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OPINIÃO: O clássico argumento de quem não tem argumento

Jader Hoffmeister

Você, que é fisicamente perfeito, alguma vez já se olhou no espelho? Sem dúvida que sim e incontáveis vezes. E você, que possui alguma deficiência física, também já se olhou? Claro que sim, certamente. O primeiro, na maioria das ocasiões em que isso aconteceu, olhou para admirar a sua própria beleza, pois além do estômago temos a vaidade para alimentar. 

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Já o portador de alguma deficiência, quando se olha no espelho, o que será que pensa vendo a sua imagem refletida? Sinceramente, não sei.  Mas, imagino, deva surgir na sua mente uma grande dúvida, um enigmático “por quê?” Boa pergunta, não é? Você seria capaz de dar uma resposta convincente para esse “por quê”? Difícil, não é? Mas, como para todas as questões difíceis e enigmáticas da vida, a tendência é empurrarmos com a barriga creditando à vontade de Deus (pobre Deus!), o tempo vai passando, a vida também, e quando nos damos conta estamos prestes a passar também, sem entender as razões das discrepâncias com as quais nos deparamos durante toda a nossa existência. Para tentar buscar uma explicação lógica, vamos além do pensar, vamos raciocinar. 

Se Deus é infinito em bondade, misericórdia, justiça e amor, como explicar as razões para que muitos de seus filhos já nasçam portadores de problemas, muitas vezes irreversíveis, ao passo que, nós outros, cheguemos neste mundo e passemos por ele dotados de um corpo perfeito e saúde plena? Desculpe, mas são perguntas que não conseguiremos responder com argumentos sólidos se acharmos que esta vida é a única chance que nos é dada para traçarmos o nosso destino para o resto da eternidade.  

 É por isso que quem não aceita a multiplicidade das existências não consegue entender e muito menos explicar de forma racional, as disparidades e contrastes da vida. As dificuldades e os problemas não são por distração de Deus ou porque ele estava em férias ou em licença prêmio. Claro que não. Fazem parte das várias etapas do processo de aprendizagem na vida do espírito imortal. 

Os obstáculos da vida nunca foram, não são e nunca serão castigos impostos por algum ou outro motivo.  Se Deus é infinito em todas as virtudes, o é, também, infinito na criação das suas obras, senão não seria perfeito e, portanto, não seria Deus. Você não concorda? Pois bem, se Ele é tudo isso, e o é, então deve haver alguma razão, que desconhecemos, mas que existe, para que alguns de nossos companheiros de jornada terrena aportem a este mundo, possuidores de algumas diferenças tanto no aspecto físico como mental. E as razões para isso, nos levam, inexoravelmente, para uma única explicação, o da multiplicidade das existências. Você até pode não aceitá-la, aliás, é um direito seu. 

Só não vale, porém, tentar explicar essas aparentes distrações divinas com o argumento de que são desígnios de Deus e os desígnios de Deus são impenetráveis porque este é o clássico argumento de quem não tem argumento.     


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