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Uma polícia de excelência, mas com mesas vazias

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A Polícia Federal esteve, nos últimos anos (e provavelmente ainda esteja), entre as instituições mais confiáveis para a população brasileira, especialmente após ganhar notoriedade no combate à criminalidade organizada no âmbito dos poderes Executivo e Legislativo da União. Mas, qual será o futuro dessa instituição tão admirada pela sociedade pela sua competência, pelos seus serviços de inteligência e pela deflagração de grandes e importantíssimas operações? Para que se tenha a exata dimensão da complexidade da resposta que se busca, apresento a vocês a magnitude do problema: a Polícia Federal está se esvaziando; seu efetivo não para de diminuir e não há nenhum projeto a curto ou longo prazo de recuperação.

Quando cheguei a Santa Maria, em 2002, a Delegacia da Polícia Federal local (que é responsável por 32 municípios) contava com cerca de 60 policiais, entre delegados, escrivães, agentes e papiloscopistas.  Atualmente, o efetivo é praticamente a metade disso. Passados alguns meses da obtenção da minha aposentadoria, compareci recentemente à Delegacia, onde me deparei com estações de trabalho bem equipadas, modernização de algumas estruturas e sistemas e... mesas vazias.

Essa crise de recursos humanos na instituição está sendo sentida em todo o Brasil e tem várias causas: a evasão daqueles que já preencheram o tempo de contribuição, em razão das incertezas quanto às reformas previdenciárias anunciadas; a falta de concursos públicos para as áreas administrativas, o que faz com que policiais tenham que desempenhar dioturnamente funções que não constituem a atividade-fim; a não abertura de concurso público para os cargos policiais ou abertura em número insuficiente para o preenchimento das vagas abertas, dentre outras.

Nunca fui adepta da "teoria da conspiração", mas minha mente não consegue evitar cogitar a relação entre esse cenário de crise nos recursos humanos e as consequências do fortalecimento da instituição e capacitação dos policiais na última década que culminaram com a exposição da maior rede de corrupção já conhecida na história deste país. Afinal, não há meio mais eficaz de enfraquecer uma instituição que reduzir seu efetivo e não qualificar seus integrantes.

Como desenvolver investigações altamente relevantes para a sociedade sem o número suficiente e necessário de policiais? Como treinar satisfatoriamente policiais sobrecarregados que sequer conseguem atender às demandas do dia a dia? Como manter o nível de uma polícia de excelência sem excelentes policiais?

Só há uma resposta: é impossível! E é justamente por isso que devemos nos preocupar com o futuro da sua, da nossa instituição Polícia Federal, porque ao invés do propagado fortalecimento, me parece que está havendo, sim, um enxugamento. Cabe a nós, cidadãos, não deixar que isso aconteça, cobrando medidas governamentais urgentes.

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