Para não ficar no escuro

À sombra da política

Marcelo Martins

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O que a política tem a ver com o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e com o crescente consumo de energia elétrica? A resposta para isso é algo que já preocupa a União: a dificuldade de abastecimento de energia e, por consequência, o risco de apagão. O Politiza mostra como a distribuição de energia elétrica, atividade essencial para a vida moderna, é causa e consequência ao desenvolvimento do país. A seção apontará como a classe política lida com esse tema tão essencial à cidadania e, principalmente, ao crescimento do Brasil.

É nesse contexto que o país deve se projetar como uma economia competitiva e, com isso, alavancar a indústria brasileira. Em 12 de março, o governo deu uma demonstração de que aumentou a preocupação com a crise no setor elétrico - quando o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que reúne a cúpula da área, alterou a classificação de risco de escassez de energia no país este ano. O risco, que em fevereiro era "baixíssimo", passou a ser "baixo".

Roberto Pereira d'Araujo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina) e colaborador do Instituto Millenium (entidade sem fins lucrativos e sem vinculação partidária), diz ser favorável a uma política mais eficiente da União para a geração distribuída e a eficiência energética.

Segundo ele, esse tipo de medida traria como consequência a redução na necessidade de se fazer grandes investimentos em geração. D'Araujo avalia que há, atualmente, uma falta de investimento em geração e em transmissão. O Brasil carece de usinas e, igualmente, de construir novas usinas, diz.

Ele sinaliza como temerária a intervenção do governo no preço da tarifa. Para d'Araujo, a União acaba por inviabilizar a Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras), que já contabilizaria prejuízos e perda no patrimônio por ter promovido uma pequena redução tarifária.

O diretor fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, diz que "o mais difícil, a natureza deu ao Brasil": independência energética. Porém, o governo não viabiliza políticas públicas que façam com que essa energia represente vantagem competitiva ao país.

O diretor do CBIE avalia outro aspecto: a centralização do governo nas decisões.

- Infelizmente, usa-se a energia com populismo e com objetivos eleitorais. Os prefeitos de grandes e médias cidades deveriam ter autonomia para exigir, por exemplo, de grandes empreendimentos, a eficiência energética e que esses gerassem sua própria energia - avalia.

Pires destaca também que o Brasil não pode abrir mão do gás natural e do carvão. Para ele, o governo não pode ceder ao lobby de falsos ambientalistas e a pressões externas.

O desafio do governo de se ter uma maior matriz energética

Alexandre Reis, professor de Economia da Unifra e coordenador da Clínica de Finanças da instituição, entende que falta ao Brasil um maior investimento na oferta de energia e também uma diversificação na matriz energética, com uma aposta maior em energias nuclear, eólica, gás natural - todas com custo elevado. Contudo, opta-se pelas hidrelétricas, por serem mais baratas, diz.

_ O que falta ao país é um maior investimento na oferta de energia. A outra questão é diversificar a matriz energética, seja ela nuclear, eólica, a gás. Obviamente, que essas energias têm um custo mais elevado. O país ainda carece de grandes investimentos na área. O que se pode fazer são obras, de maior investimento. Outra questão que deve ser avaliada é a de se apostar no aperfeiçoamento das linhas de transmissão de energia, ou seja, apostar em linhas subterrâneas e que, consequentemente, ficam menos suscetíveis ao clima. Também deve-se observar que há muito fuga de energia no país, que nada mais é do que os chamados 'gatos' e que acabam por sobrecarregar o sistema. A verdade é que há vários gargalos a serem combatidos. Aumentar a oferta de energia elétrica tem, sim,"

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