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OPINIÃO: Como eu queria não falar disso

Havia decidido dar um tempo na avaliação crítica, que, direta ou indiretamente, tenho feito do governo federal, pois são tantos os erros grosseiros, grotescos alguns, que falar deles se transforma em toada monótona, com notas e acordes que parecem se repetir de forma cansativa e infindável.

Não queria falar mais das bobagens perpetradas em sequência pelos ministros da "deseducação"; da falta de educação e das grosserias e teorias caolhas do guru astrólogo; das "viagens místicas" da ministra Damares; das aloprações da "família real"; do embuste da reforma da Previdência; das afrontas de decretos, que são normas administrativas de caráter regulamentar, à Constituição Federal; de juiz que vira ministro negociando futura vaga no Supremo; de manifestações oficiais de lacaia subserviência ao truculento presidente norteamericano; do projeto de privatização de empresas estatais lucrativas pelo valor do lucro anual de algumas dessas empresas. De nada disso eu queria falar e não falarei.

Eu queria falar hoje, e daqui a 15 dias, e assim sucessivamente, de coisas, fatos e atos que nos assegurassem, sem margem para dúvidas ou questionamentos inconsistentes, estarmos no caminho da paz e da justiça social. Eu gostaria de falar que as graves injustiças do nosso sistema tributário, que onera quem menos pode e alivia o bolso de quem mais tem, logo serão vencidas; que a nossa distribuição de renda está a um passo de tirar, em definitivo, da pobreza e da miséria, um quarto de nossa população.

Eu gostaria de falar que, na oferta de uma educação pública universalizada e de qualidade, finalmente, estamos chegando a padrões comparáveis aos dos países efetivamente em processo de desenvolvimento; que nossos cidadãos, sem exceção, podem sonhar com saúde pública efetiva e acessível; que estamos a um passo de nos afirmarmos como Estado pacificado, capaz de oferecer segurança aos seus nacionais por conta de sua efetiva presença em todos os espaços de seu território e o implemento de políticas públicas inclusivas com oferecimento de mínima perspectiva de futuro decente à sua juventude.

E eu gostaria de falar de uma nação desarmada, literal e metaforicamente. E, no ensejo do encerramento de mais uma Feira do Livro em nossa cidade, gostaria de registrar que estamos quase nos ombreando com os países desenvolvidos na formação de leitores e no consumo de livros.

Sei, amigos, que isso tudo não passa de sonho, de utopia quem sabe, e que meu futuro próximo, como articulista do jornal, afora um ou outro texto que, por sua leveza se possa caracterizar como crônica, será este: falar de equívocos, de erros, de atropelos, das pautas de costumes em detrimento de programas de governo transformadores, da escassa densidade dos debates e das razões que sustentam ações.

A propósito, minha netinha Antonella, de quatro anos, adora a princesa Elsa. Por isso, se depender de mim, ela jamais terá contato com a ministra Damares. Essa mulher deve estar possuída. Pelo cão!

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