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Jujube, Juliette gréco

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Tenho nas minhas mãos, agora - na verdade desde a segunda metade de setembro, quando ela se foi - o exemplar de Jujube publicado em 1982. Eu a vi passar mais de uma vez, entre os anos de 1980 e 2015, pela frente do Flore. Nunca tive coragem de chamá-la para conversar, se bem que mais de uma vez ela sorriu para mim. No dia 23 de setembro, aos 93 anos, ela se foi.

Lastimo não ter participado da missa em sua homenagem na Igreja de Saint-Germain-des-Prés. Isolado cá no Brasil por conta da pandemia que tudo impede, deixei de lá encontrar, imaginariamente, entre seus amigos, Boris Vian, Jacques Brel, Leo Ferré, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Georges Brassens e Serge Gainsbourg. Vencendo o Tempo, no entanto, agora e sempre é como se eu a encontrasse no Le Montana, no Vieux-Colombier, no Tabou. Ela cantando Jolie mome, La javanaise, Deshabillezmoi!

Tenho mesmo em minhas mãos, agora, este belo livro.Jujube é Juliette, Juliette é Jujube! Aqui ao meu lado, agora, a cantar Je suis comme je suis/Je suis faite comme ça, a bela canção de Jacques Prevért que ela gravou em 1951, sua primeira gravação em long-play de vinil. Uma vontade imensa de escrever sobre este livro toma conta de mim, mas eu ficaria horas e horas a escrever, rompendo os limites dos meus textos quinzenais. Escreveria sem parar. Por conta disso toma conta de mim uma bela história, de verdade.

Juliette esteve no Brasil nos anos 1950. Ao retornar à França, de avião, sentou-se ao seu lado um então jovem amigo meu, Ivo Pitanguy, que também se foi para o Céu, antes dela, em agosto de 2016.

Pitanguy esteve dois anos em Paris, onde foi assistente de um grande médico francês, o professor Marc Iselin. Por conta de terem ficado amigos naquele voo, ia frequentemente, de motocicleta, até o nosso quartier para encontrar-se com Juliette. Depois, desde o Brasil, ela na França, permaneceram amigos, falando-se de quando em quando.

Pitanguy e Juliette hão de ter se reencontrado lá em cima. Fico a supor - já que sou um otimista - que ele há de ter dito ou ainda dirá a ela que em julho de 2013, por aí, encontramo-nos na Brasserie Lipp e falamos dela. Perguntei-lhe se a encontrara, mas não me lembro do que ele disse.

Volto novamente os olhos para Jujube. A Lipp e o Flore estão lá, múltiplas vezes, de verdade!

Sonhar é maravilhoso, permite estarmos concomitantemente no passado, no presente e no futuro. Mesmo porque, qual ela afirma, o Flore é um dos lugares mais propícios à eclosão do pensamento existencialista! Não sei realmente onde - nem quando - mas ainda hoje - ou amanhã - jantaremos na Brasserie Lipp nós quatro, Juliette, Pitanguy, Tania e moi sorrindo uns para os outros.

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