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OPINIÃO: Nenhuma a menos!

Mal iniciou o ano e Santa Maria já tem o triste número de dois feminicídios, os dois no mês de março, o Mês da Mulher! Duas jovens foram mortas por seus companheiros, uma de 30 anos, em frente ao filho menor, e a outra de 22 anos. As duas mortas dentro de seus lares. Ficam essas mortes dentro das estatísticas, as quais afirmam que a grande maioria das mulheres é morta dentro de casa.

O Brasil tem enfrentado nesse princípio de ano uma onda de feminicídios alarmante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nosso país "é perigoso para as mulheres". Constatação muito triste. Basta ligar o rádio, entrar em um site de notícias, abrir o jornal ou qualquer outro veículo de informação, que nos deparamos diariamente com o assassinato de mulheres em todas as regiões do país!

Ontem, mais um caso de feminicídio aqui em Santa Maria fez com que eu me manifestasse, rapidamente, na minha rede social pessoal. Foram muitos os comentários, os quais me fizeram pensar novamente sobre o assunto. Um deles questionando se não seria a atual condição da mulher, de seu avanço aos espaços públicos. A minha resposta, coloco-a aqui: não. Por óbvio que, para a cultura machista arraigada em nossa sociedade, a ascensão da mulher pode incomodar a alguns quando ela deixa seu papel historicamente destinado de "bela, recatada e do lar". Nesse aspecto, não vai nenhuma crítica para aquelas mulheres que, livremente, por escolha própria, sem imposição, decidiram trabalhar somente em casa. Mas não é a ascensão da mulher que a mata, mas, sim, a violência de gênero, entendida essa como aquela que a mulher sofre em razão de ser mulher, a dominação que alguns homens tentam impor a qualquer custo a ela. Não é sua ascensão que a mata, já que são mortas todos os dias mulheres de diferentes idades e condições sociais, escolaridades. Morrem médicas, advogadas, estudantes, engenheiras, faxineiras, donas de casa etc.

Outro questionamento que acho importante para reflexão são os comentários em casos de feminicídios, principalmente quando ele é seguido de suicídio, como: "ele era um doente". A pergunta é: se os homens que matam suas companheiras, namoradas e depois cometem suicídio são "doentes", por que só as mulheres morrem? Isso não é doença, isso é machismo, é crime. Não vou particularizar situações específicas, que realmente podem existir, mas são exceções.

O que nós podemos fazer? Vamos ter que mudar tudo, mudar nossa cultura, educar nossas crianças, meninos e meninas, sem discriminação de gênero. Falar sim em gênero, porque se pode prevenir mortes sexistas com discussão, com educação e não com omissão, discurso eleitoreiro de palanque, muito menos com falsos moralismos. Temos que falar em direitos humanos, direitos humanos de todos, direitos humanos das mulheres, em respeito. Não podemos admitir que mulheres morram todos os dias sem nos insurgirmos. Poderia ser eu, poderia se você, leitora, poderia ser alguém muito próxima de você, leitor, poderia ser qualquer uma de nós. #Nenhumaamenos.

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