sem estudar

Devido à falta de transporte, alunos de escola de educação especial estão há um mês sem aulas

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
Escola atende jovens e adultos com surdez e outras deficiências

A falta de transporte escolar já deixa 27 alunos da Escola Estadual de Educação Especial Dr. Reinaldo Coser sem ir às aulas desde o dia 21 de fevereiro, quando começou o ano letivo. A escola atende jovens e adultos com surdez, além de outras deficiências.

O tempo longe do convívio em sala de aula, com professores e colegas, prejudica o avanço no desenvolvimento dos estudantes. É isso o que explica Lucélia Teixeira, 42 anos. Ela é mãe de Bruno Teixeira Rodrigues Correia, 23 anos, um dos 68 alunos da Reinaldo Coser.

- Isso prejudica todo o desenvolvimento do Bruno, porque, além da surdez, ele tem paralisia cerebral. Então quando ele está conseguindo desenvolver isso é interrompido e começa de novo do zero - relata Lucélia.

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Conforme ela, o filho sente a falta e a necessidade da interação escolar. A mãe menciona os pedidos recorrentes de Bruno para voltar a estudar:

- Ele vem e fala em libras que tá com saudades da Coser e, às vezes, ele chora e eu preciso acalmar, fica agitado, fica nervoso. Ele vai na plataforma online ver se tem aulas mas não tem mais. É triste ver como estão tratando a educação - completa.

Com a interpretação da mãe, que aprendeu libras logo após o nascimento do filho e acompanha o desenvolvimento de perto, Bruno descreveu a saudade da escola:

- Sou do oitavo ano, sinto saudade da escola, carregar a pasta, ir para a escola, ver colegas. Estou cansado de ficar esperando - afirma o jovem.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
Bruno aguarda ansioso para voltar as aulas

Em 2021, os estudantes chegaram a ter transporte garantido durante o retorno das aulas presenciais. Porém, neste ano, alunos de diversas regiões de Santa Maria são atingidos. Segundo Jeferson Miranda, diretor da Reinaldo Coser, a comunidade escolar aguarda uma definição por parte da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

- A Seduc está organizando a questão dos contratos e parece que sexta-feira vão nos dar um retorno. Nós estamos aguardando. Eles não deram um prazo. As famílias estão ansiosas e os alunos também estão nervosos porque gostariam de voltar para a aula. Está muito difícil - expõem o diretor com o auxílio da intérprete Márcia Dallasta Caetano.

O diretor frisa a necessidade de que o transporte seja normalizado o quanto antes para o retorno de todos os alunos. 

PROBLEMA GENERALIZADO

A falta do transporte escolar tem atingido outras escolas estaduais da região. Ainda em fevereiro, sete colégios rurais ficaram sem transporte na retomada do ano letivo. Na época, em resposta ao Diário, o coordenador regional de Educação, José Luis Viera Eggres, relatou que o problema acontece em município não conveniados com o Estado pelo Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar (PEATE).

Na Região Central, cinco municípios não são contemplados pelo programa: Santa Maria, Jaguari, São Francisco de Assis, Cacequi e Dilermando de Aguiar. Em Santa Maria o transporte ainda não foi retomado e os estudantes seguem prejudicados.

NA ESPERA POR SOLUÇÃO

Outro jovem afetado pelo problema é o Elias Maier, 19 anos, que tem caminhado até a escola e perdido aula em dias de chuva. Para a mãe, Irena Leopoldina Maier, 56 anos, a falta de transporte representa, também, um perigo ao filho e demais estudantes.

- Nós moramos no parque Dom Antônio Reis e o Elias tem ido e voltado a pé da escola. Eu vou com ele até a rodovia para fazer a travessia, porque é bastante movimentada e, como ele é surdo, eu fico com receio que sofra um acidente - conta a mãe.

No dia 18 de março a reportagem entrou em contato com a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ªCRE), responsável pelo gerenciamento do transporte escolar em Santa Maria e região, mas não obteve retorno. Nesta terça-feira o Diário contatou a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) que divulgou nota sobre a situação.

No documento a Seduc informa que 465 municípios integram o Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar (PEATE) e que, neste ano, recebem o repasse financeiro de R$ 209 milhões do governo do estado. Já para as 27 cidades que decidiram não integrar o PEATE, entre elas Santa Maria, a contratação das empresas responsáveis pelo transporte escolar é feita por meio de licitação.

Ainda na nota, a secretaria afirma que em relação ao transporte da Escola de Educação Especial Dr. Reinaldo Coser, "o processo licitatório está em fase de contratação. A previsão é que o serviço esteja normalizado no decorrer da próxima semana". 

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