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O poeta Paulo Bomfim, meu amigo!

A semana que se vai - escrevo estas linhas no dia 13 de julho - levou-nos João Gilberto, Chico de Oliveira e meu irmão de coração Paulo Bomfim.

Príncipe dos poetas brasileiros, meu confrade na Academia Paulista de Letras (APL), lá chegou em 1963, onde há de permanecer para sempre.

Poeta, encantou-me desde a mocidade, anos depois como amigo. Especialmente a minha mulher, que guarda, carinhosamente, uma cópia do seu discurso de posse na APL, no dia 23 de maio de 1963. Cinquenta anos após estivemos, ela e eu, em um inesquecível almoço em seu apartamento, em 11 de dezembro de 2013.

A poesia o enlaçava desde a infância. Seu primeiro poema - O caminheiro e a sombra - ele escreveu ainda bem menino. Desde então, ao lado de amigos que frequentavam a casa de seus pais. Especialmente Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Cassiano Ricardo.

Estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em um lindo poema - Aos moços de 43 - afirma que as Velhas Arcadas abençoam "[e]sta chama que é chamada/Santa senha - Liberdade".  Mais, uma das nossas trovas acadêmicas é obra sua. E seu nome lá está, no nosso pátio, em uma placa ali instalada no dia 25 de outubro de 2017.

Falávamo-nos inúmeras vezes sobre os encantos da nossa vida. Um dia visitamos Erwin Theodor Rosenthal, nosso confrade, dias antes de sua partida para o céu. Fafá conosco. A namorada que, como ele dizia, devolveu-lhe a mocidade. 

Contava-me histórias maravilhosas, qual - como lembrei aqui mesmo, na edição de 9 e 10 de setembro de 2017 - a de Louis Blanc que, fugido da França, esteve com Venâncio Aires nas velhas Arcadas do Largo de São Francisco. Gaúcho por opção, nascido em Itapetininga, São Paulo, Venâncio era um formidável abolicionista que gritava pela República desde a nossa terra.

Conversávamos sobre coisas e pessoas. Um dia, contei-lhe do meu encontro com Augusto Meyer no Instituto Nacional do Livro, pelas mãos de Manuel Bandeira e ele relembrou momentos formidáveis nos quais estiveram juntos. Com ele e Álvaro Moreyra, presença eterna ao nosso lado. Ainda que eu nunca tenha estado pessoalmente junto ao Alvinho, como hão de tê-lo chamado quando chegou ao céu.

Uma saudade imensa do Paulo toma conta de mim.  Tomo alguns livros seus em minhas mãos, cá em Tiradentes, onde estou. A frustração que sinto por não ter comigo seu Antônio Triste, pela edição do qual recebeu o Prêmio Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras, é porém superada por conta do que afirmou em uma entrevista concedida ao José Renato Nalini, também nosso confrade na APL, uns dias antes de partir: "Eu me sinto realizado por ser da Academia Paulista de Letras! Não quero nada mais!". Isso é tudo, meu Amigo!

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