reportagem especial

VÍDEO: um ano após inauguração, Hospital Regional ainda não abriu nenhum leito

Dandara Flores Aranguiz

Fotos: Renan Mattos (Diário)/

O vai e vem sobre a abertura do Hospital Regional de Santa Maria ainda está longe de ter um fim. Aberto parcialmente há um ano, o prédio com 20 mil metros quadrados, que custou R$ 70 milhões aos cofres públicos e que levou 15 anos para abrir as portas à população - desde o projeto de execução da obra até a inauguração - opera com apenas um ambulatório desde 9 de julho de 2018. De lá para cá, muitas promessas foram feitas e as frustrações em relação aos prazos para a inauguração dos primeiros leitos de internação só aumentaram.  

Inaugurado às vésperas do fim do prazo que permitia a participação de políticos que iriam concorrer às eleições - com a presença do então governador José Ivo Sartori, pré-candidato à reeleição na época - a abertura ocorreu às pressas. Tanto que, no primeiro dia de atendimentos, o ambulatório recebeu apenas três pacientes encaminhados da região. O governo do Estado chegou a anunciar mais dois ambulatórios que entrariam em funcionamento em até um ano, o que viabilizaria as primeiras internações hospitalares, o que não ocorreu. O não funcionamento pleno do hospital já virou até motivo de investigação pelo Ministério Público Estadual (MPE), que abriu, em março, um inquérito civil para apurar a situação.

Com a mudança no governo, o Estado afirmou, em fevereiro, que não conseguiria sozinho arcar com os custos para abrir o complexo e buscou ajuda do governo federal para poder equipar parte do prédio e abrir os primeiros 130 leitos nas especialidades de cardiologia, neurologia e traumatologia. Em maio, o Ministério da Saúde sinalizou a liberação de R$ 50 milhões para o Regional e, com isso, criou-se uma nova expectativa.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que "tem concentrado seus esforços para transformar o Regional de Santa Maria em um hospital" e que a proposta de compra de equipamentos está em análise técnica no Fundo Nacional de Saúde. A SES afirma, ainda, que o ministério já acenou com a destinação de R$ 5 milhões mensais para o custeio do hospital após a habilitação. No entanto, ainda não há prazos para que esse recurso, de fato, entre nas contas do Estado, nem previsão de licitação para adquirir os equipamentos.

Enquanto isso, quase 8 mil pacientes de 32 municípios da região aguardam na fila por procedimentos cirúrgicos em especialidades anunciadas para o Regional, como traumatologia e cardiologia (confira abaixo). Só no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), são 1.306 pacientes na lista de espera por uma cirurgia na traumatologia. A falta de leitos 100% Sistema Único de Saúde (SUS) na região e a demora na abertura de novos leitos respingam diretamente no único Pronto-Socorro hospitalar do interior do Estado, que frequentemente enfrenta situações de superlotação.

LINHA DO TEMPO

2018

  • 4 de julho - Governo do Estado anuncia a inauguração do primeiro ambulatório do complexo
  • 6 de julho - Ambulatório especializado em doenças crônicas é inaugurado. Solenidade conta com a participação do governador José Ivo Sartori, pré-candidato à reeleição
  • 9 de julho - No primeiro dia de funcionamento do ambulatório, somente três pacientes são atendidos
  • 26 de julho - De acordo com o Instituto de Cardiologia, a abertura total do complexo hospitalar, operando em 100%, fica para 2020. O segundo ambulatório, o de reabilitação, que tinha previsão inicial para entrar em funcionamento em até 90 dias após a abertura do hospital, fica para julho de 2019
  • 27 de julho - Estado contesta prazos dados pela Fundação Universitária de Cardiologia. Secretário estadual de Saúde, Francisco Paz, diz que houve um mal-entendido e que os prazos permaneceriam os mesmos
  • 9 de agosto - Francisco Paz volta a afirmar que o Estado ainda trabalha com a perspectiva de abertura de 236 leitos e que o Regional deve ter 100% de condições de atendimento a pleno funcionamento dentro de 20 meses
  • 22 de outubro - Secretário Francisco Paz visita o complexo e justifica o atraso na abertura do segundo ambulatório por problemas técnicos, operacionais e orçamentários
  • 30 de novembro - Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz que um novo prazo para a abertura do ambulatório de reabilitação será definido após a conclusão de reparos e da total instalação dos equipamentos de diagnóstico de imagem. Assessoria do governador eleito Eduardo Leite afirma que, diante da crise financeira do Estado, não há como garantir o cronograma de abertura estipulado pelo governo atual

