Boate Kiss

Apesar de ter entrado na boate, Pozzobom diz que é erro ser citado como vítima da tragédia

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Foto: Wander Schlottfeldt (Diário)

O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) considerou um equívoco a inclusão do nome dele como um dos 636 sobreviventes da tragédia da Boate Kiss. O tema foi citado pela defesa do réu Mauro Hoffmann durante o júri na manhã de segunda-feira. Pozzobom não estava na boate no momento do incêndio, mas foi até o local e entrou no prédio por volta de 4h15min para auxiliar no resgate de vítimas.

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O atual prefeito foi citado mais de uma vez durante o júri. Na manhã de segunda, durante uma discussão entre as partes sobre o número de vítimas, o advogado Bruno Seligman de Menezes comentou sobre a inclusão do nome de Pozzobom no processo como um dos sobreviventes.

- Um dos aspectos subjetivos para se chegar a um conceito jurídico de dolo eventual é a superlotação da boate. E dentro da lista de vítimas, o atual prefeito de Santa Maria, então deputado estadual, consta como vítima sem estar lá naquela noite. Ele foi apontado naquele momento como vítima - afirmou Seligman.

Para Pozzobom, isso é totalmente equivocado.

- Para mim, é lamentável. Acho que a equipe da defesa deveria ter dito que estava equivocado. Os advogados sabem, são meus amigos aqui de Santa Maria. O Mário (Cipriani) e o Bruno (Seligman, advogados de defesa de Mauro) sabem. O Jader (Marques, advogado de defesa de Elissandro Spohr), que foi professor da minha filha, também sabe. Se tivesse dúvida, poderia ter ligado para ela. Respeito o trabalho dos advogados. Agora, eles teriam que dizer: "erroneamente está o nome do Pozzobom aqui". Estamos tratando de algo muito maior. Não vamos nos agarrar nessa pequenez. Jamais eu faria isso como advogado. É um absoluto desrespeito com os familiares - enfatizou o tucano.

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Em 2013, o então deputado estadual estava dormindo em casa, em Santa Maria, no momento da tragédia. Ele foi acordado pelo então chefe de gabinete de Pozzobom na Assembleia Legislativa, Guilherme Cortez, que hoje ocupa o cargo de procurador geral do município. Ele foi até o local e entrou na boate por volta de 4h15min.

- Vi cenas tristes lá. Pessoas mortas em todos os lugares. Muito triste - afirma.

Pozzobom não conseguiu salvar ninguém, mas garante que prestou acolhimento a familiares que começavam a chegar na frente da boate. Ele não lembra se chegou a aspirar a fumaça tóxica.

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- Se tinha fumaça, também não vi. Acho que não tinha mais nada. Eu fui irresponsável de ter entrado. Me agarrei na mão do bombeiro e entrei boate a dentro. Eu não podia ter feito isso. Mas foi o intuito, aquela questão de tentar ajudar - afirma.

Em resposta ao Diário, a assessoria de imprensa de Jader Marques, advogado de defesa do réu Elissandro Spohr, disse que "destaca o nome de uma pessoa pública respeitada, não para sua exposição, mas para mostrar que há erro gravíssimo na contagem de sobreviventes".

A defesa de Mauro Hoffmann também disse que citou o nome do atual prefeito para exemplificar o erro na contagem no número de sobreviventes, salientando que o fato foi utilizado em plenário, pois é importante "para o entendimento dos jurados acerca dos detalhes do processo".

Confira, abaixo, a nota da defesa de Mauro na íntegra: 

"Quando a vítima que estava depondo acerca do incêndio na Boate Kiss disse que estava em Caçapava no Sul no momento da tragédia e que, mesmo assim, havia sido contabilizada como sobrevivente do sinistro, a defesa de Mauro Hoffmann fez questão de esclarecer o quanto isso era equivocado e tinha consequências diretas no resultado final de pessoas que estariam na casa noturna - o que pode influenciar na percepção de superlotação ou não da boate.

Para exemplificar como o erro havia se tornado recorrente na contagem de número de sobreviventes, nosso sócio Bruno Seligman de Menezes citou, também, o caso do então deputado estadual Jorge Pozzobom, atual prefeito de Santa Maria, que esteve no local para ajudar no socorro aos feridos, mas não estava na casa noturna no momento do incêndio e acabou contabilizado, também, como um sobrevivente.

Com a sensibilidade, seriedade e respeito com que vem conduzindo sua atuação nesse julgamento, a defesa deixou claro, em Plenário, que esses dados equivocados não diminuem em nada o sofrimento e a dor de todos aqueles que foram direta ou indiretamente afetados pela tragédia na casa noturna, mas que são importantes para o entendimento dos jurados acerca dos detalhes do processo."

DEPOIMENTO DE CEZAR SCHIRMER

Por conta da agenda, Pozzobom não vai acompanhar o depoimento de Cezar Schirmer, prefeito de Santa Maria na época da tragédia.

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- Faz muito tempo que não o vejo. Todos nós sabemos que tivemos uma divergência política muito forte, isso é claro. Mas tenho absoluto respeito pela pessoa de Cezar Schirmer. Mas toda e qualquer ação, ou alguma coisa, quem tem que explicar é ele. Eu respondo pelo nosso governo - disse Pozzobom.

Schirmer foi convocado como testemunha pela defesa do réu Elissandro Spohr. O depoimento está marcado para as 9h desta quarta-feira.

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