repercussão

Delegados do inquérito da boate Kiss comentam sobre os dias de júri e a sentença aos réus

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Arquivo)
Marcelo Arigony (à esquerda) e Sandro Meinerz, delegados da Polícia Civil

No dia após a sentença dos réus do Caso Kiss, o programa Análise, na CDN, conversou com o delegado da Polícia Civil Marcelo Arigony sobre o maior julgamento do Rio Grande do Sul. Arigony, que participou da investigação do incêndio, parabenizou a Justiça por trazer a resposta à comunidade. Ele classificou a sentença como impecável, embora tenha entendido como dura. Arigony buscou deixar claro qual o papel da Polícia Civil em casos como este: 

- Eu sou um delgado de policia que faço inquérito policial e teço minhas conclusões. É bom que se diga que não foram somente as minhas conclusões. Foram também do Marcos Viana, Luiza Santos e Gabriel Zanella (delegados que trabalharam no caso) e ainda coadjuvados por cerca de 20 agentes policiais da Polícia Civil com quem conversávamos todos os dias. Da parte da Polícia Civil, chegamos as nossas conclusões - afirmou.

Segundo o delegado, o  inquérito policial serviu como uma forma do serviço ser fiscalizado pela população:

- Optamos por fazer um inquérito público para que fossemos fiscalizados, diferente dos agentes de fiscalização, que não fiscalizaram aquela boate e talvez aqueles quatro (réus) teriam agido diferente. Trouxemos para a comunidade tudo. E isso foi grande parte do nosso êxito.

O delegado aproveitou para rebater criticas à Polícia Civil:

- Hoje, nove anos depois, só quem nos critica é quem de alguma maneira foi tocado pelo inquérito. Cheguei a ouvir que a culpa era nossa em acusar tanta gente. Que criamos um descrédito na cidade. A culpa é nossa? Que falta de empatia com esses pais e essas mães. Meu Deus! São mais de 200 'crianças' que morreram. 

Ainda segundo a sentença, Arigony diz não fazer parte da atribuição do delegado julgar se o crime é dolo direto ou dolo eventual, contudo, discordou a exclusão das qualificadoras. 

- Como delegado de polícia, não posso criticar isso. Agora, como professor da área de processo penal da Ulbra, eu fico pensando se isso foi correto tecnicamente, ou se o jurado tinha que dizer se era qualificado ou não.

Arigony se emocionou ao falar sobre o fim desse processo envolvendo a Kiss, o que ele chamou de coroação do trabalho realizado. 

Por fim ele ainda disse que uma série de circunstâncias resultaram no incêndio da boate, e que a não fiscalização pode levar a eventos como esse. Ele revelou ter ficado triste em relação a justiça apenas para alguns:

- A condenação do gaiteiro (se referindo a Marcelo de Jesus dos Santos), a quase 20 anos de cadeia, o quanto isso de justiça?

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O também delegado da Polícia Civil, Sandro Meinerz, disse que o que foi posto no processo dava evidência de que os réus seriam condenados e com as penas que lhes foram aplicadas. De acordo com Meinerz, o tribunal do júri confirma o inquérito finalizado em março de 2013. 

- Ao verificar o que foi dito no júri, obviamente, o inquérito policial foi a grande força motriz para que o processo andasse e que o júri fosse discutido. 

Contudo, o delegado entende que as provas coletadas eram contundentes, sendo assim, se mais pessoas tivessem sido denunciadas, provavelmente, mais teriam sido condenadas. Conforme ele, 16 pessoas foram indiciadas, sendo 9 por homicídio doloso com dolo eventual. O número foi reduzido a quatro pessoas pelo Ministério Público. 

- Eu discordo, mas respeito. No meu juízo, o inquérito tinha muito material probatório - considera o delegado regional.

Quanto ao habeas corpus concedido a Elissando Spohr e expandido aos outros três reús, Meinerz lamentou a oportunidade deles terem saído presos do prédio Foro Central I:

- Isso seria uma respostas muito simbólica e significativa e que tem amparo legal - ao se referir ao pacote anticrime que permite que em casos de condenações maiores a 15 anos, que os réus saiam presos do plenário do julgamento.

Ele considera que o julgamento servirá como exemplo de que a violação das leis têm consequências. Ao longo dos 10 dias de júri, muitas referências foram feitas a Polícia Civil

- Algumas pessoas foram lá para atacar ou tentar culpabilizar a Polícia Civil. Fizemos nosso trabalho e apontamos muitas pessoas com responsabilidade no caso.

*Colaborou Gabriel Marques

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