Fotos: Pedro Piegas
A aposentada Ernestina de Oliveira (em pé) exerce o voluntariado na Ala 4 do Lar das Vovozinhas há 13 anos. Para ela, as tardes com as idosas representam amor e acolhimento
Aos 69 anos, a cozinheira aposentada Ernestina de Oliveira, ou apenas Tina, é exemplo de disposição quando o assunto é fazer a diferença na vida de quem precisa de carinho, cuidado e atenção. Para ela, cuidar das "vós", como se refere às idosas que moram no Lar das Vovozinhas, é uma missão enriquecedora e indispensável.
Tina conheceu a instituição há 13 anos. Decidida a colaborar em favor do bem-estar das vovós, todas as tardes, ela vai até à Ala 4 do Lar para arrumar o cabelo, fazer as unhas e ajudar a dar alimentação para as residentes do local.
- Em 2006, ao chegar no Lar das Vovozinhas, me apaixonei pelo lugar e percebi que precisava contribuir de alguma forma. Então, decidi fazer algo mais do que apenas conversar com elas - lembra Ernestina.
Ao longo dos anos, Tina realiza diversas atividades de apoio na entidade. Hoje, com o quadril debilitado e caminhando com o apoio de muletas, a ajuda que ela oferece é mais restrita. Embora vá a pé para o Lar, que fica a 500 metros da residência dela, a aposentada tem alguns movimentos limitados.
Segundo Tina, sempre tem uma cadeira no corredor da ala para que ela se acomode assim que chega:
- Minha alegria é ver as vovós se aproximando para que eu faça as unhas delas. Além de se sentirem mais bonitas, elas ficam muito felizes com a atenção que recebem.
A aposentada comenta que começou a ajudar o Lar das Vovozinhas com o marido, o aposentado Ivo Fernandes Ribeiro, 80 anos:
- Ivo trabalhou muito comigo. Com o avanço da idade, foi ficando mais difícil para ele vir até o Lar com frequência. Mesmo assim, ele não deixa de contribuir na organização das festas anuais. Nossos filhos, João Eduardo e Edson Tarcísio, nos apoiam muito nesta jornada.
Segundo a voluntária, deixar as unhas das idosas cuidadas e bonitas é uma forma de demonstrar amor e solidariedade
SOLIDARIEDADE
Para Tina, o trabalho voluntário é um porto seguro, visto que a iniciativa lhe proporciona a sensação de amor e de acolhimento.
- Gosto tanto de estar junto delas que sinto falta quando não consigo ir até o Lar. Na verdade, eu sou a beneficiada com todo o carinho que recebo a cada tarde. Realizarei este trabalho enquanto Deus me permitir - diz Tina.
Há seis anos, a voluntária está à espera de uma cirurgia no quadril. Entre os sonhos dela, está a expectativa da ajuda de um ortopedista.
- Se um médico intervir, tenho certeza de que terei mais qualidade de vida - acredita ela.
O desconforto para se locomover e a convivência com a dor no quadril não impede Tina de continuar o voluntariado:
- Como o Lar é próximo da minha casa, não tenho dificuldade para vir. Não sou refém dos problemas. Tenho duas mãos que me proporcionam dar carinho às vovós, e isso me faz muito feliz.
O enfermeiro Juliede de Almeida Coelho lembra que, quando começou a trabalhar no asilo, ainda como estudante, Tina já cuidava das unhas das idosas:
- Aos poucos, as vovós das outras alas se achegam para conversar com Tina. Quando percebemos, a voluntária está rodeada por elas.
Segundo Juliede, a dedicação de Tina tem muito valor para as vovós.
- Para uma avó que, com o passar do tempo ficou debilitada, receber este cuidado é gratificante - esclarece o enfermeiro.
Há cinco anos morando na instituição, Angélica Padilha é grata pela atenção que recebe de Tina:
- Todas nós sentimos falta quando ela não vem. Além de nos cuidar, Tina é uma amiga querida.
*Colaborou Gabriele Bordin