chegada dos 'enta'

VÍDEO: os desafios e prazeres das mulheres depois dos 40 anos

Camila Gonçalves

Fotos: Pedro Piegas
Mariane (a partir da esq.), Elida, Débora, Vanessa e Daniela falam das experiências aos 40 anos

Decisões sobre família, maternidade, carreira e espiritualidade se  afunilam em um período da vida: os 40 anos. Considerada a idade da loba, o momento traz diferentes sentimentos para cada mulher. Algumas iniciam uma nova carreira ou curso, outras conquistam a liberdade sexual e a independência financeira. Porém, muitas delas enfrentam uma crise de identidade. 

A psicóloga Elida de Souza Rodrigues estuda dores psicossomáticas, doenças que têm origem na psique e que acabam sendo somatizadas pelo corpo físico, entre elas está a síndrome de fibromialgia. Um recorte do perfil de clientes delas impressiona: 90% são mulheres. Dessas, muitas estão na faixa dos 40 anos.

Chegar aos 40, para várias pessoas, representa uma mudança de vida. Segundo Elida, essa faixa etária provoca questionamentos porque indica o meio do caminho entre a juventude e a maturidade, e um desejo de autoafirmação, tanto pessoal quanto profissional:

- Não é depressão. É um estado depressivo, é um questionamento do que se quer para a vida. Na síndrome da fibromialgia, o psíquico não tem onde extravasar e descarrega no corpo. Nesses casos, se faz uma peregrinação por consultórios médicos e não têm um diagnóstico.

A profissional atribui a grande incidência dessas dores ao peso que acompanhou as conquistas feministas. O ingresso no mercado de trabalho, por exemplo, além de não ser justo em termos de remuneração, não trouxe o apoio necessário nas tarefas do lar. Com isso, a jornada ficou tripla para muitas mulheres:

- Elas têm de exercer papéis de mãe, esposa, dona-de-casa e profissional, e gostam de fazer tudo com perfeição. O ideal nessa fase é buscar espaços onde possam ser acolhidas e ouvidas em momentos de angústias e aflições, além de priorizar uma rotina de atividades físicas.


MUDANÇA DE ROTA
A empresária Débora Denardi, 44 anos, tomou uma das decisões mais importantes da sua vida aos 40: a separação. Depois das tentativas falhas de ter filhos pelo método tradicional, fertilização in vitro e até adoção, optou por recomeçar, colocando à prova todas as coisas. Ela, que já trabalhava no setor de marketing e vendas de uma empresa do ramo da saúde, abriu um coworking - espécie de escritório compartilhado por vários profissionais - e voltou a estudar.

- Comecei a desenvolver um trabalho que me desse realização pessoal. Estou cursando Saúde e Educação em Sexualidade e ofereço mentoria para transformação pessoal e relacional - conta.


Débora acredita que outra virada de chave aos 40 foi a escolha das amizades.

- Comecei a procurar relações mais verdadeiras, com comprometimento. Para mim, a chegada aos 40 representa a metade da vida. Este recomeço envolve pessoas e autoconhecimento - reflete.

PAUSA PARA REAVALIAR
Várias mudanças também aconteceram com a empresária Mariane Verardi Fighera, 40 anos. Dedicada ao trabalho de domingo a domingo, na nova fase ela começou a se questionar a respeito dos próximos passos e do que tudo ainda tem pela frente.


- Senti um frio na barriga. Comecei a refletir a respeito do que fiz, onde estou, o que pretendo fazer. Comecei a participar de sessões de reiki e, agora, acredito que estou em uma fase de avaliação. Neste contexto todo, não pretendo tomar decisões - conta.

Segundo ela, a mulher superpoderosa que dava conta da agenda da semana inteira passou a avaliar a necessidade de tanta correria.

NOVOS 30
A dermatologista Daniela Leal Sonego, 41 anos, nunca se sentiu tão bem. Ela diz que a fase é, de longe, melhor que os 30. Casada com o médico Marcos Kulmann, 42 anos, e mãe de Felipe, 8, ela construiu a família e a carreira de maneira planejada. 

- Me sinto realizada profissionalmente, mais madura. Aos 40, vejo o mundo de uma maneira especial. O ideal é que, aos 30,  a gente já percebesse a vida como a entendemos com mais maturidade. É um fase muito especial - diz. 


Apaixonada pela profissão e pela família, para Daniela, o único fator que pesou no período de transição da década foi a necessidade de ter ainda mais cuidados com a saúde. 

- O impacto foi físico. Nessa nova idade, sentimos que nosso organismo muda bastante. Percebo que tenho um rendimento menor - relata.


ESCOLHAS CONSCIENTES
A professora de Inglês e Italiano Vanessa Binotto, 40 anos, não chega a encarar a nova idade como um marco. Para ela, as reflexões que muitas mulheres se deparam aos 40 vieram mais cedo.

- Tive esse insight de pensar sobre o que estava fazendo aos 32 anos. Foi a época em que me senti mais madura - compartilha. 

Formada em Relações Públicas pela UFSM e também Comunicação Social na renomada Universidade de Pádova, na Itália, onde morou por 10 anos, ela também fez Mestrado em Linguística na Università per Stranieri di Siena. Em 2014, Vanessa mudou para a Alemanha, onde terminou a dissertação em Mannheim. Em 2016, voltou para o Brasil, onde lançou os cursos de Inglês para Viagens e Italiano para Viagens. 


Vanessa fala que neste ponto da vida, há uma certa pressão social por bens e construção de uma família, mas que tem consciência de que fez escolhas que queria. 

- Atrasei a questão profissional, a estabilidade financeira, etc. Entendo que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. A única coisa que me dei conta que poderia fazer a diferença é a questão da maternidade. Mas estou tranquila. Se eu não tiver filhos, vou continuar sendo tia. Além disso, considero a possibilidade de adoção, o que, para mim, é um ato de gratidão à própria vida - avalia.

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