júri da kiss

'Avisaram minha mãe que não tinha o que fazer, pediram para ela rezar', lembra sobrevivente

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Foto: TJRS (reprodução)

O segundo depoimento do sábado colocou mais um sobrevivente em plenário para narrar a noite do incêndio. Maike Adriel dos Santos esteve pela primeira vez na Kiss na noite da tragédia para acompanhar a melhor amiga, que estava comemorando o aniversário. 

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">No momento de mais emoção do depoimento, o Ministério Público mostrou uma foto tirada no dia o incêndio, onde aparecem Maike e outras cinco amigas - apenas Maike e só uma das meninas sobreviveram.

- Foi a última foto que tiramos juntos - disse. 

No relato, carregado de lembranças dolorosas, Maike conta que perdeu a consciência dentro da boate, enquanto tentava sair do local. 

- Parecia que a gente estava respirando fogo, tudo queimava. Chegou um ponto que eu não enxerguei mais nada. Eu apaguei dentro da boate e só acordei quando já estava na calçada. Não sei se eu consegui caminhar até lá ou se alguém me tirou de dentro, isso realmente eu não lembro - descreveu.

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Do lado de fora, Maike encontrou outra amiga que havia saindo da boate antes do fogo começar para fumar. Ela parou um carro que passava pela Avenida Rio Branco, próximo da Kiss, que o levou até o Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo (na época, Hospital de Caridade). Lá, Maike ficou em coma por uma semana e cerca de um mês hospitalizado.

- Tive queimaduras nas duas mãos e na perna esquerda, além de problemas pulmonares por causa da fumaça. Chegou um momento que avisaram a minha mãe que não tinha o que fazer, pediram para ela rezar, porque dependia de mim reagir - conta. 

Formado em Desenho Industrial, Maike afirmou que teve dificuldades física, após o incêndio, para realizar o seu trabalho. O sobrevivente também disse que não havia sinalização clara para sair da boate, nem ouviu ninguém da banda alertar sobre o início do incêndio.

TRATAMENTO

Maike carrega as marcas e cicatrizes do incêndio nas mãos. Durante mais de um ano, ele precisou fazer tratamento pulmonar. Também teve traumas após a tragédia.

- Meu tratamento psicológico foi conhecer os pais das minhas amigas que morreram. Perdi elas, mas tive o conforto deles, dos familiares. Com certeza ainda pesa muito tudo isso, ainda tenho resquícios de traumas. Tive crises de ansiedade, medo de aglomeração, medo de estar com muita gente em volta - destaca. 

Questionado pelo juiz Orlando Faccini Neto sobre o sentimento de depor em plenário e relembrar tudo o que aconteceu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, Maike respondeu:

- Acho que é a primeira vez que nos deram voz ativa. Porque sempre contavam a história por nós, ou nos culpavam. Colocaram a culpa nos pais, nos sobreviventes, nas vítimas. Não me culpo por ter sobrevivido, mas pela impotência de não conseguir salvar ou ajudar minha amiga, porque estávamos distantes naquela hora.

SOBRE OS RÉUS

O sobrevivente contou que nunca foi procurado pelos réus ou pelos advogados após a tragédia. Ele caracteriza como "cinismo" a atitude deles:

- Nunca ouvimos um pedido de desculpas. O que eu vi foi mais cinismo, foi vitimização de tudo que está ocorrendo. Sempre foi nós por nós, familiar por familiar, mãe amparando sobrevivente.

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