Neste março de 2019, com alguns amigos, analisamos as calouradas das nossas instituições de ensino e falamos sobre esta época de profunda e acelerada transformação socioeconômica, científica, educacional, tecnológica e cultural que vivemos. Um tempo em que nos vemos mergulhados num processo voraz de mudança, que está abalando o padrão de referência que dava estabilidade ao nosso viver e as relações que estabelecíamos.
Muitos escritos abordam esta questão, mas o documento de Aparecida foi enfático em afirmar que vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é o cultural.
No bate papo sobre a educação escolar e o ano letivo que se inicia, tivemos claro que não bastam métodos revolucionários de ensino sem professores habilitados para passá-los da teoria à prática. Aí nos lembramos que Rubem Alves, no livro Conversas Com Quem Gosta de Ensinar, escreveu que as instituições de ensino viraram creches onde os alunos são despejados no colo dos professores para que eles eduquem, ensinem, cuidem e consertem o que os pais não dão conta de fazer e o que a sociedade sem valores formou. Muitos alunos são apáticos diante da formação ética por falta de modelos de identificação, a começar pela família. Aí, propusemos a questão: por que a educação não está atingindo seus objetivos?
Com um colega de Roma, revisitamos a educação dos gregos e romanos do início do cristianismo, falamos nos sinais que deixaram pelo mundo e nos lembramos da Via Ápia Antiga, na saída de Roma, perto da Catacumba de São Calisto e da igreja Quo vadis, Domine (Aonde vais, Senhor?). Este templo recorda a lenda sobre a fuga e a perseguição que o apóstolo Pedro sofreu do imperador Nero. Na porta está escrito assim: Aqui Pedro encontrou-se com Cristo Ressuscitado e perguntou-lhe: Aonde vais, Senhor? Jesus lhe respondeu: vou a Roma para ser crucificado novamente. Este encontro interrompeu a fuga do apóstolo e o lembrou de sua missão de anunciar Cristo.
Destas conversas e lembranças ficaram as questões: O que vai mudar na vida pessoal de cada um de nós com as novidades de 2019?
O que sentimos necessidade de mudar? O que estamos dispostos a manter e a mudar? Que fontes inspiram nosso modo de vida? Onde estamos ou onde precisamos estar? Quais são as nossas urgências? Como vamos agir? Como renovar nossas instituições?
O ano de 2019 promete, e há sempre muitas escolhas para cada desafio. Será que seremos capazes de modificar o nosso pensar, sentir, e agir, para responder à altura aos desafios que enfrentaremos na construção do 2019, do mundo, do Brasil e da Santa Maria tão esperada?
Aqui nos cabe, então, pedir aos céus a serenidade para aceitar o que não podemos mudar, a coragem para modificar o que podemos, e a sabedoria para distinguir uma das outras.
Caro leitor, que o ano de 2019 nos surpreenda!