A dois meses do fim do mandato, Pozzobom afirma: “Em momentos de dificuldades, eu saí maior, porque eu não me escondo”

A dois meses do fim do mandato, Pozzobom afirma: “Em momentos de dificuldades, eu saí maior, porque eu não me escondo”

Foto: Beto Albert (Diário)

Em menos de dois meses, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) concluirá o mandato de dois anos e deixará o gabinete, localizado no 7º andar do Centro Administrativo, e a bela vista para os morros de Santa Maria. Em ritmo de despedida e, ao mesmo tempo, de muito trabalho, ele recebeu o Diário para uma entrevista de quase uma hora no dia 29 de outubro. 

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Ainda eufórico por ter emplacado o sucessor, no caso seu vice, Rodrigo Decimo(PSDB), para quem passará a caneta, em 1º de janeiro de 2025, Pozzobom falou sobre o legado que deixará, as frustrações como gestor e o aprendizado nestes oito anos. Também abordou questões polêmicas envolvendo a campanha eleitoral do segundo turno e exploradas pela candidatura de Valdeci Oliveira (PT), como multas aplicadas a motoristas da prefeitura e a veiculação de um vídeo em que ele aparece prometendo comprar casas a moradores de áreas de risco. 


Com uma planilha já surrada com as prioridades para resolver em suas duas gestões, Pozzobom comentou sobre as poucas chances de Decimo e da, agora, vice-prefeita eleita, Lúcia Madruga, sua ex-secretária de Educação, na largada da campanha. E, claro, projetou o futuro depois de transmitir o cargo a Decimo. Confira os principais trechos da entrevista:


Maior legado...
“As 10 creches e os uniformes. A creche é minha obrigação, o uniforme é meu coração. Mais que um legado, eu deixo um sentimento de dever cumprido. São 2 mil crianças em sala de aula. Eu me apaixonei pela educação, a Lúcia me contagiou. Até então, eu não tinha um vínculo muito forte com a educação. As lâmpadas de LED (a PPP da iluminção) também são um legado”.


Maior frustração...
“Não conseguir implementar o teleagendamento das consultas e a telemedicina. Isso foi uma frustração muito grande. Ver as pessoas nas filas me incomoda muito como ser humano, eu queria muito ter feito e não consegui. A primeira coisa que falei no programa no início da campanha ‘é que eu ficava chateado quando via buraco na rua ainda e quando via uma mãe num posto de saúde na fila’. O caminho, agora, será a telemedicina e o teleagendamento. Eu não consegui fazer, o primeiro mandato não tinha dinheiro para nada. Minha eleição do segundo mandato passou pela pandemia e, agora, a enchente. Eu passei por tudo: o maior surto de toxoplasmose, o surto de infecção intestinal, a pandemia, a enchente. Em todos os momentos de dificuldades, eu saí maior, porque eu não me escondo”.


Terceiro turno...
“Hoje, nós temos o turno estendido, eu entendo que é muito importante (terceiro turno). Já tem um planejamento para o terceiro turno nos postos e para o turno estendido nas creches”.


Foto: Beto Albert (Diário)


Os buracos...
“Fizemos muitas ruas, mas não tem dinheiro para tudo, os recursos são limitados. Priorizamos, num primeiro momento, ruas em que passam o transporte coletivo, com maior fluxo de veículos e grau de deterioração. Mas também tem ruas em frente a creches e a unidades de saúde. Com a responsabilidade financeira e com as contas equilibradas, isso permite fazer um financiamento maior. Temos mais de R$ 100 milhões debaixo da terra com obras de macrodrenagem. Em 2018, não dava para andar na cidade de tanto buraco, melhoramos muito, mas nos bairros têm de melhorar mais ainda, 90% das reclamações são ruas”.


Licitação do transporte...
“Se a Justiça liberar, queremos lançar (licitação) este ano. O que tem de positivo é que todos os órgãos de fiscalização (Ministério Público, Tribunal de Contas...) estão envolvidos”.


O maior aprendizado...
“A pandemia me transformou numa outra pessoa. A maior lição da minha vida, como prefeito, foi enfrentar a pandemia com firmeza e com diálogo. Foram decisões difíceis”.


Entregas até final de 2024
“O certo de obra grande é a Unidade de Saúde São Carlos, no Bairro Urlândia. A Gare já está pronta”.


Obras só na eleição...
“Isso me incomodou muito. Eu fiz 10 creches, 170 ruas novas. Fizemos obras todos os anos. As creches entregues, agora (no Bairro Medianeira e Residencial Lopes), começaram as obras no ano passado, mas teve um período de chuvas".


