Deni Zolin

Venda do Caixeiral: a luta para preservar o patrimônio histórico e evitar prédios fantasmas

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Foto: Renan Mattos, BD, 26/01/2021 (Diário)/Clube está interditado desde 2018, quando parte do telhado desabou. Direção não tem dinheiro para restaurá-lo

A notícia de que o Clube Caixeiral fará uma assembleia, em 10 de maio, para pedir autorização para a venda da sede da entidade, em frente ao Viaduto Evandro Behr, publicada em primeira mão pela coluna na sexta, causou grande repercussão na cidade e deixou muita gente dividida. Assim como há quem defenda que o prédio seja transformado em um centro cultural e seja contra a possível venda para ser transformado em loja ou outro empreendimento, outra parte da população apoia a venda por temer que, se isso não for feito, o edifício vai acabar se degradando cada vez mais e desabando. A sede, inaugurada em 1926 e tombada pelo patrimônio histórico, está interditada desde 6 de fevereiro de 2018, quando parte do telhado desabou após uma enxurrada.

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A direção afirmou que, se os associados autorizarem, serão levadas adiante as negociações, pois já haveria pelo menos uma construtora com proposta formal e uma rede de lojas de fora com demonstração de interesse em comprar o prédio. Segundo os diretores, as avaliações de duas imobiliárias apontaram valores de R$ 12 milhões e R$ 15 milhões. Se a venda for liberada e concretizada, o valor do negócio deve ser usado na compra de outra área mais afastada do Centro para construir uma nova sede. Caso o clube fosse extinto, o estatuto prevê que os associados não ficam com o valor, que deve ser repassado a outros clubes, informou a atual diretoria. Antes de ter o prédio interditado, o clube tinha menos de 30 associados pagantes. A grande maioria é de sócio remido, que não paga mensalidade. A tentativa de reforma e abertura chegou a ser anunciada em 2019, quando um empresário iria alugar o espaço. Mas as negociações não vingaram porque o locatário de parte do prédio não abriu mão do ponto comercial que explorava. O clube alega que não tem dinheiro para reformar o edifício, que teve até as calçadas interditadas por risco de desabamento de parte da fachada.

Questionada, a secretária de Cultura de Santa Maria, Rose Carneiro, opinou:

- O fato de o imóvel ser vendido ou alugado e transformado em uma loja ou outro espaço não irá implicar em perda alguma em relação a esse patrimônio, porque esse imóvel já é tombado. Isso significa que, independentemente do uso, precisará ser mantida sempre a preservação da fachada e dos volumes do prédio. Sabemos que um imóvel fechado, sem uso, tem mais risco de ser deteriorado, e os bons exemplos são os que permitem um uso efetivo do imóvel. Se o espaço estiver ativo, sendo usado, estará sempre bem conservado. A pior hipótese é a situação atual, com o prédio fechado e abandonado. O mais importante nesse processo todo é que o imóvel não seja descaracterizado.

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A secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico de Santa Maria, Ticiana Fontana, apoia a negociação.

- Do viés do desenvolvimento econômico, a gente fica feliz com a possível venda desse patrimônio histórico, garantindo a preservação e com o uso dele para uma atividade econômica. E isso vai ao encontro de nossa estratégia de investimentos de revitalização do Centro Histórico, ainda mais com uma atividade econômica e garantindo a preservação patrimonial. O impacto é superpositivo, dá uma utilidade, uma produtividade, revitaliza, recupera e mostra toda a força econômica dessa região, junto ao Centro Histórico, com a entrega da obra do Calçadão e, depois, a reforma da praça. Temos também o projeto do Distrito Criativo ali na Avenida Rio Branco, que será lançado no mês que vem - afirmou Ticiana.

OPINIÃO DO COLUNISTA

Ideias e realidade

Agora que o Clube Caixeiral pode ser vendido, surge muita gente opinando sobre o que deveria ser feito do prédio. Claro que, no mundo ideal, seria interessante fazer projetos sociais ou culturais ali. Porém, o mundo real é bem mais complexo. O poder público teria R$ 12 milhões para comprar o imóvel e mais um monte de dinheiro para reformá-lo, se não consegue hoje nem restaurar a Casa de Cultura, a SUCV e o edifício Galeria Rio Branco? Qual empresa colocaria hoje essa grana toda para só manter um centro cultural ali?

É legal que as pessoas idealizem e opinem. Porém, alguém precisa agir e fazer as coisas. Se não existir mesmo saída viável, a venda para a iniciativa privada talvez seja a única possível e mais rápida, antes que o prédio do Caixeiral se deteriore e precise ser demolido. Quem comprar terá de preservar o edifício.

É legal que as pessoas se preocupem, porém, quase ninguém seguiu indo no Caixeiral, que foi definhando pelo abandono das pessoas e por outras razões, como vários clubes do país. Agora que está caindo, pouco adianta chorarmos. É como o dono da última locadora de DVDs do Centro disse quando teve de fechar: "Às vezes, aparece alguém ainda querendo locar, mas agora não tem mais, era gente que não aparecia aqui há dois anos", queixou-se.

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A OPINIÃO DE INTERNAUTAS

Juliana Potter Que ótimo!! Santa Maria, sendo Santa Maria, cidade "curtura". Olhem a Gare, quantos anos o blábláblá de revitalização. Como lojista do antigo e tão novo Mercado Público, fico triste. Mas pergunto: quem foi lá? E quanto sócios tem o Caixeiral? O cidadão santa-mariense é muito engraçado, falam mas pouco age a favor do patrimônio da cidade.

Ana Paula Mattos É uma pena, pois é um prédio histórico, deveria ser tombado e restaurado, é desta forma q vivemos o prestente a espera do futuro sem olhar o passado.

Marcia MB Um lugar histórico e lindo indo às ruínas, melhor ser vendido mesmo! Espero que restaurem!

Nara Helena Jesus Prédio lindo não deveria ser vendido

Rodolfo Santos Melhor privatizar, vender para alguma empresa que preservem as fachadas e gerem empregos

Henrique Fuelber Caixeiral caindo. Gare caindo. Casa de Cultura (antigo fórum) caindo. SUCV caindo. Prédio da Rio Branco caindo. Caindo os pedaços

Sergio Dalla Porta Tomara que o investidor esteja pretendendo algum projeto cultural. Um supermercado ali é dose pra mamute. Mas sou da opinião de que tem de ser iniciativa PRIVADA, pois a administração pública municipal atual não consegue nem tampar os buracos nas calçadas


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