No verão europeu, fomos conhecer Évora, a cerca de 450 Km de Braga, na região chamada de Alentejo. Évora é patrimônio mundial da humanidade e, por isso, recebe turistas quase todo o ano. Caminhar pela cidade com ruelas estreitas e construções cheias de história é fascinante. Mas certamente o lugar que mais me impressionou foi a Capela dos Ossos.
Sim, o nome é mesmo a descrição do local: uma capela feita de ossos. A construção é do século 17 e foi feita por frades franciscanos. O objetivo de usar ossos humanos no interior da capela foi mesmo mostrar a fragilidade da vida humana. A capela mostra o gosto macabro dos homens barrocos.
Logo na entrada, o portal já tem uma mensagem sinistra “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”. É mesmo de arrepiar! A luz natural é pouca, e o ambiente de penumbra aumenta o ar assustador da capela. Tem gente que diz que não tem coragem de entrar.
Os franciscanos usaram cimento para unir ossos e crânios humanos que foram cuidadosamente colocados em uma sequência, dando o aspecto de textura aos pilares e às paredes. Além dos ossos, na decoração também tem estátuas religiosas e pinturas barrocas. É uma combinação para mostrar vida e morte a todo instante.
Pesquisei sobre a origem e a quantidade de ossos, pois é mesmo impressionante ver essa capela. Encontrei dados de que estão ali 5 mil caveiras humanas, tiradas de sepulturas das igrejas e de cemitérios da cidade. Os relatos contam também que existiam mais de 40 cemitérios na cidade nesta época, o que ocupava muito espaço; e que os monges tiravam os ossos das sepulturas para construir a capela.
A capela é dedicada ao Senhor dos Passos, imagem que representa o sofrimento vivido por Jesus na caminhada até o calvário com a cruz nas costas. E, com certeza, foi dos lugares mais sinistros que eu já visitei em terras lusitanas.