia, o senhor foi criticado por um segmento, especialmente da direita, quando apareceu em fotos com Valdeci e Pimenta com o questionamento “o Farret sempre foi ligado ao campo ideológico da direta e aí dá uma guinada e vai para a esquerda”. O que o senhor  tem a dizer sobre isso?

Farret: Com toda a sinceridade, esta história de direita e esquerda para mim não existe. Para mim existe o político que coloca o interesse da comunidade na frente do pessoal. Eu já vi tantos colegas meus, quando estudaram Medicina, que eram esquerda; depois que passaram a ser médicos, em alguns municípios, passaram a ser prefeitos inclusive de ultra-direita. Então como dizia o finado Brizola, “são as conveniências”. Eu nunca usei a conveniência e digo que 90% dos pacientes ou amigos que votaram em mim, nunca me perguntaram em qual partido eu estava. Hoje em dia está cada vez mais difícil. Existe uma discrepância e uma mágoa da população sobre a nossa classe política; porque tu vê a desigualdade que existe, começando pelos salários, e atingem a população. Do jeito que existe, quando não há um parâmetro para salários a nível de funcionários ou de entidades. Sabe quando eu vou acreditar que vai diminuir as desigualdades nesse país? No ano de 8.300. Quando você vê que é difícil cavar de onde vai sair os R$ 20 a mais para um salário mínimo, que alegam que não tem no orçamento, outras categorias tem no mesmo dia de onde tirar. Por ideologia, eu não me arrependo em quem votei. Muitos dos que me criticaram, são os mesmos que hoje batem na porta dos que se dizem “de esquerda” pedindo um favor, essa é a realidade.


Diário: O senhor recebe muitos políticos dentro da sua casa, seja da esquerda, direita, centro…

Farret: Recebo mesmo, por cortesia, por reconhecimento, de amizades. Eu recebo efetivamente visitas e fico feliz de poder alguma coisa responder, ensinar aquilo que eles me pedem. Posso dizer que na politica eu tenho adversários, mas nunca inimigos. Quando eu era vereador, e olha que fui vereador quando não ganhava salário, e também quando fui vice-prefeito do Drº Pfeiffer. Na época de vereador, um ano antes de me formar em medicina, veio o AI 5, que cassou cinco colegas meus na Câmara, éramos 14; quando ela ainda funcionava na Rua do Acampamento. Fiz amizades com todos, mesmo depois de cassados, essa amizade persistiu; alguns foram até meus padrinhos de casamento. Então eu mantive a ética. Eu sempre digo: cada um pode discordar de alguém, mas deve respeitar a ideia dos outros. A ideia mais certa e a verdade mais certa é Deus que nos prova. Fora disso, somos mortais e podemos errar.


Diário: Vamos falar mais da política local. Quais e quantos partidos já convidaram para o senhor se filiar?

Farret: Alguns tem me pedido. Quando me falam, eu digo: deixa eu pensar um pouquinho… eles falam "podemos lhe visitar posteriormente?", eu digo "pode!". Já tive mais de três ou quatro. Por questões de ética, é o que eu posso dizer. 


Diário: Esquerda, direita, centro?

Farret: Eu diria que não são muito esquerda, nem muito direita. É como já disse: tem político que usa o partido de esquerda, mas não são e posteriormente, mudam de posição. Como um treinador pode dizer: “vamos tocar, como tu pode jogar em três posições, tu pode jogar em uma dessas”. 


Diário: Três posições. Lembrando que nas próximas eleições, teremos candidato a prefeito, vice e vereador. São os três cargos que estarão em disputa em 2024. Então o senhor confirma que quatro partidos já teriam feito o convite para o senhor?

Farret: Isso.


Diário: O senhor falou que só pretende decidir no ano que vem? Até março, pois até seis meses tem que estar filiado…

Farret: Até o fim do ano eu devo decidir.


Diário: O senhor às vezes tem sido visto com o Marcelo Bisogno, presidente municipal do PDT, mas as especulações são em cima de Valdeci Oliveira. O senhor esteve em um almoço, na casa do Valdeci. Inclusive a família estava junto…

Farret: O professor Roberto, que foi sub-prefeito de Arroio do Só, trabalhava na UFSM, me convidou por amizade e fomos. Conheço ele há muito tempo. Estive lá. Valdeci também estava, pois eles são aliados políticos. E vou lhe dizer, não tocamos em política nenhuma aquele dia. Até porque o deputado Valdeci tem mantido uma ética pois ele ainda não decidiu o seu futuro, se concorre ou não concorre…


Diário: Ele não tem dito, mas o PT já decidiu.

Farret: Mas é que às vezes o povo decide antes.


Diário: Mas é o partido que decidiu: ele é o candidato.

Farret: Ele tem todo o direito de pensar ou de dizer, falar ou não falar…


Diário: Mas isso é comum dos políticos né? Dizer que não vou, não sei.. mas na hora vai.

Farret: É que a pessoa fala que é candidato, vão querer caçar (risos). 


