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OPINIÃO: Dom Ivo

Neste mês de março, completam-se 12 anos da morte de Dom Ivo Lorscheiter, e o momento que vivemos merece rememora-lo como exemplo de como atravessar períodos históricos conturbados. Dom Ivo não foi apenas o 6º Bispo da Diocese de Santa Maria. Caracterizou-se sempre como um líder de posições definidas e, por isto, sua missão pastoral, muitas vezes, pode ter sido incompreendida. Alguns o entendiam conservador na maneira de dirigir, outros o classificavam como revolucionário pelas inovações implantadas. Incompreendido por aqueles que não o conheceram verdadeiramente, ou não acompanharam seu trabalho pastoral como um todo.

Sua liderança e poder de influência transcendiam ao campo da Igreja Católica Romana, era uma voz respeitada por outras profissões de fé. Mas foi sua visão de humanidade que o fez uma personalidade importante também para a História do Brasil. Dom Ivo, dentre outros, mas com especial destaque, foi a voz de oprimidos diante de poderosos, foi nome respeitado por todas as autoridades brasileiras, religiosas e laicas.

Dom Ivo sempre mereceu admiração. Não por ser bispo, mas pelas qualidades do homem que se fez bispo, que se doou por inteiro à sua missão, de sorte que não se pode dissociar um do outro, o que lhe deu estatura e capacidade de conduzir o rebanho que lhe foi confiado numa época de profundas alterações sociais, políticas e culturais, quando muitas verdades passaram a ser questionadas e outras tantas surgiram exigindo posicionamento.

Dom Ivo conseguiu ser moderno sem deixar de conservar o tradicional, de forma destemida, não dando ouvidos aos rótulos eventuais que lhe deram aqueles que não alcançaram compreende-lo. Entendeu como missão, segundo suas próprias palavras: "cultivar e defender o que não pode ser mudado, mesmo que me venha o título de superado e tímido. Mas introduzir também e promover as legítimas inovações, mesmo ao preço de desgostos".

Foi um pastor sintonizado com os sentimentos dos seus apascentados, que não se limitou às realidades espirituais e transcendentais, mas esteve sempre atento, preocupado, com as questões materiais do seu povo, mesmo nos seus últimos dias de vida, quando a doença o abatia.

Sempre esteve preocupado - como missionário - em garantir uma grande e continuada ação evangelizadora, fortalecendo as comunidades cristãs ativas, mas, sobretudo, indo ao encontro daqueles que não são assistidos religiosamente, nas periferias da cidade e nas áreas rurais mais afastadas.

Por outro lado, sempre teve coragem de dizer que não basta só levar a Palavra de Deus se ficarmos indiferentes frente às necessidades materiais daqueles que vivem à margem da dignidade humana, pregando uma ação que motive e dê meios aos necessitados para que todos possam ascender verdadeira condição humana.

O espírito dele nos faz falta neste tempo sombrio e violento que estamos atravessando.

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