A situação do Pronto-socorro (PS) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que atualmente encontra-se superlotado, foi um dos assuntos debatidos durante uma reunião do Conselho Municipal de Saúde na manhã desta quinta-feira (1º). O encontro, que ocorreu na sede da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), no Bairro Centro, contou com a presença de profissionais da área, pesquisadores e usuários do Sistema Único de Saúde (Sus).
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Husm
Em discurso, a gerente de Atenção à Saúde do Husm, Soeli Guerra, apresentou dados sobre os últimos encaminhamentos de pacientes à instituição a partir do Vaga Zero. Este sistema busca atender casos onde há risco eminente de morte, tornando a urgência uma prioridade. Entretanto, alguns casos encaminhados pela Central de Regulação do Estado não estariam seguindo esta lógico.
Entre terça (30) e esta quinta-feira, 28 pacientes ingressaram no Pronto-Socorro do Husm pelo Vaga Zero. Atualmente, a unidade de Urgência e Emergência tem 59 pacientes internados, sendo que a capacidade máxima do local é de 29 leitos. A gestora ainda enfatizou que, mesmo sendo um hospital de alta complexidade, 65% dos procedimentos realizados pelo Husm nos últimos meses foram de média complexidade.
–Nós acreditamos que implantar sistemas regulatórios não é algo fácil, mas nós não temos muito tempo – afirma Soeli.
Dados sobre atendimentos oncológicos também foram discutidos durante a reunião. Conforme levantamento, das vagas de primeira consulta em Oncologia ofertadas entre fevereiro e julho deste ano em 14 especialidades, 67,96% das vagas não foram ocupadas.
A delegada adjunta da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, Carla Boniatti, ouviu as críticas e sugestões do público para modificar os índices, enfatizando que, das 16 portas de Pronto-atendimento da 4ª CRS, o Husm é visto como de alta complexidade resolutiva. Os dados apresentados devem ser estudados pela coordenadoria nos próximos dias.
Ao lado da secretária adjunta de Saúde de Santa Maria, Ana Paula Seerig, a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Maria do Carmo Quagliato, afirmou que a ata da reunião deve ser encaminhada em breve ao Ministério Público Federal.
– Essa reunião era para tratar sobre a superlotação do PS, mas principalmente, para salvar vidas. Essa é a nossa pressa – conclui Maria do Carmo.
Resolutividade
Apesar da reunião ter sido encerrada com o compromisso de documentar, formalizar e encaminhar um panorama da situação do Husm ao Ministério Público e a Secretaria Estadual de Saúde, o assunto não foi dado como resolvido. Representando o Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Maria, Aldoir Gonçalves, 56, participou do debate, enfatizando a importância de garantir a assistência a quem precisa. Para ele, os santa-marienses não buscam apenas por respostas:
– Eu saio daqui preocupado ainda, porque não vejo nenhuma alternativa para esses trabalhadores. Nós estamos vendo, no Husm, o Pronto-socorro superlotado e muitos usuários vindo de outras cidades que não fazem nem parte da região da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde. Buscamos resolutividade, não por respostas, porque elas podem ser sim ou não.
Arianne Lima – [email protected]
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