dentro do plenário

Como foi o momento da condenação dos réus do caso Kiss

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Momento da leitura da sentença

Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, que estava de braços cruzados, ouviram a sentença impassíveis. Cabisbaixos, mas sem chorar, ambos posicionaram-se em frente ao juiz Orlando Faccini Neto para conhecer o destino. Minutos antes, já haviam sido informados pelo advogado Jader Marques que não sairiam dali presos, mesmo condenados. Isso, nem o juiz sabia, apesar da sentença pela prisão imediata. Enquanto Faccini proferia a pena, o desembargador Manuel José Martinez Lucas concedeu, às 17h47min, um habeas corpus preventivo que garantia que os réus não sairiam presos do plenário. 

Quatro réus do Caso Kiss são condenados, mas vão recorrer em liberdade

Luciano Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos não acompanharam a sentença dali. Luciano até estava na bancada de defesa, mas saiu instantes antes da leitura do veredito. Naquele momento, ele já conhecia seu destino, informado pelos advogados. Cada defesa teve um representante dentro da sala secreta, assim como os órgãos de acusação. Ao término da reunião, esses representantes retornaram ao plenário antes do juiz e, certamente, informaram os colegas.

Os presentes no plenário, apesar de não terem uma informação oficial, também puderam perceber que o resultado seria favorável à tese do Ministério Público. Naquele lado do salão do júri, o clima antes da sentença era de comemoração. Os promotores do caso, Lúcia Helena Callegari e David Medina da Silva, abraçavam-se, chorando. O advogado criminalista Amadeu Weinmann, assistente de acusação, de cadeira de rodas, entrou no salão e fez um sinal de "V" com os dedos. O "V" era de vitória.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
O "V" da vitória de Weinmann

'Se os jurados definiram dessa maneira, a justiça foi feita', avalia Orlando Faccini Neto

O juiz entrou no plenário para a leitura da sentença por volta de 17h40min. Logo no começo, declarou que os quatro réus foram condenados. Neste momento, a emoção tomou conta entre familiares que acompanhavam a leitura. Mas, naquele momento, o sentimento foi contido, refletido em choro ou abraços, para não atrapalhar no restante da leitura da sentença. Ato seguinte, em roda, familiares gritaram justiça e começaram a falar o nome de seus filhos, vítimas da tragédia. Também aplaudiram o veredito e gritaram, em coro, "que não se repita!".

Elissandro e Mauro, que acompanharam a sentença, saíram em silêncio, acompanhados dos advogados, por uma porta ao fundo do salão do júri, sem contato com os familiares de vítimas. Os familiares dos réus, que durante o julgamento estiveram na plateia, não estavam presentes neste momento.

Não demorou para que os promotores fossem até o plenário. Com lágrimas nos olhos, David Medina da Silva e Lúcia Helena Callegari foram cumprimentados por familiares e concederam intermináveis entrevistas à imprensa.

Anotações, processo e remédios: o que ficou no tribunal após o júri da Kiss

O juiz Orlando Faccini Neto foi mais contido. Ele deixou o cercado que separava o espaço reservado para os trabalhos do júri dos espectadores. Inicialmente, ele se recusou a falar com a imprensa. Calmamente, caminhou até Flávio Silva, presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), com quem conversou brevemente e deu um abraço. Uma mãe de vítima também se aproximou e pediu:

- Posso te abraçar, doutor?

A sinalização foi positiva, e mais um abraço foi dado. Quando o juiz voltava ao espaço reservado, foi interpelado mais uma vez pela imprensa e concedeu uma entrevista coletiva de cinco minutos, rodeado por cerca de duas dezenas de microfones.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Coletiva de imprensa do juiz Orlando Faccini Neto

Delegados do inquérito da boate Kiss comentam sobre os dias de júri e a sentença aos réus

Do lado de fora do Foro Central I, pouco mais de uma hora depois, familiares de vítimas e sobreviventes comemoraram. Após nove anos, o grito de justiça teve, pela primeira vez, tons alegres e de alívio. Juntos, alguns dançaram, mesmo sem música. Outros, se abraçavam e choravam. Na foto com todo o grupo, em frente ao espelho d'água na entrada do prédio, o grito ecoou. 

Pouco adiante, na grade que separa a calçada da entrada do Foro, o cartaz com os nomes das 242 vítimas foi retirado. Não era mais necessário.

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