Em 20 anos, preço do arroz ao produtor subiu bem menos que a inflação

Nas últimas duas décadas, em que a inflação oficial do país teve um percentual acumulado de 207%, alguns preços agrícolas tiveram reajuste bem menor. O campeão de desvalorização é o arroz, cuja saca era vendida por R$ 24,40 em maio de 2003 – em valores atualizados pela inflação do período (207%), esse preço deveria ser hoje de R$ 105,60. 

Porém, dados da Emater Regional apontam que o preço médio do arroz hoje na região está em R$ 80,15 pela saca de 50 quilos, um aumento de 133% apenas em duas décadas.

Como os custos de produção subiram nesses 20 anos, muitos produtores de arroz reclamam estar tendo prejuízo ou com luro muito baixo – dependendo do quanto colhem por hectare. Em 2003, era 118 mil hectares plantadas. Atualmente, são 122 mil na região.

Outro produto agrícola que teve valorização menor do que a inflação em duas décadas foi o milho, cujo preço ao produtor subiu 197%. Já o preço da saca de feijão aumentou 222% em 20 anos, um pouco acima da inflação.

A saca da soja era vendida por R$ 32,90 em maio de 2003 e, agora, é cotada a R$ 122 em média, na região – aumento de 270%. A valorização seria bem maior se fosse mantida a cotação de março deste ano, quando a soja chegou a valor R$ 160, mas depois teve forte queda nos preços.

Porém, as carnes e os produtos agropecuários são campeões de aumento de preços ao produtor rural. O litro do leite subiu 591% de 2003 para 2023. Parte dessa alta se deve à seca deste ano, que prejudicou a produção e provocou aumento de preços. 

O boi vivo subiu 532%, e a carne suína, 455% em valores pagos aos pecuaristas. Porém, aumento de preços não significa alta do lucro, já que os custos também variam muito e têm crescimento expressivo, provocado por uma série de fatores.

Preços em 2003 e 2023

*Valor de 2003 atualizado pelos 207% da inflação do IPCA acumulada em 20 anos