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Brasil demorou a agir para frear chegada do coronavírus

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Por mais que as autoridades de saúde brasileiras afirmem que estão tomando as atitudes recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tentar conter o avanço do coronavírus, o crescimento do número de casos aqui no Brasil e a transmissão já em solo brasileiro comprova que demorou-se demais para agir.

Só na última sexta, o Ministério da Saúde recomendou que passageiros vindos do Exterior deveriam ficar 7 dias em casa, por precaução. Foi tarde demais, pois o vírus já estava circulando aqui. Desde o início já deveria haver restrição de entrada de estrangeiros e a recomendação expressa de que brasileiros vindos do Exterior deveriam ficar pelo menos 7 ou 14 dias em casa.

Itália manda fechar bares, restaurantes e lojas devido ao coronavírus

Certo fez o secretário de Mobilidade Urbana de Santa Maria, Orion Ponsi, que havia viajado para a Itália antes das notícias do surto por lá. Na volta, por precaução e mesmo sem ter sintomas, preferiu ficar dias em casa, sem contato com outras pessoas, porque não queria se sentir responsável por, eventualmente, trazer a doença para cá. Ele não ficou doente, mas fez o que qualquer cidadão sensato deveria fazer.

Porém, há muitos casos de pessoas que vêm da Europa e saem circulando por aí, inclusive aqui em Santa Maria, sem se dar conta do perigo que é de transmitir o vírus, já que parte das pessoas carregam o coronavírus e nem tem sintomas. Talvez eles não fiquem doentes, mas poderão prejudicar idosos e crianças ou pessoas já com outras doenças, que podem ter complicações mais sérias ou até morrer pelo coronavírus.

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A TV Globo mostrou o exemplo de Taiwan, Singapura e Hong Kong, que mesmo estando perto da China, tiveram, ao todo, só cinco mortes pelo coronavírus e pouco mais de 200 casos. Como conseguiram? Desde o início, proibiram a entrada de estrangeiros vindos da Ásia, além de fazer exames frequentes e obrigar quarentena com isolamento de outros estrangeiros que entravam nos três países. Em um dos países, essas pessoas eram rastreadas pelo celular e, se saíssem de casa para andar na rua, eram punidas.

Não seria o momento de equipar o Hospital Regional para se preparar para o novo vírus?
Dois leitores entraram em contato com a coluna para fazer um questionamento: "Este não é o momento oportuno para as autoridades locais solicitarem a liberação de recursos federais para disponibilização de leitos e respiradouros para o Hospital Regional de Santa Maria tratar futuros pacientes com a Convid-19 em estado grave? Na China construíram diversos hospitais. Aqui já temos um, mas sem pacientes internados. O Regional poderia ser um local ideal para tratamento e isolamento hospitalar dos portadores do coronavirus."

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Realmente, é uma ideia interessante, mas que precisa ser analisada por especialistas sobre seus prós e contras. Proposta, aliás, que está sendo cobrada pelo MPF. Até porque o hospital está pronto mesmo e não deve ser tão difícil preparar leitos para uma emergência como essa. Seria preciso correr contra o tempo, pois o próprio ministério afirma que os casos devem crescer no país. E o surto pode se prolongar por mais uns três meses aqui, a exemplo do que ocorreu na China.

"Itália demorou demais para agir", diz enfermeira santa-mariense que trabalha no país onde 1.809 pessoas já morreram do vírus
A santa-mariense Caroline Calegari Dias, formada na UFSM em 2002, vive no norte da Itália há 17 anos e trabalha em uma casa de idosos onde dois pacientes já foram internados por suspeita de coronavírus. Ela conta que a rotina está sendo bem difícil e estressante na cidade de Rapallo, de 30 mil habitantes (perto de Genova), tanto no trabalho quanto para viver, que já toda a Itália está com ordem para a população só sair para a rua para fazer o extremamente necessário, como comprar comida ou remédios. A decisão foi adotada na semana passada, quando o governo teve de determinar o fechamento de lojas, bares e restaurantes devido ao aumento exponencial dos casos e mortes. Só neste domingo, a Itália confirmou mais 368 mortes e 3.590 novos casos, totalizando 1.809 mortos e 24,7 mil infectados.

Caroline diz que o doença tomou essas proporções inimagináveis porque a Itália demorou demais para agir, e espera que o Brasil não repita esse erro e tome medidas mais duras para evitar a proliferação do coronavírus.

- Aqui, no início, diziam que era besteira, que era impensável fechar as coisas, pessoal dizia que tinham de trabalhar, que precisavam abrir os bares, mas agora veio o decreto e todos foram obrigados a ficar em casa. Vi um depoimento de uma pessoa que voltou da Itália para o Brasil e ficou em autoisolamento. Seria uma questão de consciência coletiva fazer isso, porque quando estoura a bomba já é tarde demais. Agora, com pessoal voltando da Europa (para o Brasil), em 15 dias, de repente a pessoa não tem nada, não tem sintomas, mas pode passar para a mãe ou algum conhecido. Estou muito preocupada com o Brasil, e minha sugestão, eu já teria suspendido shows e tudo, mandado fechar escolas, universidades - comenta Caroline, recomendando que, principalmente os viajantes fiquem em casa para reduzir o risco de transmissão do vírus.

O avanço da nova doença no mundo

  • 19 de janeiro: 100 casos
  • 24 de janeiro: 1 mil casos
  • 28 de janeiro: 5 mil casos
  • 12 de fevereiro: 50 mil casos
  • 6 de março: 100 mil casos
  • 14 de março: 150 mil casos

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