opinião

OPINIÃO: O ser pobre e o ser oprimido

Por formação cristã, sempre tive em vista o ser pobre e o ser oprimido. Tive experiências em comunidades pobres, mas nunca vivi como pobre. Tenho familiares (sobrinhos) que decidiram morar em comunidades bem pobres. Mesmo assim, nunca viveram a vida de pobres. Sabiam que tinham um lar para onde correriam, quer para um bom almoço, um banho quentinho no inverno ou buscar roupas lavadas e passadas. Viver a experiência de ser pobre, só mesmo sendo pobre. Fazendo aquilo que fez São Francisco de Assis.

Já ser oprimido é diferente. Todos nós, por razões várias, podemos ser oprimidos. Oprimido não precisa ser pobre. Hoje, no Brasil, vivemos "uma ditadura do Poder Público", que nos oprime. Dizer que todos somo iguais perante a lei é uma mentira. De 1816 a 1822, Saint Hilaire, em sua viagem ao Brasil, já dizia: "No Brasil, a justiça é para os ricos e poderosos. "Declarou também que o juiz singular encontra sempre qualquer disposição legal para estribar suas sentenças, enquanto o juiz íntegro faz, de certo modo, a abstração da lei e consulta as luzes da sua consciência. E um jurista colocou: "É na brisa destas luzes, é no exame de consciência que coloco a indagação sobre o conceito de justiça, sua dimensão e suas finalidades. " O desembargador Jose Paulo Bisol também questionou: "Por que, meu Deus, um é o conceito de justiça social e outro é o conceito de justiça jurídica?

"Em artigo na Revista Veja foi escrito: "Os bons advogados conhecem as leis, os grandes advogados conhecem os juízes."

Foi de pasmar a declaração da USP no programa Painel da Globo News a respeito da corrupção: "No Brasil, nada acontece a qualquer corrupto se este puder contratar um dos escritórios de advocacia de Brasília, pois estes trabalham em conjunto com a Justiça." O que assistimos hoje, no Brasil, nos deixa envergonhados. As sessões do STF, muitas vezes transmitidas pela televisão, nos surpreendem: para decidir o óbvio, levam dois dias com nossos ministros exibindo a sua verbosidade, cada um querendo superar o outro e mostrando sua cultura. Por tudo isso, somos oprimidos pela Justiça, cujas decisões levam anos.

Pobres e oprimidos são os trabalhadores cujo índice de aumento de salário é de 1,59%, uma vergonha. Aqueles que depenem do SUS para tratar a saúde, e todos dependem, ficam dias, horas e meses esperando para serem atendidos. Também oprimida é a classe média, que tem possibilidades de pagar um plano de saúde. Paga por anos, sem usar os benefícios do plano, e quando precisa, apenas consegue consultas com prazos de três meses. Tem que pagar as ciganas, para informar quando ficarão doentes e marcar suas consultas. Nos exames, concordo que os planos de saúde são nota 10, mas, hoje, há planos que exigem uma análise profunda antes da adesão. É um caos aqui em Santa Maria. Por que, se funcionam muito bem em Porto Alegre? Por que não copiar o que é bom, ótimo?

Há muitos tipos de opressão que seriam reduzidos se as lideranças agissem para mudar. Por que o Poder Público cobra altos juros e altas multas dos seus devedores, e ele próprio, quando não paga os precatórios de viúvas e outros, não usa os mesmos critérios? Inclusive, coloca os mesmos como moeda para que possam ser adquiridos por aqueles que têm como comprar, com deságios altíssimos?

Também salários atrasados teriam que sofrer multas e juros, iguais aos que cobra dos seus devedores. Mas isso não acontece. Esse é o Brasil que não queremos.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: Nos trilhos da saudade Anterior

OPINIÃO: Nos trilhos da saudade

OPINIÃO: Por que as empresas estão quebrando Próximo

OPINIÃO: Por que as empresas estão quebrando

Colunistas do Impresso