júri da kiss

'O único contato que eu tinha, era quando o Kiko ligava para dúvidas sobre obras', diz engenheiro

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

O quinto dia do júri do Caso Kiss começou com o depoimento de Tiago Flores Mutti, 46 anos. Ele foi arrolado como testemunha pela defesa de Mauro Hoffmann, um dos sócios da boate e começou a falar às 10h17min. Este foi o maior depoimento no júri até o momento, com cerca de cinco horas.

'Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo', diz sobrevivente

A condição da oitiva foi questionada logo no começo. Os representantes do Ministério Público (MP) apontaram que Mutti responde a processos por falsidade ideológica. Segundo a promotora Lúcia Callegari, o depoente utilizou a irmã como "laranja" e ele que seria o proprietário da boate. Mutti alegou que apenas acompanhou as obras iniciais para a abertura da boate, que a irmã era sócio-proprietária, e o pai deles atuou como representante com procuração dela. 

- Com isso, fomos chamados pela Polícia Civil para prestar esclarecimentos depois do incêndio. Fomos muito mal tratados, coagidos, e indiciados. Estamos respondendo dois processos. Um, já saiu sentença. Fomos absolvidos. Está para sair do outro processo (de falsidade ideológica). Estou aqui, como sempre estive, para esclarecer tudo que for necessário - disse.

Outro processo também foi mencionado, em que ele é acusado de colher assinaturas de pessoas além da vizinhança para permitir a abertura da boate.

O juiz Orlando Faccini Neto, porém, o colocou na condição de informante. A diferença é que, nessa situação, não há compromisso em dizer a verdade, como há no caso de testemunhas. Foi a segunda vez que isso aconteceu durante o júri. Na sexta-feira, a defesa de Mauro Hoffmann pediu que Gianderson Machado da Silva, que trabalha em uma empresa de extintores, deixasse de ser testemunha devido a um post da filha dele em uma rede social.

'Avisaram minha mãe que não tinha o que fazer, pediram para ela rezar', lembra sobrevivente

OBRAS E VENDA
Em depoimento, Mutti falou sobre obras feitas para que o prédio tomasse a forma da boate, ainda em 2009. Foi no final desse ano que, com dívidas, a família tentava vender a parte da boate. Quem teve interesse em comprar foi Elissandro Spohr. Segundo Mutti, o pagamento só seria feito depois que houvesse o alvará da prefeitura. Esse processo foi definido como "moroso" pelo engenheiro.

- Em 2010, saiu o alvará e o Kiko fez o pagamento. Entregou o carro e o dinheiro, e foi aí nossa passagem da boate Kiss. Desde 2009, nossa família saiu totalmente. O único contato que eu tinha, era quando o Kiko ligava para dúvidas sobre obras - contou.

Produtor musical afirma que teve uso de pirotecnia proibido por Kiko na boate Kiss

Elissandro começou a trabalhar ainda antes, conforme o relato de Mutti. Em dezembro de 2009 ele já participou de uma festa no Natal. A relação de Mutti com a boate, porém, seguiu de outra forma. Segundo ele, "quando Elissandro ligava", o engenheiro tirava dúvidas sobre obras. Entre os assuntos que já conversaram, um foi as adequações ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC), que exigia intervenções referentes ao isolamento acústico da boate.

- Ele não me deu muitos detalhes, disse que continuava se incomodando, tinha um TAC e exigiram intervenções na boate - relatou.

Questionado pelo juiz, Mutti afirmou acreditar que a boate era segura. Ele lembrou que, 30 dias antes do incêndio, foi a uma festa na Kiss. Foi a primeira vez em três anos que o engenheiro retornava à boate.

PERGUNTAS
A defesa de Mauro Hoffmann iniciou os questionamentos. Seguiram perguntas sobre as obras e se Mutti tinha conhecimento sobre a participação do réu na boate, seguindo a linha que é apresentada desde o começo do júri em tentar desvincular Mauro das decisões da Kiss, sendo apenas sócio investidor. Os representantes do MP 

À defesa de Elissandro Spohr, Mutti falou sobre o indiciamento da Polícia Civil e a acusação de ter usado a irmã como "laranja" na boate. Ele enfatizou que, em um dos processos de falsidade ideológica, houve absolvição.

- Nós fomos tratados como bandidos. Fomos lá para esclarecer e saímos de lá indiciados - falou.

Depois do incêndio, Mutti teve conhecimento do abaixo-assinado. Na época, ele foi processado pelo MP e depois foi absolvido. O processo surgiu durante a investigação do incêndio na Kiss. Em 2014, o MP denunciou 43 pessoas, que teriam assinado o documento, e também foram absolvidas.

Ao MP, Mutti teve que justificar mais uma vez e afirmar que não era sócio da boate. Em documentos, foi apontado o nome do depoente como proprietário, ao que ele completava: "por engano".

A promotora usou uma matéria do Diário, de junho de 2009, em que anunciava as obras para inauguração da Kiss. Na época, o texto citava que a casa noturna teria capacidade de até 1,5 mil, conforme um dos sócios informou a reportagem, Alexandre Costa. Tiago Mutti negou, no depoimento, que a área da Kiss comportasse esse número.

REPERCUSSÃO
O delegado de polícia, Marcelo Arigony, que conduziu o inquérito do Caso Kiss se manifestou em rede social sobre o depoimento de Mutti. O delegado fez referência à Canção da Meia-Noite, da dupla Kleiton e Kledir para criticar o depoimento de Mutti.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Ex e atual presidente da AVTSM se encontram em Porto Alegre e falam sobre o júri

Quinto dia de júri termina às 19h40min Próximo

Quinto dia de júri termina às 19h40min

Geral