Fotos: Beto Albert (Diário)
A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que teve início na terça-feira (16), segue em todo o país. Em Santa Maria, a agência do INSS tem realizado apenas perícias médicas e atendimentos mediante agendamento.
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O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Estado do Rio Grande do Sul (SindisprevRS), Thiago Manfroi, diz que a greve é resultado da falta de negociação da categoria com o governo federal. A principal reivindicação é a reestruturação de carreira e do INSS como um todo. Segundo ele, os servidores têm sofrido com a precarização do trabalho, especialmente no que diz respeito à falta de estrutura e sobrecarga.
Desde 2015, houve a diminuição de 20 mil servidores no INSS. Em 2015, havia 38 mil profissionais atuando no INSS. Em 2024, conforme Manfroi, são 18 mil. O mesmo acontece em relação à estrutura. Em Porto Alegre, por exemplo, o número de agências reduziu pela metade nos últimos oito anos.
– Em todas as discussões, o governo trouxe a questão financeira como centro, mas é importante destacar que essa não é nossa prioridade no momento. O nosso centro é o órgão, estamos muito insatisfeitos com o que o governo entrega ao INSS. Então, está muito ruim exercer as funções que temos. Para se ter noção, agora muitas funções estão sendo feitas por estagiários e não mais por servidores – afirma o diretor.
Além da sobrecarga, faltam condições de trabalho nas agências presenciais e também no home office. Conforme o diretor da SindisprevRS, quem trabalha de casa não recebe os equipamentos necessários para desempenhar as funções. Como consequência, a fila de processos represados já chega a 3 milhões:
– Nós sentimos muito forte o desmonte do INSS. E isso foi muito prejudicial. Temos muitos servidores adoecidos, outros medicados, em tratamento psicológico. Tudo isso porque a pressão foi muito grande.
Inteligência artificial
A diminuição de servidores ativos no INSS tem levado à adesão gradual da inteligência artificial na análise dos requerimentos. Conforme Manfroi, essa substituição dos profissionais provoca aumento no percentual de indeferimentos realizados de forma incorreta pelo sistema.
Levantamentos do sindicato apontam que cerca de 30% dos processos como auxílio doença e salário maternidade, analisados exclusivamente pela inteligência artificial, são negados pela falta de uma análise precisa.
– A inteligência artificial pega os processos e faz uma linha de corte, e muitos são indeferidos indevidamente. Isso, inclusive, já está sendo discutido no Tribunal de Contas porque está gerando um retrabalho para o INSS e um aumento de custo. Não somos contra o uso, mas entendemos que todos os processos precisam passar pelo crivo do servidor – diz o presidente do sindicato dos servidores da Previdência.
Agência de Santa Maria
A greve dos servidores afeta diretamente a população que precisa do serviço e a fila de processos pendentes. Isso porque o cidadão pode abrir o requerimento de forma online, por exemplo, mas o processo não será analisado. Em Santa Maria, profissionais também aderiram à greve. Por isso, a agência localizada na Rua Venâncio Aires, no Centro, realiza apenas atendimentos por agendamento e perícias médicas.
Para agendamento de atendimento via internet, é preciso ter conta gov.br. Informações pelo telefone 135 ou no site do Meu INSS.
Conforme o diretor SindisprevRS, a greve segue por tempo indeterminado mas, cabe ao servidor aderir ou não à greve. Por isso, agências como a de Santa Maria ainda estão com atendimento. Outras, realizam apenas a perícia médica.
Nos próximos dias, a categoria deve se reunir com o governo e representantes do Ministério da Gestão para novos diálogos. Ainda não há nenhum levantamento quantitativo a respeito do número de pessoas em greve no Rio Grande do Sul, já que muitos profissionais ainda avaliam a adesão ao movimento.
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