2019

  • 9 de fevereiro - Arita Bergmann, nova secretária estadual de Saúde, afirma que o Estado não tem condições orçamentárias e financeiras de assumir o serviço e que necessita de apoio do governo federal para compra de equipamento e custeio dos serviços
  • 12 de fevereiro - Centro de Diagnóstico por Imagem está 100% instalado, mas aguarda os trâmites da Vigilância Sanitária para poder entrar em funcionamento
  • 20 de março - O estudo técnico realizado pela Fundação Universitária de Cardiologia para avaliar os custos e projetar a captação necessária para a abertura dos primeiros leitos é apresentado, com previsão de investimento de R$ 72 milhões em equipamentos e um custeio mensal aproximado de R$ 8 milhões, para pagamento de salários, compra de materiais e medicamentos de rotina. As projeções foram feitas para atender 130 leitos hospitalares nas especialidades de cardiologia, neurologia e traumatologia
  • 3 de maio - Governo federal sinaliza liberação de R$ 50 milhões para equipar o complexo. Governo do Estado afirma que o fato de ter recursos federais significa estar mais perto da abertura plena 

MAIS DE 4,2 MIL ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO

O ambulatório de especialidades em doenças crônicas do Hospital Regional, que abriu as portas em 9 de julho do ano passado, é um dos poucos no país a oferecer atendimento integral individual a pacientes hipertensos e diabéticos. Cada paciente encaminhado para o ambulatório passa por um circuito de atendimento, pelo acolhimento com a equipe de enfermagem para, depois, ser avaliado por uma equipe multiprofissional e pelos especialistas, conforme a necessidade e a avaliação. O modelo quer ser exemplo para o resto do país.  

- Nossa proposta é diferente, é um serviço que não existe em outro lugar do Rio Grande do Sul. Aqui, o paciente SUS pode consultar com até 12 especialistas no mesmo dia, e sai daqui com todos os encaminhamentos para fazer os exames laboratoriais e de imagem que precisa. Isso em um espaço de três horas e meia, quatro horas. Em que outro lugar existe isso? - esclarece Elvis Prestes, diretor administrativo do Regional.

Conforme dados da Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), responsável pela gestão do complexo, de 9 de julho de 2018 a 31 de maio de 2019, foram atendidas cerca de 4,2 mil pessoas, totalizando mais de 35 mil consultas realizadas. Ainda de acordo com a direção do hospital, cerca de 20 pacientes encaminhados via 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS) são atendidos por dia, o que dá, em média, 220 consultas diariamente (somadas as especialidades oferecidas, que podem chegar a 12).

A idosa Sofia Maria Alves, 81 anos, é hipertensa e, em maio, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Aos poucos, ela está voltando a caminhar. Na última terça-feira, ela conseguiu encaminhamento para o ambulatório e passou pelo circuito de atendimento.

- Ela fazia acompanhamento com neurologista no Husm, aí tentamos marcar com o cardiologista por lá, mas nos disseram para procurar o posto de saúde, para poder encaminhar para cá. O atendimento é maravilhoso, se abrisse mais serviços, beneficiaria bastante. Pois, por mais que seja no postinho, demoraria uns seis meses para conseguir consulta com um especialista, e, aqui, a gente tem uns quantos. Esperamos 14 dias, até achei que ia demorar mais - relata Camila de Braga Müller, neta de Sofia.

Atualmente, os exames de imagem e diagnóstico solicitados pelos médicos ainda não estão sendo feitos no Hospital Regional. Os aparelhos necessários para a realização dos exames já foram instalados, mas faltam os trâmites da Vigilância Sanitária, que solicitou algumas adequações à empresa terceirizada. Por enquanto, as solicitações são encaminhadas para duas clínicas da cidade, até que o Centro de Diagnóstico e Imagem comece a operar.

Até agora, foram pagos R$ 10,8 milhões à fundação, dos R$ 17,3 milhões pactuados com o governo do Estado para o funcionamento do ambulatório.

ABERTURA PARCIAL RESPINGA NOS CORREDORES DO HUSM

Enquanto o Hospital Regional ainda está distante de ser a referência em alta complexidade estadual em traumatologia, cardiologia e neurologia a qual se propôs, a criação e a abertura de novos leitos de internação é aguardada não só pelos pacientes que esperam por procedimentos nessas especialidades na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) na região, como também pelos profissionais que trabalham na linha de frente do maior hospital público do interior do Estado, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).

