A 17/02/1804, o Acampamento de Santa Maria é elevado à categoria de Oratório, primeira etapa da oficialização da nova povoação. A13/05/1804 dá-se o primeiro batizado. Em 1805 são feitas as primeiras concessões de terrenos públicos, sempre sob informações prestadas pelo Cap. Carneiro da Fontoura.
Em 10/08/1807, por iniciativa do mesmo líder comunitário, foi instalada a primeira olaria, no local conhecido como Alto da Eira, atual Benjamim Constant, imediações do Colégio Coração de Maria.
Em 29/02/1808, o cap. Carneiro da Fontoura contrata (e provavelmente custeia) a construção da primeira capela de Santa Maria, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Em 28 de maio desse ano, recebem terrenos, no centro da nova povoação, várias pessoas importantes, entre elas o cap. Carneiro da Fontoura, que recebeu o terreno de esquina onde hoje existe o prédio da União dos Viajantes. Francisca Margarida da Fontoura, sua esposa, recebeu o terreno onde hoje está o Clube Comercial.
O nome de Santa Maria da Boca do Monte aparece pela primeira vez em documento oficial do ano de 1809. O nome surgiu da composição do antigo oratório jesuítico com a denominação indígena da picada que dava acesso a São Martinho. Os índios chamavam essa picada de "caá-yuru" (boca do mato). Os espanhóis que primeiro aqui chegaram adotaram o mesmo nome: em espanhol - Boca do Monte. Os portugueses, que vieram 150 anos depois, continuaram a usar a denominação já consagrada. Em 28/07/1810 o Oratório de Santa Maria é elevado à Capela e, em 27/07/1812 à Capela Curada sempre atendendo requerimentos do Cap. Carneiro da Fontoura.
Nessa época Santa Maria já contava com uma população de 800 habitantes. Manoel Carneiro da Silva e Fontoura morou em Santa Maria durante 19 anos e esteve ligado a todos os fatos importantes que consolidaram a povoação. Era homem de muitas posses. Nos arredores de Santa Maria possuía uma área considerável, que abrangia terrenos que constituíam a Chácara do Ipê, no final da Rua do Acampamento (Colégio Centenário, Sulbra, antiga Rodoviária). Tinha três léguas de sesmaria no Pau Fincado; Seis léguas quadradas de campo no Durasnal de Santiago e mais terras em São Martinho. Como militar percorreu todos os postos do Exército, sendo reformado como brigadeiro e promovido, depois, a marechal. Representou o Rio Grande do Sul na embaixada popular ao príncipe D.Pedro, tendo falado em nome da província no episódio do "Fico". Possuía as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e as medalhas das Campanhas do Sul.
Em 25/11/1841, requereu ao imperador o título de "Barão de Santa Maria da Boca do Monte", que foi negado e isso lhe causou grande mágoa.
Quatro meses depois, a 23/04/1842, morria em Porto Alegre. Foi o maior nome nos primeiros anos de existência de Santa Maria e o maior responsável pela sua sobrevivência e evolução como cidade. No requerimento ao imperador ele justificou sua pretensão dizendo-se o fundador da cidade. Durante os anos que aqui residiu, esteve sempre à frente dos interesses da população, lutou pela sua continuidade e contribuiu, fortemente, para o seu desenvolvimento. Na capela que construiu, situada onde hoje se encontra a herma do Cel. Niederauer, deixou sepultada sua primeira esposa.
Anos depois, ao final do século XIX, ao ser demolida essa capela, o material de sua construção serviu para edificar as bases do nosso Theatro Treze de Maio. O marechal Manuel Carneiro da Silva e Fontoura se constituiu no primeiro cidadão de Santa Maria e deve ser considerado seu verdadeiro fundador.