Os últimos dias foram movimentados no cenário político de Santa Maria impulsionados pela destituição da direção do Partido Liberal (PL) e, como consequência, a saída de umas das pré-candidaturas a prefeito de cena, lançada ainda em 2023, e o protagonismo de uma vereadora. A crise tornada publica entre o MDB e um de seus parlamentares deu mais combustível à situação conturbada do ano eleitoral.
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Como há prazo da janela para vereador trocar de partido até 5 de abril e para políticos se filiarem ou mudarem de legenda até seis meses (6 de abril) antes do pleito, o cenário terá mais mudanças e até surpresas. Confira, leitor/eleitor, os fatos mais recentes e o cenário do momento:
Vem para o jogo
Secretário de Desenvolvimento Social do governo Eduardo Leite (PSDB), Beto Fantinel é o nome do MDB para disputar prefeitura. Embora tenha procurado pessoalmente conversar com dirigentes partidários (PSDB, Progressistas, PSDB, PDT, entre outros) e até com outros possíveis concorrentes, o deputado licenciado não admitiu publicamente a pré-candidatura.
À coluna, limitou-se a dizer que tem dialogado com os partidos sobre o processo eleitoral. Contudo, nos bastidores, Fantinel admitiu que, sim, vem para o jogo e espera o momento certo para anunciar a decisão, já que tem alguns projetos para tocar na secretaria antes de deixar o caso. O anúncio oficial deverá ocorrer na próxima quarta-feira (27). A procura, agora, será por um vice, que tem grande probabilidade de sair do Progressistas.
Sem aviso prévio
Lançado em setembro de 2023 à prefeitura, o empresário Ewerton Falk viu sua pré-candidatura ruir e sem aviso prévio. Por influência do deputado federal Luciano Zucco e com as bênçãos do ex-presidente Jair Bolsonaro, a cúpula nacional do PL destituiu direções em cidades gaúchas, entre elas Santa Maria – sob o argumento que o partido quer candidaturas 100% comprometidas com a direita conservadora.
Falk é o atual presidente do Instituto de Planejamento (Iplan) do governo Jorge Pozzobom, do PSDB, partido de centro. Com a intervenção do PL nacional, o comando local, liderado por Marco Mascarenhas e Falk, saiu de cena e também se desfiliou da legenda de Bolsonaro. O futuro do grupo, que foi convidado por diversos partidos, ainda está indefinido. PSDB e MDB são duas das siglas que estão de olho na turma ex-PL.
Aliança à vista
Pré-candidato a prefeito pelo Novo desde 2023, o ex-deputado Giuseppe Riesgo viu a possibilidade de formar uma coligação com PL ser muito real com a mexida no tabuleiro. A cúpula nacional nomeou de presidente a vereadora Roberta Leitão, ex-Progressistas, de quem ele é próximo. Além disso, Giuseppe tem uma ótima relação como o deputado federal Luciano Zucco, hoje o nome mais influente do PL no Estado.
Ambos foram colegas na Assembleia Legislativa e compartilham das mesmas ideias. O ex-deputado admitiu à coluna que “é bem possível” o Novo e o PL estarem no mesmo palanque pelo “alinhamento ideológico”. O vice de Giuseppe especulado é o jornalista Gustavo Lopes, novo vice-presidente do PL.
Nesta semana, o Novo fez um ato para filiação do ex-vice-prefeito Luiz Carlos Druzian, do ex-vereador João Kaus e do ex-treinador do Inter-SM e do Riograndense Sergio Savian.
Saiu sem ter chegado?
O ex-pré-candidato a prefeito Jader Maretoli anunciou sua filiação ao PL no ano passado com direito à foto ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, o ingresso na legenda no sistema da Justiça Eleitoral não foi efetivado. Antes mesmo da destituição da direção, o pastor já estudava deixar o PL pela proximidade com o governo Pozzobom.
No momento, Jader está conversando com o novo comando da legenda e analisa a situação para “fazer uma escolha” até o final do mês. Em caso de resolver deixar o PL, ocorrerá uma situação curiosa: saiu sem nunca ter chegado oficialmente.
Decisão consolidada
A pré-candidatura a prefeito do ex-reitor da UFSM Paulo Burmann está consolidada dentro do PDT. Agora, a legenda de Leonel Brizola trabalha para construir uma aliança com partidos em que há “convergências” de ideais, segundo Burmann, que também é presidente do partido. A direção do PDT já se reuniu com MDB, Podemos e PSB.
Paralelamente à aliança, o partido trabalha em uma nominada para a Câmara e estaria perto de anunciar o líder comunitário Zaloar Soares, até então 1º suplente do Progressistas, sigla do qual se desfilou durante esta semana.
