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Sobre pandemia e vacinas

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Remanescentes do século 20, acostumamo-nos a especular sobre o que seria o terceiro milênio. Havia aquela sensação do desconhecido e o "frio na barriga" pela ansiedade e as incertezas. Todavia, creio que ninguém tenha especulado sobre uma pandemia global ao final da segunda década do novo milênio.

A Covid-19 surgiu avassaladora num mundo que se orgulha de tecnologias, conhecimento e evoluções, ao mesmo tempo em que é marcado por profundas cisões, diversidade de condutas e radicais polarizações. A humanidade que desvenda seus genes e se arrisca à exploração do espaço sideral, prostra-se diante de um vírus sem conseguir a cabal solução medicamentosa, o tratamento eficaz, a prevenção garantida. E já são mais de 51 milhões de infectados registrados e quase 1,3 milhão de óbitos!

Não dá para desconhecer que a Organização Mundial da Saúde teve suas hesitações (sobre o uso de máscaras pelos populares, por exemplo), os cientistas acertaram e erraram, os governos atrapalharam-se na escolha de caminhos e providências. Afinal era algo novo e gigantesco, com muitas perguntas e raras respostas efetivas.

No tempo em que vivemos, com comunicação instantânea e redes sociais fervilhantes, logo pulularam teorias de conspiração, negacionismos e notícias falsas ou raciocínios exóticos, induzindo condutas dissonantes e conflitos com as normas e providências que intentam barrar ou reduzir a velocidade de contágio da pandemia.

Voltam-se expectativas e esforços na direção de uma vacina que tem sido a maneira de conter doenças virais e outras, desde o século passado.

Tecnologias já utilizadas e algumas inovadoras buscam chegar à vacina eficaz: uso do próprio vírus inativado (técnica com sete décadas, testada em vacinas da gripe, poliomielite e outras doenças); uso de subunidade proteica do vírus (já foi utilizada na hepatite tipo B); a partir do RNA (ácido ribonucleico, não existe ainda vacina para outra doença com esta tecnologia); com vetor viral não replicante (uma casca de outro vírus com informações genéticas da Covid).

O surpreendente é que chegar a uma vacina tornou-se competição entre nações, empresas, organizações científicas e até correntes ideológicas! Ao invés de todos somando recursos e esforços, tem-se um quadro de disputas, manobras, até espionagem industrial. São em torno de 165 diferentes projetos, 44 já com testes em humanos e menos de 10 que estão em fase adiantada de testagem envolvendo milhares de voluntários em diversos países.

Num certo país cujo mandatário vê cidadãos "maricas" por tomarem as precauções recomendadas pelos especialistas, ele um negacionista incapaz de se sensibilizar com UTIs lotadas ou mais de 160 mil mortos, óbvio que a vacina seria transformada em disputa visando eleição futura. Chegou ao extremo de manifestação ufanista diante de "evento adverso" com voluntário de teste da vacina chinesa e do respeitável Instituto Butantan de São Paulo.

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