reportagem especial

Depois de perder o emprego por conta da pandemia, Angelica passou a vender quentinhas

Natália Müller Poll

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Enquanto o país sobrevive em meio a polêmicas sobre gastos altíssimos do governo, o cidadão brasileiro já nem sente mais o doce gosto dos R$ 300 do benefício caindo na conta todo mês. Angelica de Fátima Viana da Silva, 33 anos, ficou desempregada quando a empresa em que trabalhava, foi à falência por causa da pandemia e fechou as portas no fim do primeiro semestre de 2020. Até outubro, ela transitou entre um serviço e outro, quando foi beneficiada com o auxílio emergencial. Foi, então, que ela conseguiu investir em algo que ela realmente gosta de fazer: cozinhar.

Agora, com o fim do subsídio, a mãe da Julya, 10 anos, e do Samuel, 2, está preocupada:
- O benefício era a minha renda para prosseguir com meu trabalho de fornecer marmitex. Agora não sei como vai ser. Eu não sou beneficiária do Bolsa Família, ainda espero conseguir, mas sabemos que os valores são baixos.

Desde que começou a montar os pratos para fazer as entregas, Angelica teve que subir os preços das marmitas:
- Não consegui manter o preço inicial de R$ 12 na marmita média, porque subiu o custo de tudo, inclusive das embalagens.

PREOCUPAÇÃO
A venda de quentinhas é a única fonte de renda. Angelica empilha preocupações e se assusta com a possibilidade de uma greve dos caminhoneiros - que pode aumentar ainda mais os preços de mercado - e teme pelo pior.
- Infelizmente, a tendência é piorar. Não tenho renda para suportar uma crise dessas. Minha margem de lucro é muito baixa, porque prefiro sair no empate, do que subir os preços e perder clientes - explica.
Para o trabalhador informal que sofre com os preços inflacionados, Angelica dá a dica:
- Eu vivo correndo atrás de promoção nos mercados. Também mudei a marca do arroz e do feijão, que agora compro de produtor local, e faço carne vermelha dia sim, dia não. Intercalo com filé de peito de frango. Até a batata subiu muito e tive que substituir, em alguns dias, por polenta.

Mesmo com todas as dificuldades, a cozinheira garante que vai continuar fazendo o que ama.
- Tenho a esperança que um dia tudo volte ao normal. Posso dizer que a pandemia me ensinou a ser forte pelos meus filhos e preciso seguir firme na minha batalha.

O ideal que cabe no bolso 
Uma dieta considerada saudável é composta pela combinação de uma alimentação que contenha macro e micronutrientes. No grupo dos macronutrientes estão as proteínas, os carboidratos e as gorduras, encontrados em carne, leites, ovos, arroz, batata, óleos e manteigas. Já os micronutrientes são formados pelas vitaminas e minerais, encontrados em verduras, legumes e frutas, conforme explica a nutricionista clínica Elsa karsburg, que trabalha no ambulatório de pacientes crônicos do Hospital Regional de Santa Maria. Segundo a profissional, um adulto deve ingerir cerca de 2 mil calorias por dia, e que o desequilíbrio de nutrientes pode causar danos ao funcionamento do organismo:
- Uma boa alimentação tem papel de protagonista na formação e desenvolvimento celular, assim como na manutenção do corpo saudável. Se não houver um equilíbrio, podem ocorrer deficiências nutricionais, como a anemia, principalmente em crianças em fase de crescimento.

Além disso, a má alimentação pode afetar o desenvolvimento intelectual e cognitivo da pessoa e ainda causar aumento ou diminuição do peso. A nutricionista alerta para o período de pandemia, em que os impactos financeiros mudaram os hábitos alimentares e fizeram emergir problemas de saúde:
- As dificuldades dos pacientes manterem uma alimentação equilibrada estão bem visíveis na rotina de profissionais da saúde nos últimos meses. Vemos pessoas que estão em dificuldade financeira, consumirem muito carboidrato para substituir a carne por exemplo, o que acaba impactando principalmente na saúde de pacientes diabéticos.

Elsa reforça a importância das proteínas diariamente no prato dos brasileiros e dá a dica para aqueles que estão com dificuldades de manter a carne no cardápio:
- A carne é um alimento muito importante, mas pode ser substituída por itens mais baratos e com valor nutricional semelhante como os ovos, os leites, iogurtes e queijos. Proteínas de origem vegetal como legumes, feijão, lentilha e ervilha também são boas opções.

10 ALIMENTOS BARATOS E SAUDÁVEIS*

  • Frutas da estação
  • Legumes e verduras (alface, rúcula repolho, couve-flor)
  • Feijão
  • Arroz
  • Ovos
  • Frango
  • Batata doce
  • Leite e iogurte
  • Farinha de trigo ou milho
  • Óleo vegetal
    * Pela nutricionista Elsa karsburg

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