Decimo desde sempre...
“Desde o início, quando assumimos a prefeitura, já começamos a desenhar para o Rodrigo ser o próximo prefeito. Claro que tinha toda aquela estrutura do partido, qual é o partido, isso foi definido depois. Tinha toda aquela confusão do União Brasil (ex-partido de Decimo e que se uniu ao PT), mas óbvio que ele veio para o PSDB. Foi tudo feito com planejamento, não foi colocado de última hora”.


Contra tudo e contra todos...
“Além de Rodrigo (que não era conhecido), a própria Lúcia não era. Falavam que tinham que botar alguém popular. Nos insistimos em ser a Lúcia, porque representava a educação, se nós queríamos um novo modelo, tínhamos de botar pessoas novas. Ah, a Lúcia não era popular, mas a Lúcia representa as creches, as escolas, são mais de 20 mil crianças com uniformes... Isso, sabendo, contra tudo e contra todos. Todos os estudos diziam que nunca iam (a chapa) ganhar e nós nunca deixamos de acreditar”.


Três vitórias do PSDB...
Minha primeira vitória (2016), não tenha menor dúvida, que foi a cidade me dar oportunidade de eu mostrar o que eu podia fazer pelo amor que tenho por Santa Maria. Quem me conhece, sabe que não desisto nunca. E tudo até hoje é a força de Deus, até a força para eu superar as dificuldades. Quando tu escolhes, escolhes que tu quer o melhor candidato para a cidade, tenho certeza que tem pessoas que não têm vínculo com PSDB e votaram no Rodrigo”.


PT e antipetismo...
“Foi muito bom o pessoal do PT ter votado (em 2020) em mim, eles viram que eu não estava negando a vacina, negando a pandemia. Como eles estavam fora, não tinham outra alternativa. Eles não votaram em mim, porque gostam de mim, eu sei que não gostam de mim – o PT como um todo –, mas eu tenho milhares de amigos que são do PT, eu não distingo as pessoas por partido. Foi o cenário da pandemia, um cenário diferente. Agora, foi outro cenário, são três cenários diferentes. Tudo isso (a vitória) não é só o antipetismo, se fosse por isso, nós tínhamos dois antipetistas gigantescos, a Roberta Leitão (PL) e o Giuseppe Riesgo (Novo). E o Rodrigo sempre foi um cara moderado, radicalmente contra os extremos”.


O episódio das multas e o pagamento...
“Eu tenho todas as multas da época em que ele (Valdeci Oliveira) foi prefeito, não sei quem pagou, sei que algumas estão na dívida ativa. Todas as multas que foram tomadas quer por mim, quer por um assessor meu ou qualquer pessoa da prefeitura, têm um decreto que determina que o condutor pague. Se não pagar, abre um processo administrativo, tem um decreto que regulamenta tudo isso. Todas as multas foram pagas. Isso é uma bobagem, os caras se prestarem a colocar isso numa campanha de prefeito”.


O vídeo e o uso da máquina...
“Mas se os caras aprovaram o projeto (na Câmara de Vereadores) na véspera da eleição – 22 de outubro – para a compra de casas, todo o PT aprovou o projeto para comprar. Eu estou com 316 famílias no aluguel social, o governo federal não me deu dinheiro para nenhuma casa até agora. Eles (PT) estavam fazendo terrorismo que, se o Rodrigo ganhasse a eleição, ninguém ia ter casa. O Valdeci disse que, se ganhasse a eleição, todo mundo ia voltar para a (Rua) Canário e, eu fui na reunião dizer que, se o Rodrigo ganhasse a eleição, ninguém ia voltar para a Canário, onde é área de risco. O clima estava muito tenso, quase apanhei lá. Eu não fui como prefeito, não estava no expediente, eu fui lá com a minha candidata (a vice Lúcia Madruga) prestar contas. Comprar casas é minha prioridade número um, hoje tenho dinheiro para comprar 190 casas”.


Futuro no Piratini...
“Meu futuro é entregar o mandato no dia 31 de dezembro. E o futuro a Deus pertence. Eu não estou preocupado com o lugar. Hoje, minha preocupação número um são as casas (compra), eu não vou abrir mão, não importa onde eu esteja. E também minha preocupação é com as obras em andamento. Estou com 24 anos de vida pública, eu passei a minha vida inteira cuidando de todo mundo, agora eu decidi cuidar de mim, quando comecei a fazer exercícios. O certo é que aonde eu estiver, eu vou estar ajudando a cidade. Ele (governador Eduardo Leite ) nunca me ofereceu nada, nunca conversei com ele sobre isso e não pedi (cargo). Dentro de um, tem os critérios: 1, 2, 3, 4, 5... Eu sei que ser eleito, reeleito e eleger o sucessor engrandece, isso dá corpo.


2026...
“Quero ser deputado estadual, não quero ser federal. Meu foco é ser deputado estadual”.


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Jaqueline Silveira

jaqueline.silveira@diariosm.com.br

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