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OPINIÃO: Animais de estimação

Você tem um (a)? Eu também tinha. Perdi a minha Lola essa semana. Uma gatinha que chegou sem eu pedir e rapidamente tomou conta do meu coração. Foi um presente que a minha filha ganhou quando ainda estava no Ensino Médio. Pressenti que receberia em doação desde o primeiro minuto que entrou pela porta da minha casa. Mesmo com carinha de meiga, já demonstrava ares de dona do pedaço. Aquela minúscula bolinha de pelos foi logo se enroscando no meu colo e dali nunca mais saiu. Foi amor ao primeiro rom-rom. Em apenas uma semana era totalmente minha. Passei a emitir ordens a cada minuto: "não fala nesse tom com ela, não aperta, não judia, não puxa". O cuidado com o "pipicat", a ração, a água, os pelos por toda a casa, foram fundamentais para que ela mudasse definitivamente de protetora. Minha sorte que as novas tecnologias já produziam tecidos a prova de gatos que adoram afiar as unhas, pois tive que trocar todos os estofados espalhados pela residência.

Desde o início ficava impressionada como a Lola era esperta, pois sabia que estava na hora de mudar a decoração da casa. A verdade é que hoje estou com o coração despedaçado, pois partiu a minha parceira dos últimos 12 anos. Só ficávamos separadas por temporadas mais longas nas férias. Sempre ouvi dizer que gatos não gostam de viajar, então ela ficava cuidando da casa para nós. Esses intervalos eram, inclusive, muito tensos. Ligar e pedir notícias dela para as filhas sempre foi motivo de discussões: "te preocupa mais com a gata do que conosco!". Não conseguia que entendessem que, por mais inteligente que ela fosse, não seria capaz de abrir o pacote de comida e se servir. Apesar das broncas, por saberem do meu amor imenso, enviavam fotos para eu ficar tranquila que ela estava segura. Quando o clima esquentava com as indagações, apelava para aquela vizinha bondosa, a qual obviamente tem uma cópia da chave para socorrer.

Chegar em casa depois de vários dias de descanso e ver a alegria dela me esperando na porta, não tinha preço. Entendia perfeitamente quando Roberto Carlos cantava o "meu cachorro me sorriu latindo", pois sempre traduzi o ronronar desses reencontros como gargalhadas, acompanhadas da frase de alívio "ufa, ela voltou!" Aliás, ela me esperava todos os dias ao chegar do trabalho. Se eu entrasse pela garagem era preciso muito cuidado ao abrir a porta do carro e não pisar no seu corpo miúdo, pois estava ansiosa para seguir meus passos. Esteve sempre me observando: no café da manhã, no banheiro, no pátio, na sala e, principalmente, no quarto, pulando em cima de mim na cama. Na verdade, já estávamos conversando muito. Ela conhecia tudo sobre mim. Todos os meus segredos e projetos de vida. Uma amiga fiel, pois nunca contou nada para ninguém. Só nós duas sabíamos tudo. Acostumei, nos dias mais tristes, a receber o olhar dela, que se aninhava em mim, me curando com o seu calor. Difícil ficar sem o barulho das patinhas que quase me atropelavam no sobe e desce das escadas. Nos últimos tempos, com as filhas adultas, arrumava a árvore de Natal quase que exclusivamente para ela, pois adorava deitar embaixo, como se fizesse parte da decoração. Apesar de achar que derrubaria as bolinhas, nunca colocou uma patinha para ousar balançá-la.

Tenho a impressão que era como eu: curtia muito o período natalino e a casa arrumada. Animais de estimação quando partem nos deixam um vazio. Ficaram as fotos mais lindas e as lembranças mais doces. Vejo com bons olhos os projetos que utilizam animais em terapias com crianças, idosos, entre outros. Animaizinhos podem diminuir a ansiedade, liberam endorfinas causando o bom humor, ensinam as pessoas a fazer carinho e tantos outros benefícios. Quem já não viu filmes que retrataram histórias reais de bichinhos que salvaram a vida de seus donos e foram extremamente devotados? Desvio um pouco esses temas nos cinemas, pois saio com cara de choro, igual a que estou hoje. Apesar de amar gatos, nunca digo a famosa frase "quanto mais conheço as pessoas, mais gosto de animais". Acredito no ser humano e sei que podemos ser melhores. Por hoje, queria expressar minha gratidão e saudade da minha querida Lola. Cuidem bem dos seus bichinhos. E dos humanos também

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