Caminhos abertos
O maior partido de direita em Santa Maria, o Progressistas, não definiu seus rumos. Encomendou uma pesquisa que já está nas mãos da direção.
O partido tem conversado com PSDB, com o Novo e com o MDB, por exemplo. Pela proximidade com o ex-deputado Giuseppe Riesgo, o presidente do Progressistas, vereador Pablo Pacheco, teria o desejo de apoiá-lo. Mas parte do diretório defende a coligação com Beto Fantinel, tendência que deve se confirmar.
Em relação à Câmara, o Progressistas, que tinha a maior bancada, perdeu Roberta Leitão para o PL, e Anita Costa Beber balança para ir para o Podemos. Por outro lado, o partido anunciou a filiação do empresário João Provensi.
Um nome para compor
Depois de pacificar a situação interna com a permanência dos seus vereadores na sigla, Danclar Rossato e Paulo Ricardo Pedroso, o PSB colocou um nome na vitrine para uma composição na majoritária: a advogada previdenciária Manoela Fortes Teixeira. A direção do partido tem conversado com siglas, como PSDB, MDB e PDT. A tendência é ser vice, talvez, com PSDB ou PDT.
DNA Bolsonarista
A vereadora Roberta Leitão é a figura política em Santa Maria mais identificada com os princípios e valores defendidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em Santa Maria. A identidade de direita conservadora foi legitimada, agora, não só com sua filiação ao PL, mas com o comando da sigla local e com o aval do seu maior expoente: Jair Bolsonaro.
Diante desse respaldo e, como o principal nome hoje desse campo ideológico na cidade, Roberta é especulada, inclusive, para concorrer à prefeitura, o que ela mesma não afastou a possibilidade. Mas a tendência é ela concorrer à reeleição. E o PL de vice de Giuseppe Riesgo (Novo).
Ainda não bateu asas
Pré-candidato a prefeito do governo Jorge Pozzobom (PSDB), o vice-prefeito Rodrigo Decimo ainda precisar se filiar ao PSDB, uma vez que está no União Brasil, sigla que já fechou com o PT. Ele tem até 6 de abril para fazer a troca, e o PSDB prepara um ato com pompa e circunstância para o ingresso no ninho tucano. A vaga de vice de Decimo está aberta, e o presidente do PSDB, Guilherme Cortez, tem dialogado muito com diversos partidos, além das siglas da base – como o Republicanos –, o grupo retirado do PL e que continua no governo.
Há conversas com PSB, Progressistas. Durante a semana, houve, inclusive, um encontro entre Cortez e Beto Fantinel. O governador Eduardo Leite gostaria de ver PSDB e MDB juntos em Santa Maria e até trabalhou, nos últimos dias, para isso, contudo, no 1º turno, a possibilidade praticamente está afastada.
Estrutura pode pesar
Líder do Podemos, o vereador e comunicador Tony Oliveira segue com sua pré-candidatura a prefeito. Mas o projeto à prefeitura depende de ter uma estrutura, pois a sigla na cidade é pequena. O comunicador tem sido procurado por partidos de direita e do centro para encabeçar uma chapa como vice.
Convidado a se retirar
O vereador Tubias Callil foi convidado, gentilmente, a se retirar do MDB em nota divulgada pela direção o autorizando a procurar outras siglas na janela partidária. A relação vem desgastada desde as eleições de 2022, mas azedou de vez pelo fato de que ele, segundo a direção emedebista, estaria trabalhando contra o pré-candidato Beto Fantinel, o que Tubias nega.
Diante do desgaste, não há nem espaço para discutir a relação, já que cúpula tende a barrar sua reeleição. O vereador já disse que não precisa de autorização para deixar o MDB. Ele estaria de malas prontas para o PL.
A única dupla fechada
Pré-candidato a prefeito do PT, o deputado estadual Valdeci Oliveira é o único, por enquanto, com chapa completa. Inclusive, o ex-prefeito José Farret (União Brasil) confirmou ser vice antes mesmo de Valdeci confirmar a pré-candidatura.
Com a aliança formada pela Federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV), União Brasil e PSD, além do apoio Frente PSol-PV, a dupla lançou (foto), na última segunda-feira, o movimento “Diálogos por Santa Maria” para construção do plano de governo “participativo”.
Além disso, Valdeci e Farret têm aproveitado os finais de semana para visitar bairros e participar de festas nos distritos, além de atos das siglas da coligação, como o da noite de quinta-feira em que o União Brasil oficializou a filiação dos ex-vereadores Marion Mortari e Ovídio Mayer.