Vivemos tempos de penumbra e escuridão na política brasileira. Se é verdade que a história do país se confunde com a da corrupção, dos primórdios da colonização às frágeis bases republicanas dos séculos XX e XXI, não é menos crível que o desvelamento recente de práticas de corrupção endêmicas na estrutura pública e privada nacional esteja abalando nossas crenças em um futuro melhor, solapando a esperança nas necessárias mudanças sociais e, no limite, assassinando nossa indignação ética ante o medo e a insegurança que nos assolam dia a dia.
OPINIÃO: Afetos e queixas alimentam a cidade
Da esquerda à direta, do público ao privado, da União aos Municípios, da burla da fila do banco à sonegação ordinária do Imposto de Renda, da fraude fiscal milionária à liberalidade da concessão de empréstimos subsidiados a juros módicos e sem garantias aos amigos do Rei e em outras tantas dimensões da vida somos tentados a naturalizar o contrassenso da apropriação indevida do Estado por interesses particulares e a nos conformar com o atual estado de coisas.
OPINIÃO: O silêncio das panelas
A falta de perspectivas e de um ambiente político minimamente estável institucionalmente vem impactando, sobremaneira, a economia. O aumento do desemprego, motivado pela falência ou recuperação judicial de um sem número de empresas, bem como a inação do Estado em empreender obras e serviços públicos para fomentar investimentos privados na construção civil, no setor energético e no de infraestrutura urbana, entre outros, dinamizando o mercado interno, estimulam a formação de um caldo de cultura fecundo à emergência de pseudo salvadores da Pátria.
O discurso fácil de fanáticos do ódio e de arautos do terror, de que Bolsonaro é o exemplo mais notório, deveria colocar-nos em alerta. Em vez da repulsa à negação da diversidade e da humanidade que esse sujeito simboliza, assiste-se, nas conversas de bar ou nas redes sociais, cada vez mais, ao crescimento da aprovação e da chancela a extremismos de toda ordem.
Insurgir-se contra tudo que encarnam Bolsonaro e seus asseclas constitui um imperativo indeclinável. Silenciar ante o vilipêndio sistemático da democracia e dos direitos humanos significa anuir com um tipo abjeto de fazer política que não me representa e, espero, limite-se à ignorância daqueles que desconhecem os efeitos do fascismo na história brasileira e mundial. O antídoto? Diálogo, informação e conhecimento.