Fotos: Beto Albert
Leonardo e Juraci aguardam o retorno das aulas.
O Conselho Tutelar de Itaara está apurando o caso de alunos do município que estão sem aula há dois quase dois meses. São moradores da Estrada Rincão dos Minello, em que o transporte escolar não consegue chegar a todas as residências pelas péssimas condições da via, que é estreita e tem vários buracos e locais onde um micro-ônibus não consegue passar com segurança.
Os transtornos ocorrem desde as fortes chuvas nos últimos dias de abril, quando o riacho ao lado da estrada transbordou e transformou a via em um rio, com forte correnteza, que provocou estragos. Para entender a situação, o Conselho esteve em reunião na manhã desta terça-feira (25) com a prefeita do município, Salete Desconzi.
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São mais de 7 km de estrada de chão até a BR-158. Hoje, com muitos pontos instáveis e vulneráveis a novas chuvas, mesmo após alguns ajustes, a passagem é estreita e precisa de atenção dos motoristas.

As condições impossibilitam que o ônibus faça o tradicional trajeto, por consequência, 11 alunos estariam com problemas para ir a escola. O dado é da secretária de Educação municipal, Claudia Lara do Amaral.
O transporte funciona, mas nem todos têm acesso. Ele foi restabelecido em meados de maio, mas exige que o aluno percorra alguns quilômetros para pegá-lo, no começo da estrada. A preocupação é da aposentada Juraci Pereira dos Santos Zimernan, 66, que tem o filho Leonardo dos Santos, 10 anos. A angústia com toda a situação assusta a família, pois Juraci diz que o filho deveria estar na escola, aprendendo:
– Gostaria que voltasse o transporte de novo para ele voltar a estudar, porque ele já está com 10 anos. Ele já perdeu um mês e pouco de aula. Nesse meio tempo, veio só cinco folhas de atividade, que a escola veio trazer. Já pedi para a escola mandar por internet, algo assim, mas não mandam.
O estudante do 4⁰ ano Apolo Matheus Marafiga, de 10 anos, é outro que está em casa nestes quase dois meses. Ele diz não lembrar qual foi o último conteúdo que aprendeu na escola. Ainda assim, fez prova e se deu bem, completa a vó Elizabete Berguer, 68 anos:

– Nesses dias, recebeu umas cinco folhas com atividade. Nos poucos que conseguiu ir na aula fez uma prova e foi bem.
Acesso ao transporte escolar na comunidade
- Sem funcionamento – Após as fortes chuvas que iniciaram nos últimos dias de abril
- Retorno do atendimento – Meados de maio, e com novos ajustes o transporte conseguiu ir até metade da estrada, na Associação dos Moradores
- Mudança no embarque – Depois da chuva dos últimos dias (18 e 19), o transporte retornou a pegar os alunos no início da estrada
Recuperação do tempo perdido
Em resposta aos questionamentos sobre o acesso de alunos ao material durante esse período, a secretária de Educação explica que prezaram por iniciar uma recuperação no segundo semestre.
– Para os alunos que estão longe, no segundo semestre, com a normalidade do transporte, teremos recuperação, além das aulas normais. No fim, queremos que ele não tenha uma perda de conteúdo.

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Investigação do Conselho Tutelar
A coordenadora do conselho tutelar Betânia Bohrer explica que a denúncia foi feita há uma semana. O protocolo de ouvir as diferentes partes envolvidas é comum ao órgão. Ela explica:
– O objetivo é ouvir as ações da gestão municipal para minimizar ou terminar com essa situação dos alunos. Não havendo um avanço, encaminhamos essa informação com o Ministério Público.

Respondendo as questões, o procurador jurídico municipal, Roger de Castro, indicou que já existe uma conversa com a Promotoria Regional de Educação sobre o assunto. E que buscarão aproveitar o tempo bom para retornar com os ajustes na estrada. Ele complementa:
– Semana passada, já tivemos com reunião com a o Ministério Público. Eles estão acompanhando o caso desde as chuvas fortes, já que decretamos Estado de Calamidade. E, hoje (terça) de manhã, o Conselho Tutelar nos trouxe essa questão, que já vínhamos conversando. Não temos prazo a cumprir, ainda que buscamos urgência.