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Moradores do bairro Rosário convivem com assaltos a pedestres e estabelecimentos

Foto: Natália Venturini (Diário)
Donos de minimercados preferem atender com grades fechadas para evitar novos assaltos

O pedido da comunidade do Bairro Nossa Senhora do Rosário às autoridades é um só: mais segurança. Cansados dos assaltos e de viver com medo, comerciantes optaram por atender os clientes por trás de grades de ferro. Esse é o caso de uma mulher que mantém um minimercado no bairro há 16 anos e já foi assaltada três vezes, mesmo com o reforço na porta. 

- Nós sempre cuidamos a entrada das pessoas, mas, às vezes, eles (assaltantes) acabam entrando junto. Quando é mais tarde da noite, eu atendo só pela grade, pois a rua costuma ser rota de fuga deles para a periferia. Já fomos assaltados, e, depois do susto, eu só agradeço por nunca terem machucado a mim a minha família - explica a comerciante, que pediu para não ser identificada.

A dona do mercado também conta que virou rotina escutar pessoas sendo assaltadas na rua e ver os ladrões passarem correndo em frente ao estabelecimento.
Em uma academia do bairro, a reclamação de falta de segurança se repete. O proprietário já teve prejuízos menores, com roubos de produtos e roupas que estavam no balcão da recepção, mas, em dezembro, precisou investir quase R$ 3 mil após uma tentativa de assalto. 
- Nós sempre tivemos grades da porta da frente e câmeras de segurança. Mas, quando usaram um reboque de carro para quebrar nosso vidro dos fundos, às 2h30min, nosso prejuízo foi grande. Não tanto pelo que foi roubado, porque levaram um celular antigo e uns R$ 70 do caixa, mas, sim, pela nossa troca do vidro, a colocação, com urgência, das grades e o pagamento de um vigia noturno para cuidar da academia na semana em que ela estava sendo arrumada - lamenta ele, que também pediu para não ser identificado.

Conforme o empresário, as câmeras do estabelecimento chegam a registrar, em média, uma briga de rua por semana, à noite. Alguns clientes também deixaram de frequentar o local à tardinha pelo medo da violência.
- Nós não temos um levantamento para saber quantos alunos cancelaram a matrícula, mas, pelos comentários dos nossos clientes, sabemos que muitas pessoas deixaram de se matricular em razão da falta de segurança - lamenta o proprietário.

VÍTIMAS
Além dos estabelecimentos comerciais, os pedestres também são vítimas dos assaltos. Conforme a 1ª e 3ª Delegacias de Polícia, de 1º de janeiro de 2017 a 27 de dezembro do mesmo ano, foram 159 roubos a pedestres e 14 roubos a estabelecimentos comerciais no bairro. Entre os moradores do local, o sentimento é de insegurança.
- Quando fui assaltada, corri atrás do assaltante, mas o perdi de vista e fui para a delegacia registrar a ocorrência. Lá, policiais militares viram que eu estava chorando e me perguntaram o que houve. Eu falei as características da pessoa que me roubou e disse que ele usou uma faca para me ameaçar. Quando cheguei em casa, recebi a ligação da delegacia dizendo que acharam ele e meu celular. Fui correndo buscar - conta uma mulher que vive no bairro há um ano e que também pediu para não ser identificada.   

Antes de se mudar para Santa Maria, a moradora vivia no Rio de Janeiro (RJ) e, por isso, diz que já está mais habituada à violência. Segundo ela, é necessário tomar uma série cuidados para não ser alvo de criminosos:
- Como tenho um ateliê, só recebo os clientes aqui em casa com horário marcado. Também cuido para o portão e a porta não ficarem abertos. Se vou dar uma passada rápida no Centro, já não levo celular, nem bolsa. Evito sair muito tarde e peço às pessoas que moram comigo para cuidarem a porta e os horários.

Outros vizinhos dizem já ter ouvido gritos de socorro e presenciado assaltos.
- Os assaltantes já estavam no pátio da casa da vizinha quando ela saiu para arrumar o gás e foi rendida junto com a mãe. Levaram um monte de coisas e saí- ram correndo - conta um morador, que também pediu para não ser identificado.
A vizinhança acredita que, se houver mais patrulhamento, os assaltos vão diminuir.

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL
Conforme o comissário Luiz Fernando Dorneles, da 1ª Delegacia de Polícia, já foram efetuadas sete prisões de suspeitos de assaltos no bairro ao longo de 2017. Também de acordo com ele, estão sendo feitas investigações de outras ocorrências, e muitos crimes são efetuados pelas mesmas pessoas. Ainda conforme Dorneles, menos de 10% dos roubos tiveram lesões graves, e os meses de maior registro de roubo a pedestres e a estabelecimentos comerciais foram julho e maior, respectivamente

Já o comissário Alcimar Castro Arnout Junior, da 3ª Delegacia de Polícia, afirma que há quatro mandados de prisão de suspeitos expedidos e que devem ser cumpridos em breve. Segundo o comissário, os assaltos no bairro ocorrem mais no início da manhã e da noite, e na maioria deles, os assaltantes usam arma branca (faca). Os dois comissários afirmam que as delegacias vêm trabalhando juntas para coibir os criminosos.

O QUE DIZ A BRIGADA MILITAR
Segundo o capitão Gustavo Dubou, a Brigada Militar realiza operações especiais, principalmente, quando o Centro Universitário Franciscano (Unifra) está em período de aulas, com rondas periódicas e policiamento de motos. Os policiais militares costumam ficar pelas redondezas da Unifra a partir das 18h30min até por volta das 22h, onde os roubos são mais recorrentes. 


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