Hoje, o Husm oferece 403 leitos de internação e é o único que conta com um Pronto-Socorro 100% SUS na região, sendo referência em urgência e emergência para a população de 45 municípios. Há anos, o hospital enfrenta um problema crônico de superlotação, que não deve se resolver por completo com a oferta dos leitos do Regional, mas que deve ter a situação minimizada. Na sexta-feira, havia 63 pacientes internados no PS, sendo 23 em leitos e 40 em macas (21 acima da capacidade máxima).

Segundo a superintendente do Husm, Elaine Resener, de 2014 a 2018, o hospital teve um aumento de 25,4% no número de leitos (de 320 a 403) e de 43,3% em internações (de 12.167 a 17.435) o que, de certa forma, fez com que a população sofresse menos o impacto não só do fechamento de leitos na região, como o da não abertura de novos.

- O Hospital Regional tem como vocação o atendimento de traumatologia e reabilitação, que completa a linha de cuidado que inicia no nosso Pronto-Socorro, por exemplo, onde chega o paciente politraumatizado, o acidentado, que poderia ser estabilizado aqui e operado lá, sem que o Regional precisasse ter um PS aberto. Quem mais sente esse impacto são os pacientes que estão na fila e têm o seu quadro de saúde agravado e a oportunidade de reabilitação prejudicada, e por vezes até definitivamente comprometida - afirma.

Hoje, a maior demanda do Husm é na área de traumato-ortopedia. Conforme a superintendente, o hospital trabalha, atualmente, com um turno cirúrgico somente para atender ordens judiciais. E a demora em conseguir uma cirurgia ainda é agravada pela limitação imposta pelas emergências:

- Não conseguimos fazer mais cirurgias eletivas porque o Pronto-Socorro nos atropela. O paciente que chega por lá é sempre prioridade e são situações que geram conflito no hospital. As emergências são incontáveis e imprevisíveis. Também temos muitas adequações estruturais para fazer, questões legais para regularizar, mas como vamos fechar o nosso PS para uma obra? As pessoas não teriam para onde ir. Nossa expectativa é que o Regional tenha as suas portas abertas e que funcione efetivamente como hospital. Qualquer número impacta. Cinquenta leitos bem gerenciados num hospital que não tem emergência, consegue-se um resultado bem significativo - diz Elaine.

Atendimento parcial é investigado pelo MP 

São os serviços que estão deixando de ser prestados dentro da grande estrutura do Hospital Regional de Santa Maria que viraram motivo para o Ministério Púbico Estadual (MPE) abrir um inquérito civil em 22 de março deste ano. Conforme Fernando Chequim Barros, da 1ª Promotoria de Justiça Cível, as primeiras diligências são pedidos de documentações ao Estado:  

- Trata-se de uma investigação para verificar o porquê do funcionamento parcial do hospital. O ofício já foi respondido recentemente (pelo Estado), mas incompleto e, então, será reiterado a parte não atendida.

Conforme o promotor, o MP já tinha informações acerca da parcialidade do atendimento, mas a solicitação de providências foi por parte do Conselho Estadual de Saúde.

HUSM EM NÚMEROS 

  • 1.306 pacientes na fila de espera por cirurgia na traumatologia
  • 403 leitos ativos
  • Em 2018, realizou 17.435 internações, 270.159 consultas e 7,8 mil cirurgias
  • Também no ano passado, o hospital realizou 844.959 exames laboratoriais, 38.652 exames radiológicos, 11.406 exames de ultrassom e 19,7 mil tomografias computadorizadas
  • De 9 de julho de 2018 até 31 de junho de 2019, foram realizadas 7.604 consultas em pacientes com hipertensão e diabetes mellitus nos ambulatórios do hospital

Saúde fragilizada, na fila por uma cirurgia


Quem depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) sabe que, na maioria das vezes, a espera por uma cirurgia pode durar muito mais do que o previsto, principalmente, quando se trata de procedimentos de alta complexidade. De acordo com a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), que abrange 32 municípios da região, são mais de 7,8 mil pacientes na fila de espera por cirurgias nas áreas de cardiologia e traumatologia (confira no quadro ao lado), entre cirurgias eletivas e de emergência.

