com a palavra

Responsável por finanças de cursinho pré-vestibular fala sobre a motivação de trabalhar aos 72 anos

Da redação*

Fotos: Arquivo Pessoal

Há 48 anos, Hiram Adamy Marchetti, 72 anos, comanda as finanças de um cursinho pré-Enem e vestibular de Santa Maria. Nascido em Bento Gonçalves, Marchetti se alfabetizou em Porto Alegre, onde concluiu o Ginásio, e mora em Santa Maria desde 1964, onde estudou no Colégio Manoel Ribas (Maneco). Em 1979, ele concluiu o curso de Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), local onde os filhos André, Leonardo e Ricardo se formaram em Agronomia e Engenharia Civil e, a filha, Luana, cursa Educação Especial.

Por 41 anos, ele foi casado com Carmen Marchetti, falecida em janeiro de 2015. Marchetti também é avô de Arthur, 12 anos, Enzo, 10, Maria Clara, 8, e Ana Izabela, 5, e mora no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, em Santa Maria.

Nessa entrevista, ele conta sobre as motivação no trabalho e também sobre a formação em Direito:

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Diário - Por que a família resolveu fixar morada em Santa Maria?
Hiram Adamy Marchetti -
Meu pai, Leonardo Marchetti, falecido há quase 40 anos, trabalhava na construção civil e viajava muito. Então, chegou a época dos irmãos estudarem e fixamos residência na Cidade Universitária. Ele continuou no trabalho e a mãe ficava por casa conosco. Durante o trabalho, o pai conheceu 14 cidades e 5 Estados, onde trabalhou. Em 1975, fui aprovado no 22º lugar, em uma chamada de 82 pessoas, para o curso de Direito na UFSM. Mesmo trabalhando de tarde e à noite, e estudando pela manhã, sempre fui um bom aluno e consegui concluir em 1979. Ao final da faculdade, já tinha dois filhos. 

No ano de sua formatura, em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1979

Diário - Após 48 anos trabalhando no mesmo local, o que move o senhor a continuar?
Hiram -
Acho que é a superação do dia a dia, já que quando estamos de férias ou de folga, aos finais de semana, é sempre muito bom. No cursinho, parece que nem um dia é igual ao outro. A turma jovem, que está aí, lutando pelos sonhos, nos rejuvenesce, nos ajuda com o dia a dia. Acompanhar a batalha deles nos dá motivação para seguir em frente e também para ajudá-los. Ingressei no cursinho em maio de 1971, quando era o Master. Em fevereiro de 1978, a instituição passou para a direção de Luiz Carlos Nassar Falkembach, falecido em julho de 2015. Estou até o presente momento com a Família Riachuelo, que é administrada pelos filhos de Falkembach. 

Hiram (à esq.) em um simulado no Ginásio do Corinthians com o antigo diretor do cursinho Riachuelo Luiz Carlos Nassar Falkembach (à dir.), em 1990

Diário - Onde o senhor conheceu sua esposa?
Hiram -
No cursinho (risos). A rotina era agitada e corrida. Casamos e tivemos três meninos e uma menina. Fomos casados, por 41 anos, mas, em janeiro de 2015, a perdi. Foi bem difícil! Sabemos que, de certa forma, vamos perder familiares. Mas quando isso acontece, precisamos nos adaptar, os filhos já estavam formados e me acompanharam nesse momento. Continuei trabalhando também, o que me deu forças para seguir a vida. 

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Diário - Após a formação em Direito, o senhor continuou exercendo a profissão?
Hiram -
Sim. Tinha o cursinho e o escritório. Por 20 anos, toquei as duas funções em paralelo. No escritório, tinha o sócio Lenine Barbosa Maia, que era meu grande amigo e colega de trabalho. Quando chegou à época do Lenine se aposentar, tive que fechar o escritório. Também tive contrato de 20 anos com o antigo Banco Bamerindus. Logo que comecei a estudar, fiz um acordo com Luiz Carlos para trabalhar no cursinho de tarde e à noite e estudar de manhã. Após a formatura, ficava pela manhã no escritório e, os outros turnos, seguia no cursinho. 

Em um aulão pré-prova no Clube Dores com uma parte da equipe de professores, com Dalmonte (a partir da esq.) Ivo, Marcos e Regina

Diário - Para o senhor, como foi fazer parte da história do cursinho Riachuelo?
Hiram -
Era uma época diferente. Nós íamos a quase todas as rádios da cidade para que os professores dessem dicas antes das provas. Naquele tempo, nem todos os professores tinham carro e a gente os levava para os locais. Era uma aventura para acompanhá-los. Participei de muitas evoluções do Riachuelo, desde a contratação de professores até a elaboração do material didático. 

Em uma palestra na escola Riachuelo com um casal de escritores, a diretora da escola Andreia Oliveira, e a professora Denise Braga Lopes

Diário - Que dicas o senhor daria para esse pessoal jovem que almeja uma vaga no Ensino Superior?
Hiram -
Que estudem muito! Um dia desses, estava conversando com um dos professores e o questionei se com tanta tecnologia à disposição, os alunos teriam experiência e informação. Ele me disse que alguns sim, mas de modo geral, eles ainda não são autossuficientes. Precisam de um professor. Ver todo esse pessoal jovem com garra, lutando pelos sonhos, começando a vida, além de poder acompanhar os filhos também passando pelo processo me move a continuar. É recompensador.

*Colaborou Natália Venturini

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