Péricles Lamartine: ausência

Redação do Diário

Péricles Lamartine da CostaAdvogado

Não será a primeira, mas ainda que não acreditando muito na possibilidade, espero, francamente, que seja a última vez em que pretendentes à presidência da república, ou a qualquer cargo majoritário demais, corra, fuja do debate.

É absolutamente inadmissível que alguém que se entenda apto a condução de qualquer executivo, sobremaneira o federal, possa assim ver-se ao mesmo tempo em que se dá ao luxo de não se submeter ao embate de ideias, pretensões, projeto, posturas do passado, história e, sim, alguma ou outra a provocação inclusive a testar capacidade de, pelo menos, argumentação.

Nesta polarizada campanha eleitoral (sim, campanha, pois pré-campanha é coisa para inglês ou o Ministério Público Eleitoral ver) ambos os candidatos que estão à testa das pesquisas já se manifestaram no sentido de que, em primeiro turno ao menos, não comparecerão a debates.

E o fizeram assim, sem mais rubores ou constrangimentos, como se, além de já terem seus lugares garantidos na segunda etapa do pleito, tal desrespeito e desconsideração para com a população não redundasse em mácula às suas imagens como consequente e, até justa, perda de votos.

E o pior é que não redunda mesmo…

Eis a chave para a hedionda ousadia que dá em nada: a cumplicidade dos públicos já cativos.

Quanta falta de autoestima, esta a da população brasileira que, em sua acachapante maioria pensa, mesmo, ser indigna das satisfações ou do tempo de quem almeja lhe governar!

Quanta submissão deste povo que, apesar de suspirar por futuro e realidade diferentes, imagina que estes virão enlatados nos pensamentos dos candidatos que nada necessitam esclarecer ou elucidar a respeito de tão importantes matérias e causas!

Quanto medo dos tantos que já nem podem mais ser qualificados somente como eleitores fiéis de candidatos, mas verdadeiros fãs/seguidores a cultuarem personalidades de, em diálogo público e aberto, verem ruir os castelos que construíram a propósito de fatos e circunstâncias que podem emergir de uma pergunta!Quanta preguiça de escutar as verdades que, sim, podem habitar as versões e afirmações do lado adverso…

Ao se negarem a participar de debates, não são os candidatos quem se acovardam, mas a plêiade de eleitores seus que não vê nisto o tamanho da desconsideração e do desrespeito pela verdade e pela democracia.

Para eles, no caso de agora os presidenciáveis, não ir é só uma questão de estratégia pela vitória.Para nós, comuns, aceitar a tanto, é a renúncia do protagonismo cidadão e o aceite da cosmética em lugar da realidade.

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