É notório, para quem tem olhos para ver, a popularização do espiritismo entre todas as classes sociais da sociedade, o que faz, por via de consequência, que mais e mais pessoas, e por diversos motivos, procurem as casas espíritas para receber o Passe, independentemente de serem espíritas ou não. O Passe, em verdade, nada mais é do que a transmissão de uma certa quantidade de fluidos espirituais que visam à reposição de energias que auxiliam no reequilíbrio físico e psíquico do ser humano. É importante lembrar que a técnica do Passe pertence aos espíritos superiores, que qualificam e dirigem essas energias conforme a necessidade de cada paciente. Quanto ao médium aplicador, como o próprio nome está a defini-lo, é apenas um instrumento vivo e inteligente da ação espiritual atuando apenas como um doador de fluidos, como se passa no caso de doação de sangue nos hospitais. Não é ele quem opera o tratamento. São os espíritos.
Convém esclarecer, também, que, ao contrário do que muitos pensam, o Passe não é exclusividade do espiritismo, pois o que na Doutrina Espírita é chamado de Passe, em outras denominações religiosas recebe outros nomes como bênção, benzedura, Reik, imposição das mãos etc. O que uma benzedeira faz quando benze alguém, nada mais é do que uma outra maneira de transmitir os fluidos e as boas energias emanadas do plano espiritual. Por sua vez, quando na missa o padre faz o que lá é conhecido por imposição das mãos, ele está, mesmo sem admitir, exercendo o papel de médium, pois que, através dele, a espiritualidade está transmitindo energias provindas do "lado de lá" para o "lado de cá", ou seja, espiritualidade e médiuns, espíritas ou não, independente da forma e da corrente religiosa, unem-se para doar amor em forma de energia, até porque os espíritos evoluídos não têm religião, pois já se conscientizaram que o que realmente interessa é praticar o bem, independentemente de rótulos religiosos, consciência essa da qual estamos ainda muito distante.
Outro esclarecimento importante e que se faz necessário é informar que a prática do Passe, seja nas casas espíritas ou fora delas, é apenas um recurso terapêutico e não um recurso definitivo na medida em que se trata de um instrumento paliativo de melhora, o que significa dizer que o tratamento médico nunca, em nenhuma hipótese, deve ser abandonado ou mesmo relegado a um segundo plano. Já quanto à forma de aplicá-lo, oficialmente, a Doutrina Espírita não prescreve nenhuma metodologia, devendo ser, isso sim, a mais simples possível, evitando-se fórmulas, exageros e gesticulações em torno do paciente. A propósito disso, José Herculano Pires, no seu livro Mediunidade, diz uma das maiores verdades a respeito do Passe. Diz ele: "O Passe é tão simples que não se pode fazer nada mais do que dá-lo".
Nunca devemos perder de vista que o Passe é um instrumento de alívio e de refrigério para nós, enquanto seres ainda muito atrasados na escala evolutiva. Exatamente por isso, não podemos, jamais, esquecer que se não iniciarmos a nossa correção na fonte do nosso mal-estar, exteriorizada através da maledicência, da inveja, do orgulho e de todos os outros males que nos impedem de acelerar o nosso progresso espiritual, o Passe de pouco nos servirá pela simples razão de que ele é um medicamento poderoso que atua sobre o efeito, pois que, a cura da causa dos nossos males depende, exclusivamente, de nós.