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OPINIÃO: Ler para transformar

A palestra da professora Tania Rösing, que atuou na Universidade de Passo Fundo, na aula inaugural do curso de Letras da então Unifra, hoje UFN, no dia 21 de março de 2006,  já  alertava  para  a  importância da formação e do estímulo à leitura na sociedade brasileira.  Para  Tania,  a  formação  de  leitores  deve  atender a diferentes públicos e adotar os meios multimidiais.

O trabalho de formação de leitores implica no ato de mediação, ou seja, na ação de mediar. "Pressupõe seleção  e  escolha  fundamentada,  onde  o  professor  deve ser modelo de leitura", enfatizava Tania, que idealizou e coordenou a Jornada Nacional de Literatura até 2015. O evento ocorre a cada dois anos em Passo Fundo (RS), com a presença de autoridades acadêmicas e escritores renomados.

O   procedimento   determina   selecionar  textos  representativos  em  di-ferentes  gêneros  textuais  e  literários.  A  apresentação  dos  textos,  conforme  Tania, pode ir além do meio impresso. Alternativas  viáveis  passam  pelo  uso  de  CD,  CD-ROM,  outdoor,  televisão,  sites literários e outras manifestações, como música, dança e teatro. O maior cuidado deve recair sobre a legibilidade e a leiturabilidade dos textos. "A leitura é um processo interativo entre leitor, texto e contexto", destacava Tania.

O  leitor  é  a  peça  mais  importante  na  compreensão  do  texto.  As  estruturas  cognitivas  e  afetivas  de-vem ser observadas, sem perder o foco no desenvolvimento  do  senso  crítico  e  estético.  De  acordo  com  Tania, a apresentação dos textos deve levar em conta os futuros mediadores, os leitores em formação e os leitores  relutantes.  "Temos  de  ser  seres  políticos  e  transformadores". O objetivo é reduzir o número de analfabetos funcionais e culturais.

Passo Fundo (RS), por Lei Federal, virou a Capital Nacional  da  Literatura.  "A  vontade  de  transformar  é um trabalho árduo, periódico, permanente e deve agregar equipes inter e multidisciplinares", dizia Tania. Textos impressos e multimidiais, com ação baseada na teoria e na prática, podem ser oferecidos aos mais  variados  tipos  de  leitores,  desde  crianças  até  pessoas da terceira idade.

O Poder Público e a iniciativa privada devem ser parceiros  na  ampliação  do  número  de  bibliotecas  e  centros  multimidiais.  A  iniciativa  de  Passo  Fundo  (RS) serve como exemplo prático. O acesso à leitura pode gerar um novo caminho, uma nova vida e um futuro  diferente.  Tal  processo  é  fundamental  para  a  conquista do conhecimento e a busca do tão sonhado  desenvolvimento  social,  político  e  econômico.  Ler  é  um  ato  de  emancipação para o leitor.

Busco  na  minha  memória  esses  apontamentos    como    uma    homenagem  à  professora  Tania  Rösing  e  para  ressaltar  que  Santa  Maria  (RS)  vai  ter  mais  uma  edição  da  Feira  do  Livro,  de  26  de  abril  a  11  de  maio.  Neste ano, a Feira tem, como patrono, Maurício  Corrêa  Leite,  promotor  de  leitura  e  arte,  educador  brasileiro  e  um  dos  idealizadores  do  projeto  Malas  de  Leituras.  O professor homenageado é Pedro Brum Santos, radialista e docente do curso de Letras e do Programa de  Pós-Graduação  em  Letras  da  UFSM.  O  escritor  homenageado é Humberto Gabbi Zanatta. Autor de mais de 20 livros publicados de forma individual ou em antologias de poesia, crônicas e contos, além de vários títulos na literatura infantil. Zanatta, ainda, foi compositor de uma centena de músicas, vencedoras e premiadas em festivais nativistas do Rio Grande do Sul e Paraná. Ele nos deixou em dezembro de 2018.

Hoje,  1º  de  abril,  é  o  Dia  da  Mentira.  Ela  é  o  ato  de mentir, enganar, iludir ou ludibriar e "tem perna curta", pois, mais cedo ou mais tarde, acaba por ser descoberta.  Só  com  educação  de  qualidade,  e  muita  leitura,  vamos  ter  um  país  decente  e  sem  espaço  para mentirosos.

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