Para Humberto Palma, chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que também atua como ortopedista e traumatologista no hospital, os leitos abertos no Regional aliviariam a pressão sobre o Pronto-Socorro em cerca de 40%, o que daria mais qualidade no atendimento aos pacientes que entram com fraturas e traumas através do PS - cerca de cinco ou seis casos dão entrada para avaliação clínica por dia na emergência:

- Esses leitos seriam a oportunidade da Região Central resolver o problema em áreas críticas. Nosso sonho seria operar esses pacientes nas primeiras 48h ou 72h, mas a gente sabe que é uma utopia. Temos mais volume de entrada do que de saída no Pronto-Socorro.

No Husm, são feitas de 10 a 12 cirurgias na área de traumatologia por semana. Ao todo, o hospital tem seis salas de cirurgia, que são divididas entre as mais diversas especialidades.

- Nosso número de horas no bloco cirúrgico é restrito, porque temos que dividir com cirurgia geral, vascular, urologia, otorrino, cirurgia plástica... O Hospital Regional não seria a solução para a saúde como um todo, mas uma ajuda absolutamente significativa. Hoje, um paciente idoso com fratura, por exemplo, espera até 10 dias só pelo agendamento. Aí ele faz a cirurgia e tem uma complicação, porque ele esperou tempo demais e acaba ficando mais uns 15 dias para recuperar uma pneumonia ou coisas desse tipo - ressalta o médico traumatologista João Alberto Larangeira, que atua há mais de 20 anos no Husm e foi delegado do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) em Santa Maria.

O aposentado Carlos Kraetzig, 87 anos, mora no interior de Jari, na localidade de Rincão dos Pintos. Em 27 de junho, ele caiu sentado no banheiro e acabou fraturando o fêmur. O idoso deu entrada no hospital, via PS, no dia seguinte. Na sexta-feira, ao meio-dia, ele foi encaminhado para a sala de cirurgia. Às 16h30min, ele já estava na sala de recuperação.

- A cirurgia foi remarcada umas três vezes. Aqui tem muita gente no corredor, ele ficou no leito por uma semana, mas precisou dar lugar para outro paciente que precisava de oxigênio. Agora, colocaram ele no corredor. A gente sabia da situação aqui, mas é o único que tem. Meu pai está sendo bem atendido, só acho que está demorando. Seria interessante se abrissem lá (o Regional), acho que ajudaria - diz o filho, João Carlos Kraetzig, 60 anos.

COMPLICAÇÕES

Situações como essas precisam de respostas rápidas, mas que nem sempre se confirmam. Em pacientes idosos, a situação é mais grave, já que, normalmente, possuem uma comorbidade (diabete, hipertensão, cardiopatia ou problema respiratório) que pode gerar complicações durante esse período de espera em macas, e muitas vezes nos corredores do hospital.  

- Por si só, o idoso já é um paciente fragilizado, e ele fratura o fêmur, por exemplo, em traumas pequenos, como uma queda. É um paciente fragilizado do ponto de vista ósseo, mas também cardíaco, renal e pulmonar. Quanto mais rápido você opera, menor o tempo de internação, menor o risco de infecção, de insuficiência renal, de trombose. Quando você estica esse tempo de cirurgia, o paciente começa a ter complicações clínicas e o desfecho dele começa a piorar, aumentando o risco de infecções, além de demorar mais para ter autonomia - ressaltou Palma.

FILA DE ESPERA 
Pacientes que aguardam por procedimentos cirúrgicos nas especialidades consideradas prioritárias na região:

  • Cardiologia - 1.406 pacientes 
  • Trauma Geral - 951 pacientes 
  • Trauma de joelho - 1.811 pacientes 
  • Trauma de coluna - 2.533 pacientes 
  • Trauma de ombro - 1.187 pacientes 

*O número de pacientes que esperam por uma cirurgia na área de neurologia não foi informado 

Fonte: 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS)

Articulações políticas cobram celeridade


Enquanto a abertura plena do Hospital Regional não se concretiza, nos bastidores, a cobrança política pela abertura dos primeiros leitos de internação tenta destravar a morosidade no andamento do processo, que teve diversas etapas, promessas e expectativas frustradas ao longo do caminho.

Com a troca de cadeiras no comando dos governos estadual e federal, o discurso e o percurso percorrido pelos políticos da região parecem estar em sintonia. Para o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), essas articulações institucionais já renderam bons resultados, principalmente em relação à liberação de recursos para a compra de equipamentos para o complexo.

