gastos

Famílias endividadas são recorde em 11 anos

Francine Boijink

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Lucas Amorelli (arquivo)

O número de famílias que encerrou o ano de 2021 sem conseguir pagar todas as contas foi o maior registrado nos últimos 11 anos. Cerca de 88,7% dos lares gaúchos encerraram o ano passado com dívidas, enquanto em dezembro de 2020. o índice era de 71,6%.

É o que aponta uma pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Gaúchos, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada pela Fecomércio. Um cenário com reflexos que devem seguir fazendo parte da realidade em 2022 e sem perspectiva de melhora para o primeiro trimestre deste ano.

A perda de poder aquisitivo, gerada pelo desemprego e pela realocação de profissional no mercado de trabalho, por exemplo, recebendo um valor menor, é um dos motivos elencados para tal agravamento. Ainda conforme o economista e professor da Universidade Franciscana (UFN) Mateus Sangoi Frozza, outro fator que interfere no endividamento são os gastos inesperados com a saúde, ainda mais neste período marcado pela pandemia e por um cenário de incertezas.

Além disso, de acordo com Frozza, é necessário que ocorra um letramento financeiro, uma compreensão do porquê se chegou a esse estágio de endividamento.

- Um exemplo é a própria dinâmica dos juros compostos presentes no cartão de crédito, no carnê das lojas e no financiamento do carro. Eu preciso entender porque cheguei nesse estágio de endividamento e muitas pessoas não entendem como chegaram nesse estágio, como uma dívida de R$ 1 mil vira R$ 5 mil em seis meses e vira R$ 10 mil em 12 meses, que é os juros compostos - explica o professor.

Para o início de ano, época acompanhada de gastos já considerados tradicionais para o período, o cenário ligado ao endividamento das famílias pode apresentar agravamento.

- É um período de muito gasto, é gasto com IPTU, IPVA, com material escolar e tem incerteza em relação a essa nova variante da Covid-19. Então não vejo perspectivas de melhoras para o nosso primeiro trimestre. De janeiro a março, eu não vejo mudanças significativas, ainda mais que o governo não acenou ainda com a continuação do auxílio emergencial, com a questão do Pronampe, que é uma linha de crédito para os pequenos empresários, com a renegociação das dívidas também para os micro e pequenos empresários - explica Frozza, ao ressaltar que o cenário é considerado nebuloso para que seja possível afirmar melhoras nesse sentido.

Programa beneficiará mulheres chefes de família em Júlio de Castilhos

Como delineamento de soluções para esses problemas Frozza elenca como sendo uma delas a renegociação, com um planejamento prévio e ciência de qual o valor da parcela passível de pagamento. Além disso, de acordo com o professor, outro ponto está relacionado à legislação ligada ao superendividamento, podendo ser feita uma recuperação judicial por meio do CPF e não pelo CNPJ.

- Eu aconselho as pessoas a buscarem advogados que trabalhem na linha do consumidor ou o próprio Procon para fazer esses encaminhamentos - orienta o professor, acrescentando que o momento é de mudança de comportamento, dos gastos serem revistos.

- Nada melhor o ano de 2022 com essa mudança - finaliza Frozza.

DÍVIDAS ATINGEM TANTO OS MAIS POBRES QUANTO OS MAIS RICOS

Em novembro de 2021, ainda conforme a pesquisa da CNC, o número de famílias endividadas no Rio Grande do Sul era de 86,1%. Número que subiu para 88,7% em dezembro de 2021, enquanto que no mesmo mês do ano anterior era de 71,6%.

Acréscimo que é percebido com mais intensidade nas famílias com renda menor, com rendimento de até 10 salários mínimos, com 90,9% estando endividadas, a maior porcentagem da série histórica.

As famílias de maior renda também não escaparam das dívidas. Em novembro de 2021, 75,5% dos lares mais abastados estavam endividados, número que subiu para 79,6% em dezembro.

Já em relação ao comprometimento com as dívidas, no momento, a média é de 6,8 meses, registrando um aumento ao ser feita a comparação com o mês anterior, quando era de 6,5 meses.

Em contrapartida, o percentual de famílias sem condições de pagar as dívidas nos próximos 30 dias registrou, segundo a pesquisa, nova mínima história, de 2,4%. A queda no indicador é avaliada como decorrente do comprometimento das famílias para estar com as dívidas pagas.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

IPVA 2022 pode ser parcelado em seis vezes Anterior

IPVA 2022 pode ser parcelado em seis vezes

Programa 'Fomento Mulher' beneficiará mulheres chefes de família em Júlio de Castilhos Próximo

Programa 'Fomento Mulher' beneficiará mulheres chefes de família em Júlio de Castilhos

Economia