Desenvolvimento

Novo presidente quer reorganizar o Secovi após fim da cobrança sindical obrigatória

Diogo Brondani


Foto: Diogo Brondani (Diário)
Menezes planeja desenvolver o setor com capacitação de corretores e síndicos

Nos próximos quatros anos, o Secovi Centro Gaúcho - Sindicato da Habitação terá um diretoria liderada pelo presidente Cristian Farias Menezes, 34 anos. Com mais de 10 anos de experiência no setor, ele atua no ramo de administração de condomínios. Depois de integrar a diretoria da última gestão que comandou o Secovi, como diretor de relações de trabalho, o administrador foi eleito presidente. A partir de agora, Menezes quer implementar melhorias e ações na entidade que representa mais 40 associados entre condomínios residenciais e comerciais de Santa Maria e outros 36 municípios da região.

- O que me motivou ao cargo foi a demanda dos problemas do setor que precisam ser resolvidos, tanto de condomínios, na questão de capacitação para administração, quanto aos que existem junto a esfera pública. Além disso, é uma oportunidade de contribuir para o mercado imobiliário e para o desenvolvimento da região - explica.

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A maior meta será reorganizar o setor após a mudança na Reforma Trabalhista que derrubou a obrigatoriedade da contribuição sindical.

- Sem a contribuição, o sindicato passará a ser uma entidade mais profissional. Terá de trazer, não só para o associado, mas para sociedade, uma série de serviços para que toda comunidade veja vantagem em o Secovi existir - diz o presidente, cujo mandato vai até 2022.

Segundo Menezes, a sociedade ainda vê sindicatos em geral como algo nocivo, em função de algumas organizações terem se envolvido com política e escândalos. Mas garante que as entidades existem para dar representatividade e ajudar nas regulamentações, orientar pessoas e prestar serviços à comunidade.

Confira, a seguir, trechos da entrevista que ele concedeu ao Diário:

Diário de Santa Maria- Como está o setor hoje?
Cristian Farias Menezes - Chama a atenção a importância do setor imobiliário para a cidade. É praticamente fundamental, e, ao mesmo tempo, carente de representatividade. A gestão de condomínios ainda é uma atividade que sofre com legislação e com a falta de conhecimento. O Secovi trabalha para aperfeiçoar isso por meio da profissionalização da administração de condomínios, do desenvolvimento de síndicos profissionais e ao contribuir para a representatividade, para que seja mais fácil a vida de quem chega na cidade para comprar ou alugar um imóvel. 

Diário - Qual será o foco de sua gestão?
Menezes - Será a capacitação dos profissionais que trabalham no mercado imobiliário: corretores, auxiliares administrativos, vistoriadores, e, principalmente, os síndicos, para que possam conhecer a legislação e entender os riscos que têm, sendo responsáveis civil e criminalmente pelo condomínio. Além disso, a gente quer poder contribuir junto dos órgãos públicos para diminuir a burocracia. Já tivemos casos de empresários que deixaram de investir pela demora para conseguir um alvará, por exemplo. Isso é nocivo ao mercado e a sociedade, pois deixa de gerar empregos.

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Diário - Quais seriam os benefícios da capacitação? 

Menezes - Um corretor bem instruído vai prestar um serviço melhor na hora da compra e da venda. O Secovi tem a função de orientar quais os cuidados que o consumidor tem de ter na hora de fechar o negócio, bem como evitar fraudes, como de um serviço prestado com preço muito além do normal. Isso ocorre bastante pela falta de profissionalização.  

Diário - Que ações serão tomadas para a profissionalização de síndicos?
Menezes - Há muitos síndicos atuando sem o mínimo conhecimento do que estão fazendo, mas isso está mudando. Os condomínios estão entendendo que é preciso a contratação de profissionais. Existe um projeto de lei para que síndico vire profissão, não só pela responsabilidade, mas pelo nível de conhecimento e qualificação que essa pessoa deve ter. Para evitar aventureiros, a grande sacada dos condomínios é remunerar bem e exigir que o profissional seja qualificado. 

Diário - Como deve ser abordada a questão do morador inadimplente?
Menezes - Muitas vezes, por falta de conhecimento, o síndico não sabe como cobrar. Não é pelo fato de um morador estar inadimplente que ele pode ser exposto. Ele não pode ser proibido de usar áreas comuns, por exemplo. A cobrança tem que ser judicial. Se ocorrer qualquer privação, é um abuso de direito que pode gerar para o condomínio um (processo por) dano moral. E casos como esses têm aumentado muito.

Diário - Hoje há corretores atuando de forma individualizada. Isso é um problema?Menezes - Pelo ponto de concorrência, o trabalho individualizado é bom. Todavia, há que se tomar cuidado com pessoas que estejam atuando de forma pouco profissional ou aventureira. Esse é um setor que exige alta especialização, porque envolve uma série de legislações. Vejo com muita cautela essa individualização. Será que (o corretor) tem estrutura para atender bem o cliente? Um dos departamentos fundamentais da maioria das imobiliárias é o jurídico, que pode orientar na partilha de um imóvel, por exemplo. Um corretor bem estruturado com contador, advogado, vai poder ajudar tanto quem está vendendo quanto quem está comprando. E, talvez, quem está se aventurando, não consiga dar esse suporte ao cliente. 

Diário - Há casos de pessoas que não são corretores em atividade no setor?
Menezes -
Tem muita gente trabalhando na intermediação de compra e venda que ainda não fez o curso ou não está devidamente credenciado. Ele não pode ser chamado de corretor. Agenciadores e consultores devem ser evitados. Da mesma forma, quem for trabalhar com administração de condomínios precisa ter formação na área, para ter conhecimento em contabilidade, finanças, Direito e outras áreas. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) é uma entidade parceira que trabalha com a gente no intuito de inibir irregularidades. O Secovi orienta que se evite a prostituição do setor, principalmente quanto a profissionais que cobram menos da metade do valor da taxa de corretagem. Depois, há riscos de problemas por causa de uma negociação mal feita.

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Diário - Quando o profissional pode negociar um imóvel? 

Menezes - Quando ele ganha o número de registro profissional de corretor junto ao conselho. Mas para isso, é preciso realizar um curso de Técnico em Transações Imobiliárias. Esse registro serve para o consumidor consultar no banco de dados se o corretor está devidamente credenciado. Hoje, várias instituições oferecem essa capacitação na cidade. 

Diário - Como analisa a proibição do tabelamento de taxas de corretagem por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o fim da exclusividade de venda/locação de imóveis?
Menezes -
É uma decisão justa. Por um lado é bom porque evita a prostituição do mercado. Por outro, pode ser nociva, porque sempre tem aquela pessoa mal-intencionada e disposta a pagar menos. Uma empresa ou corretor que esteja cobrando muito barato vai estar atrelado a uma qualidade menor de prestação de serviços. Problemas em transações de compra e venda são inúmeras. Quanto ao fim da exclusividade, já é praticada. O proprietário sempre informa quando coloca o imóvel à venda ou para locação em mais de uma imobiliária. Quando há exclusividade, o imóvel tem uma ênfase maior, com investimento mais alto em publicidade. Na verdade, a decisão só vai Só vai formalizar o que já existe. 


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