A prática de exercícios físicos sempre fez parte da rotina do dentista José Carlos de Abreu Pithan, 68 anos. Desde a infância, ele pratica caminhadas, corridas e futebol. Atualmente, frequenta academia, joga tênis, futebol, luta judô e ainda sai para caminhar. São raros os dias em que não pratica nenhuma atividade física. Mas, agora, não é só por prazer que o aposentado malha. É por saúde.
Há cerca de 15 anos, Pithan descobriu que era hipertenso. Na época, ele teve uma lesão no tornozelo e ficou meses sem exercitar. E, durante exames de rotina, sua pressão arterial chegou a 17 por 10, marca considerada alta. Como havia histórico de hipertensão na família, o aposentado decidiu buscar por orientação médica.
Minha mãe e o meu irmão são hipertensos e começaram a tomar medicação mais jovens do que eu. Acho que ter praticado exercícios desde novo protelou o tratamento com medicamentos avalia.
Além da prática regular de exercícios, Pithan costuma ter uma alimentação balanceada: diminuiu a quantidade de sal na comida e evita comer frituras. Frutas e legumes também integram sua dieta habitual.
A única coisa em que eu não sou saudável é na cerveja. Mas é só de vez em quando. Chimarrão, eu também tomo, mas não é aconselhado para quem tem pressão alta. Não dá para tirar tudo que faz mal, né? brinca o dentista, que, mesmo com os deslizes, mantém a pressão em saudáveis 11 por 7.
Estima-se que cerca de 25% da população brasileira seja hipertensa, assim como Pithan. O problema é que, muitas vezes, o diagnóstico é tardio, porque a doença, grave, pode não apresentar sintomas.
A hipertensão é chamada de sina silenciosa porque a maioria dos hipertensos não sente nada. E justamente por isso, há pessoas com pressão altíssima que nunca chegaram a medí-la explica Eduardo Radins, cardiologista do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e do Instituto do Coração do Hospital de Caridade.
Uma pesquisa feita pela Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (Socergs), em 2010, indicou que 4,5% dos gaúchos nunca haviam verificado a pressão. O número caiu para 1,5% em 2013, mas ainda é preocupante, levando-se em conta que o exame é simples, rápido e gratuito.
O 26 de abril é considerado Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão. Para estimular você a se cuidar, trazemos algumas informações que podem salvar vidas.
Quem pode ter a doença?
Pare e pense: você está a cima do peso? Fuma? Vive estressado ou não pratica exercícios físicos? Se a sua resposta é sim para qualquer uma das questões, abra o olho e vá checar sua pressão. Mas o cardiologista Eduardo Radins alerta que, além dos fatores de risco, a hipertensão é genética em 95% dos casos. Então, se alguma pessoa de sua família tiver pressão alta, será mais um motivo para fazer um teste e procurar um médico.
A partir dos 12 anos, recomenda-se que seja feito o controle, principalmente por aquelas pessoas que têm na família casos pressão alta. Normalmente, as pessoas se preocupam com isso mais tarde, depois dos 35, 40 anos. Isso já foi até tema de campanha, para que os adolescentes e jovens verifiquem também. Pode salvar uma vida explica o cardiologista Daniel Souto Silveira, diretor da Socergs.
Segundo os cardiologistas, não existe uma frequência exata para verificação da pressão arterial. Uma vez a cada semestre pode ser suficiente para um jovem magro de 30 anos. Já quem tem tendência a hipertensão deve checar mais vezes, sempre de acordo com orientação médica. Mas mesmo um diagnóstico positivo para hipertensão não justifica pânico.
Quem tem pressão alta não precisa checar todo dia, toda semana, porque isso vira um estresse. A pessoa pode querer aumentar a dosagem da medicação e pode ficar com a pressão mais baixa do que deveria alerta Radins.
Possíveis consequências da pressão alta