Aprender mais sobre energia renovável instigou a aluna de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Kelly Moreira, 19 anos, a procurar o professor de Físico-Química Thiago Burgo, 33. Após três meses de trabalho em laboratório com a elaboração de geradores triboelétricos, uma fonte de energia renovável, os dois decidiram inscrever o projeto no Prêmio de Inovação Social 3M, que ocorre anualmente. A grande surpresa veio no início deste mês: o trabalho foi selecionado para a final.
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O projeto, que consiste em reutilizar embalagens com revestimento em alumínio, como caixinhas de leite ou de suco, busca uma forma de gerar energia limpa e renovável. Burgo explica que estas embalagens são muito difíceis de reciclar. O professor e Kelly aproveitaram o revestimento de alumínio e de polietileno (plástico das sacolas de mercado), da parte interna das embalagens, com fios de cobre para armazenar a energia produzida em capacitores.
– Nós oxidamos o plástico, que fica como uma fina camada acima do alumínio, com uma solução de ácido e outros líquidos, depois montamos no formato, que é um losango. É por meio de uma pressão, quando o lado com polietileno oxidado encosta no outro, que é do revestimento normal, gera uma pequena quantidade de energia, por meio de atrito. É a energia estática. Daí, pelos fios de cobre, essa energia vai para o capacitor e fica ali armazenada. Podemos utilizar esta energia para acender pequenos LEDs – explica o professor.
Para Burgo, o sonho será alcançado quando o projeto conseguir acender um painel de até 500 LEDs coloridos. Contudo, ele diz que há um longo caminho para a pesquisa, mas garante que as etapas de oxidação do plástico e montagem dos tribogeradores pode ser feito em escala industrial e não precisa ser realizado por especialistas em química ou física.

O PRÊMIO
O Prêmio de Inovação Social 3M escolhe trabalhos de estudantes universitários que tenham cunho sócio-ambiental inovador. O trabalho vencedor ganha R$ 50 mil para custear a pesquisa.
Na semana passada, Burgo e Kelly estiveram em São Paulo para conhecer os mais de 200 trabalhos de cerca de 100 universidades, de aproximadamente 90 cidades brasileiras, inscritos no prêmio. Os projetos ficaram expostos no Centro Ruth Cardoso. Na quinta-feira, apenas os cinco finalistas foram reapresentados ao público, na sede da 3M, e o projeto da UFSM estava entre eles. Na ocasião, ocorreu a revelação do grande vencedor.
Infelizmente o projeto do professor e da aluna da UFSM não ganhou o grande prêmio. Porém, com a visualização que o projeto teve, eles ganharam mênção honrosa e ganharam apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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Para Kelly, além da felicidade de estar na final do prêmio entre 200 projetos selecionados, a viagem teve outro momento cheio de emoção: voar pela primeira vez.
– Foi uma experiência incrível, desde as pequenas coisas, como estar em um avião pela primeira vez, até conversar com alunos e pesquisadores de todo o país. Aprendi muito – comenta a jovem.
Agora, com seis meses de trabalho neste projeto, o professor e aluna, com ajuda de alunos e educadores de outros cursos da UFSM, aperfeiçoam a maneira de produzir energia limpa e renovável com os geradores triboelétrico.