Diário: O senhor admite a possibilidade de futuramente poder ser vice de Valdeci?

Farret: Vamos ver o que meus amigos, que votaram em mim por tanto tempo, acham disso.


Diário: Mas essa possibilidade existe?

Farret: Não posso dizer sim ou não. Porque senão vou ser reduzido a isso. Então não vou falar nada agora. Primeiro tenho que ouvir, e estou ouvindo, com toda a sinceridade. E quero chegar no momento certo para dizer “eu concorro”.


Diário: Então o senhor vai concorrer a algum cargo em 2024?

Farret: Serei candidato a alguma coisa em 2024. Isso eu afirmo. Pela maneira como o povo tem me pedido para concorrer, eu vou.


Diário: O senhor ainda é muito procurado pois possui um capital eleitoral muito forte ainda. O senhor, durante esses anos, continuou cuidando do seu capital, mantendo contato com os eleitores. É natural que hoje esteja mais próximo de Valdeci Oliveira, mas outros já lhe procuraram também.

Farret: Claro! E fico feliz. Porque quando eu vou, o povo me diz “na sua gestão, foi feito isso e aquilo no meu bairro” eu fico contente porque eu sei porque essa memória se mantém viva. Em qualquer bairro, vila, distrito, ou centro da cidade. Então acredito que alguma coisa deve ter sido feita nas minhas gestões, o que não foi feito também. Se Jesus Cristo fosse prefeito ele não poderia fazer tudo em uma gestão.


Diário: A política vem mudando, inclusive com mais encargos para os prefeitos, até decisões de âmbito federal, dão uma autonomia para os prefeitos decidirem.

Farret: Vem o bônus que é a decisão, mas o ônus é a falta de verba. Que não vem.


Diário: O senhor fala que tem escutado muita gente, conversado com muita gente... quem são essas pessoas? É a população? Amigos ou demais pessoas?

Farret: É a população, mas não só isso. São grupos que sempre me apoiaram, me orientaram e me ensinaram. Amigos são aqueles que estão aqui nas horas bons e ruins, não só nas boas. Não são grandes grupos, são pequenos, mas que eu tenho que ouvir.


Diário: Para complementar, sobre a participação nas eleições do próximo ano, o senhor tem um legado positivo e bem conhecido em Santa Maria. Por que assumir mais um desafio?

Farret: Porque eu gosto, acredito que tenho alguma coisa a servir para minha cidade. Ainda questionam: será que com 81 anos ainda é capaz de contribuir? Enquanto Deus me der saúde e força, ainda tenho condições de fazer alguma coisa. Lembrando que não faço nada sozinho, tenho funcionários...sempre valorizei meus funcionários. 


Diário: O senhor tinha uma relação muito boa com César Schirmer, de quem o senhor foi vice e depois o senhor assumiu a prefeitura quando ele assumiu a Secretaria Estadual de Segurança. O senhor mantém contato com ele?

Farret: No sábado, ele esteve na missa do meu finado irmão, na Paróquia do Pão dos Pobres. Seguidamente ele me liga e a gente conversa. Mas nessa situação em específico, não era o momento. 


Diário: O senhor se unir a Valdeci Oliveira seria uma guinada também. Para quem foi vice de César Schirmer e hoje ele está mais alinhado à direita dentro do MDB.

Farret: O Schirmer foi um ótimo Secretário de Segurança e está sendo um excelente Secretário de Planejamento em Porto Alegre.  Estou ciente que se eu for candidato a algo de esquerda em Santa Maria, dificilmente o partido dele vai abrir um voto. Olhando para o cenário daqui, vejo que o candidato do PMDB deve ser o Beto Fantinel, por exemplo, assim como o Rodrigo Décimo, vice do Pozzobom. São pessoas que estão trabalhado há um tempo aqui em Santa Maria.


Diário: O senhor já está fazendo essa análise do cenário político. Tem acompanhado isso de perto?

Farret: Sim, acredito que possam mudar de posição, mas são candidatos. 


Diário: O cenário começa a se desenhar, especialmente depois da decisão que Santa Maria não pega 2º turno. Então acredito que os maiores partidos vão lançar candidatos...

Farret: O 2º turno é isso mesmo. Não é para somar ou dividir, é para ver qual partido terá um número de cargos e por aí vai.. e isso muda a fisionomia.


Diário: O senhor decidiu no segundo turno de 2020, apoiar o atual prefeito, Pozzobom. Ficou alguma mágoa com os Progressistas?

Farret: Não. Meu problema não é com os Progressistas de Santa Maria. Os Progressistas daqui sempre me acompanharam e me apoiaram; meu problema maior é com a cúpula. Quando tive esse problema com o atestado, não tive apoio nenhum deles. Aliás, os próprios Progressistas, uma parte apoiou Onyx e outra o Leite, embora o presidente do PP afirmasse que todo o partido estava fechado com Heinz e com o Leite. Para você ver como a política é dinâmica. Tanto é que não acredito em neutralidade em política. Neutralidade vai até ali…chega em uma hora e você já sabe em quem votar. Não tem jeito.

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