Em abril deste ano, Pozzobom esteve em Brasília reunido com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), para tratar sobre o funcionamento do Regional, onde apresentou o estudo técnico feito para avaliar os custos para a abertura dos primeiros 130 leitos. Para ele, esse foi o pontapé inicial que garantiu o apoio do governo federal para desamarrar as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado.

- As expectativas criadas não aconteceram, não por falta de vontade, mas porque não tinha dinheiro. Há muito tempo estamos cobrando, não importa o governo, esse é um compromisso meu. O detalhamento do orçamento, o que precisava para equipar o Regional, fomos nós que apresentamos nesta conversa, e o que fez a coisa andar. Cerca de 15 dias depois, o ministro ligou para o governador Eduardo Leite (PSDB) para comunicar que havia autorizado o cadastro de compra dos equipamentos - relatou.

Mesmo sem prazo para que os R$ 50 milhões sejam liberados pelo governo federal, Pozzobom acredita que a implementação dos leitos de internação está cada vez mais próxima:

- Eu sempre sou otimista. Ninguém concorda com a não abertura dos leitos, mas isso, com certeza, foi uma baita conquista. Temos uma relação muito afinada e próxima com o governo federal e do Estado, e isso está nos ajudando muito. O que era mais importante, que era garantir o dinheiro, fizemos em dois meses. Foi através de uma provocação nossa, que deu certo.

De acordo com Pozzobom, no dia 12 de junho, foi feito o cadastro descritivo da compra do material pelo Estado:

- Agora, estão fazendo um parecer técnico do cadastro. Falei com o ministro dia 1º, e ele me disse que, após essa etapa, o dinheiro vai para empenho.

NA REGIÃO 
O presidente do Consórcio Intermunicipal da Região Centro (Circ) e prefeito de São João do Polêsine, Matione Sonego (PMDB), não omite o fato de que o caminho até o funcionamento pleno do hospital é longo e gradual, mas ressalta que os avanços garantidos até agora foram um conjunto de esforços de representações políticas da região. 

- Não vai ser uma coisa que vai abrir de uma hora para outra, é um processo gradativo. O consórcio acompanha como prestador de serviços e se coloca à disposição caso algum repasse tenha que ser feito via Circ, ou até mesmo para auxiliar em alguma contratação. Aguardamos que esse recurso seja liberado o mais breve possível. Seria uma previsão muito otimista a abertura desses leitos para esse ano, mas o importante é que o processo está evoluindo - aponta.

Da mesma forma, o presidente da Associação dos Municípios do Centro do Estado (AMCentro) e prefeito de Restinga Sêca, Paulo Salerno (PMDB), acompanha de perto os debates por trás das articulações políticas:

- O ambulatório funciona de uma maneira muito eficiente dentro daquilo que ele se propõe, atendendo às demandas, mas não é aquilo para o qual o hospital foi definido. A gente acompanha com preocupação, porque o Husm, além de ter demanda da região, recebe pacientes via Pronto-Socorro e acaba sendo referência em todo o Estado, e sabemos da atual situação.

NA CAPITAL 
As discussões a respeito do complexo hospitalar também passam pela Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. O assunto já foi colocado em pauta diversas vezes na Comissão de Saúde e Meio Ambiente. No dia 26 de abril, o deputado Dr. Thiago Duarte (DEM) propôs uma audiência pública para discutir a prestação de contas do contrato estabelecido entre o governo do Estado e a Fundação Universitária de Cardiologia, que gere o Hospital Regional.  

A audiência foi aprovada por unanimidade, mas a data ainda não foi definida. O deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), que compõe a comissão na Assembleia, vê com preocupação a demora na espera por leitos e a indefinição no cronograma estabelecido pelo governo do Estado.

- Hoje, o hospital precisa de uma série de adequações estruturais pois ficou parado um tempo. Quem vai fazer isso? Como vai ser feito? Não adianta a gente criar uma expectativa positiva de que vão ser comprados os equipamentos e, quando isso acontecer, ter que esperar mais um tempo para colocar em uso em função da estrutura. Lamentavelmente, há uma falta de vontade política, e eu espero que ele não se torne no ano que vem uma promessa eleitoral para os prefeitos de alguns municípios que já se elegeram com a bandeira do Hospital Regional - comentou Valdeci.


 

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