plural

PLURAL: os textos de Atílio Alencar e Fabiano Dallmeyer

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A noite nos tempos da Catacumba

Atílio Alencar
Produtor cultural


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Tempos difíceis são um bom pretexto para ativar a memória de épocas mais benévolas. Fazemos isso também, creio, para organizar a vida numa narrativa legível. Rememorar pessoas, experiências e lugares que conhecemos nos ajuda a implantar uma vértebra no tempo, esse bicho fugaz. Deve ser por isso que meu pensamento andou me levando para passear na Catacumba, um antro célebre e já desaparecido da cartografia noturna de Santa Maria.

Espaço subterrâneo e marginal à Boate do DCE, a Catacumba era mais do que um apêndice: era a afirmação de um estilo de vida, uma opção política tanto quanto estética, e gostávamos de pensar que ela significava uma ruptura com a ideia asséptica de "cidade cultura", que julgávamos esnobe. Aos vinte e poucos anos, era assim que muitos universitários víamos as coisas no fim do século.

EMBRIAGUEZ MILITANTE

A Catacumba era o lugar da embriaguez militante, acompanhada dos devaneios e discussões acaloradas que flutuavam na densa fumaça dos cigarros baratos. Diferente da boate, onde o previsível percurso entre o bar lotado, os cortejos da pista e os banheiros nauseabundos deixava tudo com cara de jogo marcado, o andar de baixo tinha outra dinâmica, já que se estendia até o pátio sombrio que servia para nos abrigar da música brutal em momentos de trégua.

Muita gente conheceu a fascinação pela noite naquelas escadarias laterais do porão, ali em frente ao Quarto Menos Um da Casa do Estudante - espécie de cubículo siberiano para onde eram enviados os indesejáveis do condomínio. E muito dejeto foi jogado pelos moradores mais conservadores da CEU, indignados com o barulho e o conteúdo das conversas sub-asfálticas.

FAUNA INCORRIGÍVEL

O convívio com a variedade de tipos era elemento constitutivo das noites por lá. Punks, manos, hippies, poetas e universitários jubilados compunham a fauna incorrigível daquele antro.

Lembro com vaga clareza do final de algumas noites épicas, com o dia amanhecendo na Rua Professor Braga. A balbúrdia difusa dos amores frustrados, da sede insaciável, daquele desejo inquieto protestando contra os primeiros raios de sol - tudo compõe um inventário afetivo das experiências vividas no poço úmido da Catacumba.

Era um outro tempo, de prazeres possíveis e perigos desconhecidos que, vistos de longe, parecem pertencer a um mundo perdido para sempre.

Magrelos e aerodinâmicos

Fabiano Dallmeyer
Fotógrafo


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São magrelos e aerodinâmicos. Podem atingir mais de 70 km/h. Muito ágeis, mas também dotados de uma incrível capacidade de relaxar, a sua origem é de um tipo antigo de cão primitivo. Existem várias raças dentre os popularmente conhecidos como "galgos", vão desde o Galgo Italiano, com seus 35 cm e 6 kgs em média, até ao Lebrel Irlandês, com até 80 cm e 70 kgs. O Greyhound tem mais de 6.000 anos de história, segundo descobertas na Turquia em túmulos com esculturas de cães de pernas longas, focinhos e pescoços compridos. Sabe-se que, naquele tempo, as esculturas ou desenhos representavam algo de valor. Figuras históricas famosas tiveram galgos, como Cleópatra, Alexandre o Grande e a Rainha Elizabeth I, para citar algumas. Alexandre o Grande possuía um galgo de nome Peritus, que andava ao seu lado nas grandes batalhas. Numa destas batalhas, Peritus lutou bravamente atacando um elefante. Como pode se imaginar o cão infelizmente perdeu essa batalha. Mas Alexandre ficou tão impressionado com o ato de bravura de seu fiel galgo, que nomeou uma cidade com o nome de Peritus, construindo uma estátua em homenagem ao cão na praça central da cidade.

GALGOS NA LITERATURA

O galgo é o primeiro cão mencionado na literatura. A primeira menção de qualquer raça canina na literatura remonta a cerca de 800 aC. Na literatura grega, um livro chamado The Odyssey contou a história de um homem chamado Odysseus que saiu de casa por 20 anos. Quando o homem chegou de volta, o único que o reconheceu foi seu Greyhound "Argus", que era apenas um filhote quando ele saiu de casa. O galgo é a única raça de cão mencionado na Bíblia, Provérbios 30: 29-31, a seguir.

29 "Existem três coisas que são magníficas, sim, quatro únicas e majestosas de se ver";

30 "Um leão, o mais forte entre os animais e que nada teme";

31 "Um galgo; Um bode também; E um rei à frente de seu exército".

ALGUMAS CURIOSIDADES 

- O Galgo é considerado o cão mais veloz do mundo. Em comparação com outros mamíferos, está em segundo lugar como mais rápido do Planeta;

- A visão dos galgos alcança presas e objetos a mais de 800 m de distância. É visão estereoscópica. Assim, têm mais facilidade para ver algo em movimento que algo parado;

- Parece incrível, mas algumas raças de galgos dormem com os olhos abertos tamanho é instinto de alerta;

- A qualidade do sangue dos galgos é frequentemente solicitada para salvar outros cães;

- A variedade de tons de cores dos pelos é alta. Pode ter 18 tonalidades e 55 combinações, algumas eram destinadas exclusivamente à nobreza e realeza.

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