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OPINIÃO: Não há saída sem educação. É preciso começar

Nesses dias em que se discute o corte de 30% nos recursos financeiros destinados às universidades, volto ao tema da educação como única forma e instrumento para a nossa libertação das trevas a que estamos submetidos há séculos. Não se discute de forma séria e responsável o que precisamos fazer para nos libertar pela educação. Destinar essa parte dos recursos das universidades para creches e séries iniciais não é a solução nem o começo para resolver o problema maior: a educação de todos. É desolador saber que a metade das crianças até oito anos de idade são analfabetas; que a nossa educação, básica e fundamental, está regredindo a cada dia. Mas não é assim em todo o Brasil. Há Estados da federação em que alguém descobriu o caminho para a redenção. Que ironia.

O Estado do Ceará praticamente extinguiu o analfabetismo e melhorou o Ensino Básico e Fundamental. Resultado em mais de três décadas, ou exatos 33 anos: os alunos do Ceará têm os melhores desempenhos no Enem/Sisu das universidades federais de todo o Brasil. Nos vestibulares em São Paulo, especialmente. Em São José dos Campos, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), 40,9% dos aprovados em 2018 são do Ceará (Índice de aprovação no ITA por Estado no vestibular 2018, G.1 Ceará). Essa política no Estado nordestino começou com Tasso Jereissati em 1986 e seguida pelos governos que se sucederam, inclusive com a família Gomes. Tudo sem aumento de receita, apenas receita melhor gerenciada.

O governo do Estado aumenta o retorno do ICMS para os municípios que aplicam essa política da educação. Um prêmio. Outros Estados estão seguindo esse exemplo e já alcançam resultados surpreendentes. É o caso de Espírito Santo e Piaui. Alunos de escolas públicas do Piauí alcançaram, em 2018, 980 pontos na redação do Enem com ótimo desempenho nessa prova. Para o Brasil é preciso pensar em uma política de médio/longo prazo, como no Ceará que demorou 30 anos para surgirem os resultados. A questão não é simples, para não dizer simplória. Não vai ser resolvida com a subtração de recursos do ensino universitário e destinando esses recursos para creches e Ensino Fundamental. Simplesmente destinar recursos para municípios e Estados (responsáveis pelas creches e Ensino Fundamental) é como jogar dinheiro ao ventilador. Vamos discutir o gerenciamento da educação.

As prioridades mais urgentes e eficazes para o propósito final. Alternativas visando o nosso futuro educacional, discutindo globalmente o sistema pedagógico, a valorização dos educadores, a preparação adequada dos discentes, etc. Usar recursos pelo simples repasse, sem critérios, sem uniformidade de política educacional não vai nos levar a lugar nenhum e apenas favorecerá politicamente quem distribui os recursos. Quando vamos acordar para o futuro? Está difícil, mas é preciso ter fé. É como vejo.

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