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OPINIÃO: Pelas beiradas

Enquanto o entendimento for de que agir em prol do meio ambiente atrapalha, dificulta e é coisa de quem não quer o desenvolvimento, vamos continuar questionando regras, leis, limites e efeitos. A nossa sobrevivência e das demais espécies depende da saúde ambiental. A saúde dos negócios também depende do meio ambiente. Ou alguém acredita que sem água e com grandes passivos de resíduos teremos crescimento econômico? Diante da unânime resposta negativa, pergunto, então por que não cuidar? Por que não preservar e conservar?

A União Europeia, recentemente,  aprovou  diversas  medidas: banir até 2021, a produção de plásticos descartáveis de uso único (canudos, cotonetes, copos, pratos e outros utensílios) e os plásticos oxibiodegradáveis. Decidiu também aumentar a  exigência  na  produção  e rotulagem e criar novas obrigações em relação a gestão e a limpeza de resíduos. Esta última visa atingir especialmente as bitucas de cigarro. Todos, do fabricante ao fumante, têm responsabilidade pela destinação correta.

Não são as ruas, as floreiras, os canteiros, nem o vaso sanitário. Bitucas possuem mais de 3000 substâncias tóxicas impregnadas, sem falar no filtro que é um polímero plástico. Os artigos descartáveis tem um tempo de uso muito pequeno, em média 10 minutos. No entanto, no meio ambiente permanecem centenas de anos, pois sua degradação é lenta. Os plásticos oxibiodegradáveis tem uma única vantagem, se degradam em tempo bastante curto. No entanto, são responsáveis por uma forma de poluição gravíssima que atinge o meio ambiente e toda a cadeia alimentar - os microplásticos  (partículas  muito  pequenas, resultantes da degradação de material polimérico).

Há mais um agravante, a rapidez da degradação se da às custas da adição de compostos  químicos  de  níquel,  zinco  e  cobalto, cuja toxicidade é amplamente conhecida. Plásticos oxibiodegradáveis não são biodegradáveis. O correto é chamalos de oxidegradáveis. O termo bio é para dar a impressão de que eles não causam mal à natureza. Pura maquiagem! As prateleiras dos supermercados estão cheias destes plásticos, principalmente sacos de  lixo,  canudos  para  bebidas  e  outras  embalagens. Lembro com alívio, quando fui à Câmara de Vereadores de Santa Maria, há alguns anos atrás, manifestar minha contrariedade ao projeto de lei que obrigava o comércio a substituir as sacolas plásticas convencionais por oxibiodegradáveis.

Os parlamentares gostam de copiar leis sem saber se são adequadas ou benéficas. Meio ambiente, muitas vezes, é mais moda do que cuidado. A União Europeia dá um exemplo ao mundo de preocupação, mesmo que aparentemente, esta não seja a maior causa da poluição ambiental. Acredito no ditado popular: sopa quente se come pelas beiradas. Pequenas ações somadas, repercutem resultados maiores. Repense o que é essencial. Recuse tudo o que não é.  Pratique a não geração, muito mais do que a substituição.

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