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OPINIÃO: A essência da proposta espírita é a educação do espírito

Em 1857, exatamente nesta data de 18 de abril, portanto, há 161 anos, surgia em Paris, através do lançamento de "O Livro dos Espíritos", uma nova concepção de ver e de entender as coisas, as dores, o mundo, a vida, a morte e, fundamentalmente, Deus. Emergia uma nova visão baseada e assentada na solidez da lógica e da razão. Surgia, então, o Espiritismo, termo criado por Allan Kardec, para diferenciá-lo de espiritualismo. Trazia no seu bojo como seu princípio básico e contrariando os pensadores religiosos de todas as épocas e a própria teleologia, a assertiva de que a natureza das religiões não necessariamente necessita se assentar na fé sem o devido entendimento e sim na necessidade incondicional de entender antes de crer, o que se convencionou chamar de "Fé Raciocinada", uma fé que permanece em constante contato com a razão, isto é, busca sempre um saber mais amplo, argumenta e se questiona sem o medo da culpa ou da ofensa a Deus. Como não poderia deixar de ser, essa nova postura de pensar sobre religião trouxe, e traz, ainda hoje, muitas dificuldades para todos aqueles que aprenderam a ouvir e aceitar, desde crianças, tudo o que lhe dizem a respeito das verdades religiosas, sem nenhum questionamento, motivo pelo qual, não conseguem entender essa revolução conceitual.

Ao contrário desses, no entanto, todos aqueles que procuram novos rumos para as suas vidas, certamente encontrarão nos conceitos espíritas um roteiro seguro para a emancipação do pensamento, pois somente embasados na razão e entendendo aquilo em que acreditamos será possível manter nossa fé de forma consistente e sólida, pela simples razão de que entender no que acreditamos nada mais é do que satisfazer a nossa inteligência e, por via de consequência, a nossa razão. A Doutrina Espírita é constituída de lógica irrefutável, profunda racionalidade e respeito à inteligência humana na medida em que não exige a aceitação da fé sem razão e incentiva os homens a raciocinarem e passar tudo pelo crivo da razão.

Não devemos nunca perder de vista que Deus nos deu um coração, mas também um cérebro para que façamos bom uso dele explorando a capacidade que ele nos dá de raciocinarmos logicamente, pois que, quanto mais crenças sem eira nem beira e verdades impostas são depostas por revelações e descobertas, mais aprendemos a despojar a mente de conceitos preconcebidos e avançar na vida com mais racionalidade. A modernidade, em qualquer época da humanidade, sempre veio acompanhada por descobertas fantásticas e é assim que se dá o progresso do mundo, ainda que aos trancos e barrancos, pois enquanto uns poucos derrubam verdades equivocadas de muitos anos, outros lutam para impedir que novas verdades venham à tona. Felizmente, estamos vivendo em uma época em que a fé cega vai cedendo lugar à fé racional, onde os homens aprendem a compreender Deus com o coração de forma emocional, mas também com a mente, de forma racional, não aceitando, simplesmente, um determinismo imposto pelas tradições religiosas e culturas ao longo dos séculos e que hoje não mais se aplicam aos nossos dias. Ao contrário de outras correntes religiosas, que têm um caráter salvacionista, o Espiritismo, que aniversaria hoje, tem por finalidade divina trabalhar no esclarecimento do ser humano, na iluminação dos sentimentos e na melhoria das características morais do homem, pela simples razão de que a essência da proposta espírita é a educação do espírito.

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