Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Depois da enchente e dos alagamentos, surge a enxurrada de reclamações em relação à situação de Santa Maria e ao descaso da prefeitura, como se o problema fosse só dos outros. O poder público tem, sim, boa parcela de responsabilidade, mas a população também. Os alagamentos de quinta-feira são fruto do descaso de décadas com o meio ambiente e com as regras do plano diretor. Está escrito nas leis que é proibido dizimar áreas de preservação permanente, como banhados e margens de sangas, para construir em cima desses locais. Mas a maioria das pessoas pensam, erroneamente: para que deixar essa área alagada, que só "enfeia" a cidade? E por que deixar essas árvores nas margens do arroio, que não servem para nada, se dá para aproveitar a área para construir sobre ela?
Mesma situação ocorre em relação ao lixo: são milhares e milhares de garrafas pet, embalagens e pedaços de plástico que caem na sarjeta diariamente e ajudam a entupir as redes que escoam água da chuva - e você, já juntou algum lixo da rua alguma vez? Além disso, a prefeitura não dá conta de limpar todas as bocas de lobo, que entopem também devido à terra. O poder público já sabe há anos de áreas que alagam, mas não faz obras para resolver o problema - ou seja, o problema vai se acumulando há várias gestões e não é culpa só de Pozzobom. A cidade também não cria leis de incentivo para que moradores tomem medidas de prevenção, como instalar caixas de água para coletar a água da chuva, ou para exigir contrapartidas como essas de edifícios e grandes construções, o que reduziria o volume que iria para a rede pluvial nos picos da chuva.
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Passam-se anos e anos, e o concreto e o asfalto tomam conta de grande parte da cidade. Aquelas áreas de banhado e de mata ciliar, que ajudariam a frear a velocidade da água, não existem mais. Daí, num dia, chove torrencialmente, e todos se lembram apenas de reclamar da prefeitura e dessa Santa Maria que vira um rio a cada enxurrada, como se só São Pedro e o prefeito fossem responsáveis pelo problema. Não adianta se queixar só quando dá os alagamentos. É preciso agir para preveni-los. Claro que há enxurradas que vão alagar qualquer lugar.
De qualquer forma, desde 2017, a atual gestão mapeou oito principais pontos críticos de alagamentos e prometeu ações, sendo a prioridade fazer uma rede para escoar a água que alaga a Rua Maranhão. Até agora, nem a primeira obra não foi feita. Claro que é caro e não é simples. Ao menos, na sexta, após novo alagamento, a prefeitura lançou a licitação para resolver o problema na Rua Maranhão. Vamos seguir cobrando obras e novas leis para mudar essa realidade.